sábado, 3 de outubro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Comunidade de pessoas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
430. Todos são chamados
Jesus, em seu evangelho, não fez distinção de pessoas. Se excluiu certas pessoas, foi quem não queriam acolhê-lo devido ao orgulho. Todos são chamados a fazer parte do povo de Deus e ser membro de seu corpo. Privilegiou os pobres, humildes e pecadores porque eram abertos. Quem era humilde, mesmo sendo de posição social superior, foi acolhido, como é o caso de Nicodemos. O chamamento é para todos. Vemos ao lado de Jesus, como discípulos seus, mulheres que na sociedade eram de categoria inferior, crianças que não eram contadas, jovens, pobres iletrados e desprezados pelos donos da sociedade e da religião (essa gente suja que não conhece a lei, é maldita, diziam). O povo estava feliz porque Ele falava como quem tem autoridade, não como os escribas (Mt 7,29). Sua palavra era dirigida a todos, era popular e falava de coisas que o povo queria ouvir; falava das coisas deles. Jesus tratava a todos com igualdade, por isso se sentiam chamados, pois não havia barreiras. Não havia barreira nem no pensamento, pois todos o entendiam. Não havia barreira para o contato pessoal; todos procuravam tocá-lo, pois dele saia uma força que curava a todos (Lc 6,19). Era um chamamento muito claro a buscá-lo. Vemos o caso da pecadora que O toca lavando-lhe os pés com as lágrimas e enxugando com os cabelos, beijando e ungido com perfumes (Lc 7,38). Era um chamamento. As mães traziam crianças. Mas os discípulos as enxotavam. Jesus dizia-lhes: deixai vir a mim os pequeninos... então, abraçando-as abençoou-as, impondo as mãos sobre elas (Mc 10,13-16). Esse gesto de Jesus deve ter conquistado todas as mães. O chamamento não consiste só em palavras, mas também atitudes. Todos são chamados a fazer parte da comunidade. A espiritualidade será acolher o chamado e decidir-se a fazer parte dessa comunidade.
431. Crescendo juntos
O individualismo que domina o coração das pessoas invadiu o campo da espiritualidade. Chegou-se a estabelecer um modo de vida na comunidade completamente desligado das pessoas. Um dos livros de espiritualidade que mais sucesso fez, a Imitação de Cristo chegou a dizer: “Quanto mais fui para o meio dos homens, menos homem eu voltei”. A pessoa humana tornou-se empecilho para o encontro com Deus. Os santos não fizeram assim. Foram profundamente humanos. Por isso, a vida de comunidade é um convite constante para crescermos juntos. Crescer juntos é viver juntos. Viver juntos significa colocar a vida em comum, de modo particular a vida espiritual. Um ajudando o outro a buscar os caminhos de Deus. A comunidade proporcionará meios para que os discípulos se ajudem- no crescimento humano e espiritual. Isso edifica a espiritualidade.
432. Santidade em comum.

            O modo como vivemos a fé não corresponde ao modo como Jesus vivia e ensinava. Os discípulos viam Jesus falar com o Pai e pediam que lhes ensinasse. Estavam juntos na pesca e juntos na busca do Senhor. Na solidão espiritual que vivemos, não compartilhamos nossos sofrimentos espirituais, não partilhamos as riquezas de dons e experiências espirituais que vivemos, não nos corrigimos mutuamente quando erramos os caminhos. Somos realmente críticos com respeitos aos outros, não diretamente com as pessoas. Isso nos faz menores e destruímos os outros. Quando vamos nos estimular, como diz o profeta: “Conhece o Senhor!”? Se amarmos de fato a Deus, seguramente faremos esse caminho juntos. É uma prova de que nosso amor a Deus é pequeno e nos faz adultos. Quando Deus fizer parte de nossos assuntos de cada dia, será diferente.

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