terça-feira, 6 de outubro de 2015

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegrai-vos! Encontrei a ovelha perdida”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Parábolas da alegria divina
            A missão de Jesus tem por destinatários os abandonados. Todos são convocados, mas a predileção de Jesus é por aqueles que, por si mesmos, não podem ir em busca dos bens da redenção. São as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10,6). Os fariseus, vendo os publicanos e pecadores se aproximarem de Jesus para ouvi-lo, criticam duramente: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles” (Lc 15,2). Fazer refeição era entrar em comunhão. “Os fariseus não admitiam os impuros à mesa, pois jantar com os impuros é se contaminar e se tornar, com isso, ‘inimigo de Deus”’ (Pe. José Bortolini). No pensamento desses importantes fariseus e mestres na lei, os pensadores religiosos, Ele era um fora da lei. Embora fosse muito observante da lei, não interpretava a lei como eles. Jesus conta, então, as três parábolas dos perdidos: ovelha, moeda e o filho perdido, para mostrar o pensamento do Pai a respeito dessa sua atitude. O pastor deixa no deserto as 99 e vai em busca da ovelha que se desgarrou. A ovelha fora do rebanho é totalmente impotente e não se resolve. O pastor põe em risco 99% do rebanho para salvar 1%. É muito ousado. E quanto fica feliz quanto encontra a ovelha! Quanto maior é a miséria, maior é a misericórdia de Deus. Entre nós há muitos resquícios de farisaísmo. Estamos cultivando o mesmo sistema de puro e impuro. As pessoas pensam que Deus age porque somos bons e merecemos. Para conosco Deus age com sua bondade misericordiosa e não como um pagador de nossos bons esforços. Como Deus somos chamados a buscar o frágil.
Aprendendo com Deus
            Deus sabe perdoar e buscar os perdidos. Ele não é como o irmão do filho que saíra de casa, se perdera, e é acolhido com tanto entusiasmo pelo pai. O pai da parábola e o pastor da ovelha são imagens do Pai do Céu. Jesus, para exercer essa misericórdia do Pai, se mistura e faz comunhão com os pecadores. É solidário. O pai, mesmo deixando o filho partir, não o tira de seu coração. Sempre está à espera. Quando o vê voltando todo arrebentado, sente compaixão. Esse é o sentimento de Deus para conosco, sobretudo para com os sofredores. O Pai não cobra, restitui toda a bela vida que o Filho tinha antes. E nós temos a idéia de um Deus que é justo e cobra todos os centavos de nossa dívida. O filho mais velho recusa-se até a continuar sendo irmão, pois diz: “esse teu filho”. O pai lhe devolve a fraternidade dizendo: “esse teu irmão”. Um pecador que se converta vale a fidelidade de tantos que não precisam de conversão. Pior quando não crescem mais.
Salvos pela misericórdia
Hoje na Igreja temos de pensar em ter mais misericórdia de tantos que vivem situações insolúveis. Será que Jesus os condenaria? Não é o caso também de repensar nossas atividades pastorais e deixar um pouco de lado “as ovelhas sadias” para buscar as perdidas? Não é o caso de essas ovelhas que já se criaram e se garantiram na fé se dedicarem mais aos necessitados? Paulo diz que foi salvo por misericórdia. Como já recebemos a misericórdia, alegremo-nos com o filho que volta. A atitude dos fariseus é condenada por Jesus. Deus não é assim: Ele é o Pai que ama e salva os filhos. Precisamos de uma Igreja que suje as mãos e se comprometa com os necessitados. Do contrário, somos contrários ao evangelho de Jesus. Uma religião voltada só para si e seus costumes não passou ainda para a mentalidade de Jesus. Cada celebração eucarística é um eco feliz da alegria do Pai que acolhe todos os filhos perdidos. Nossa Igreja tem portas abertas. 

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