PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O
apóstolo vive da fé
A veneração dos dois apóstolos,
Pedro e Paulo, é comprovada desde os tempos primitivos da Igreja, tanto nos
textos litúrgicos como nas memórias arqueológicas. O afeto dos cristãos por
esses homens era muito grande. Durante muito tempo, a única “romaria” que se
fazia era para suas tumbas. Sobre essas tumbas o imperador Constantino
construiu em Roma duas grandes basílicas: a basílica de São Pedro e a de São
Paulo. Já se tem a certeza que são seus túmulos. No túmulo de Pedro
encontraram-se ossos de um homem forte de 60 anos. O túmulo de Paulo foi
comprovado recentemente, mas o sarcófago ainda não foi aberto. Por que esse
interesse dos cristãos? Reconhecem neles a pedra sobre a qual se edificou a
Igreja. Pedro edificou a Igreja sobre “herança de Israel” e Paulo anunciou o
evangelho às nações (como reza o prefácio). A fé não se refere somente às
palavras que disseram, mas à vida que edificaram dentro de si mesmos. Pedro
fala com a vida: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16,16). Essa
palavra foi-lhe dada pelo Pai. Paulo, no final de sua carreira, resume sua vida
em poucas palavras: “Combati o bom combate, completei a corrida e guardei a fé”
(2Tm 4,7). Por que a importância da pessoa humana? Como o Filho de Deus se
manifestou concretamente na pessoa humano-divina Jesus, assim também a fé não
pode seguir somente um caminho intelectual, mas o caminho da humanidade. Ela
passa pela mediação de pessoas concretas. Podemos lembrar que, no batismo de
crianças, perguntamos: “Quereis que essa criança seja batizada na fé que
acabais de professar?” Quanto lhe tirarmos essa dimensão humana, correremos o
risco de perder sua divindade. Essa fé que os edificou em Cristo animou-os em
seu ministério. A força de anunciar provinha de sua força de fé. Ela é a mesma
de cada fiel que segue Cristo.
Caminho
com Cristo
É
impressionante a vitalidade apostólica desses dois homens, como também dos
outros apóstolos. Pedro é um homem simples e espontâneo. Paulo é instruído e
mestre. Ambos, diferentes entre si, e por caminhos diversos, deram-se o abraço
como expressão de caminharem juntos com o mesmo Cristo. Não pregaram a si. Apaixonados
por Cristo transmitiram aos convertidos o mesmo entusiasmo por Ele e pela
comunidade, como rezamos na oração pós-comunhão: “Concedei-nos viver de tal
modo na vossa Igreja que, perseverando na fração do pão, na doutrina dos
apóstolos e enraizados no vosso amor, sejamos um só coração e uma só alma”. O
grande pregador é aquele que anuncia Cristo e conduz à comunidade. Nas
circunstâncias do início da Igreja, sem estruturas, com poucos textos do
evangelho à mão, eles puderam anunciar Jesus, conduzir à fé, formar as
comunidades e dar o impulso missionário aos convertidos. É sua adesão a Cristo
que os conduzia pelo Espírito. Cada cristão tem a mesma missão e possibilidade.
Unidos
a Cristo em seu sofrimento
Toda a sua grandeza não os livra do
sofrimento e da morte. Pedro sofre a prisão e risco de vida. Paulo conta as
muitas vezes que sofreu perseguições, perigos, naufrágio etc... (2Cor 11,26) e
até o abandono dos irmãos (2Tm 4,16). Afirma que foi “libertado da boca do
leão” (17). Aconselha a Timóteo: “Lembra-te de Jesus Cristo [...] pelo qual eu
sofro, até às cadeias como malfeitor” (2Tm 2,8-9). Pedro, igualmente, já
preparado para ser sacrificado, algemado, vigiado, é libertado pelo Anjo (At
12,1-11 – leitura do dia). Sua vida de fé está apoiada em Cristo, pedra viva.
Por isso podem edificar a Igreja. Nós também somos pedras vivas (1Pd 2,5). Com
eles formamos o grande edifício da Igreja que continua sua missão e com amor os
celebra. Jesus diz a Pedro: “Confirma teus irmãos” (Lc 22,32)
Nenhum comentário:
Postar um comentário