PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Parábolas
da alegria divina
A missão de Jesus tem por
destinatários os abandonados. Todos são convocados, mas a predileção de Jesus é
por aqueles que, por si mesmos, não podem ir em busca dos bens da redenção. São
as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mt 10,6). Os fariseus, vendo os
publicanos e pecadores se aproximarem de Jesus para ouvi-lo, criticam
duramente: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles” (Lc 15,2).
Fazer refeição era entrar em comunhão. “Os fariseus não admitiam os impuros à
mesa, pois jantar com os impuros é se contaminar e se tornar, com isso, ‘inimigo
de Deus”’ (Pe. José Bortolini). No pensamento desses importantes fariseus e
mestres na lei, os pensadores religiosos, Ele era um fora da lei. Embora fosse
muito observante da lei, não interpretava a lei como eles. Jesus conta, então, as
três parábolas dos perdidos: ovelha, moeda e o filho perdido, para mostrar o pensamento
do Pai a respeito dessa sua atitude. O pastor deixa no deserto as 99 e vai em
busca da ovelha que se desgarrou. A ovelha fora do rebanho é totalmente
impotente e não se resolve. O pastor põe em risco 99% do rebanho para salvar 1%.
É muito ousado. E quanto fica feliz quanto encontra a ovelha! Quanto maior é a
miséria, maior é a misericórdia de Deus. Entre nós há muitos resquícios de
farisaísmo. Estamos cultivando o mesmo sistema de puro e impuro. As pessoas
pensam que Deus age porque somos bons e merecemos. Para conosco Deus age com
sua bondade misericordiosa e não como um pagador de nossos bons esforços. Como
Deus somos chamados a buscar o frágil.
Aprendendo
com Deus
Deus sabe
perdoar e buscar os perdidos. Ele não é como o irmão do filho que saíra de
casa, se perdera, e é acolhido com tanto entusiasmo pelo pai. O pai da parábola
e o pastor da ovelha são imagens do Pai do Céu. Jesus, para exercer essa
misericórdia do Pai, se mistura e faz comunhão com os pecadores. É solidário. O
pai, mesmo deixando o filho partir, não o tira de seu coração. Sempre está à
espera. Quando o vê voltando todo arrebentado, sente compaixão. Esse é o
sentimento de Deus para conosco, sobretudo para com os sofredores. O Pai não
cobra, restitui toda a bela vida que o Filho tinha antes. E nós temos a idéia
de um Deus que é justo e cobra todos os centavos de nossa dívida. O filho mais
velho recusa-se até a continuar sendo irmão, pois diz: “esse teu filho”. O pai
lhe devolve a fraternidade dizendo: “esse teu irmão”. Um pecador que se
converta vale a fidelidade de tantos que não precisam de conversão. Pior quando
não crescem mais.
Salvos
pela misericórdia
Hoje na Igreja temos de pensar em ter mais
misericórdia de tantos que vivem situações insolúveis. Será que Jesus os
condenaria? Não é o caso também de repensar nossas atividades pastorais e
deixar um pouco de lado “as ovelhas sadias” para buscar as perdidas? Não é o
caso de essas ovelhas que já se criaram e se garantiram na fé se dedicarem mais
aos necessitados? Paulo diz que foi salvo por misericórdia. Como já recebemos a
misericórdia, alegremo-nos com o filho que volta. A atitude dos fariseus é
condenada por Jesus. Deus não é assim: Ele é o Pai que ama e salva os filhos.
Precisamos de uma Igreja que suje as mãos e se comprometa com os necessitados.
Do contrário, somos contrários ao evangelho de Jesus. Uma religião voltada só
para si e seus costumes não passou ainda para a mentalidade de Jesus. Cada
celebração eucarística é um eco feliz da alegria do Pai que acolhe todos os
filhos perdidos. Nossa Igreja tem portas abertas.
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