PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
O Senhor virá!
O tempo do Advento, que
iniciamos nesse domingo, traz o tema da vigilância. Não sabemos quando o Senhor
virá, por isso é preciso estar vigilante “para que não suceda que vindo de
repente, nos encontre dormindo” (Mc 13,36). Os primeiros cristãos acreditavam
na vinda eminente de Cristo. Paulo chega a pensar que alguns ainda estarão
vivos 1Ts 4,17)
Mas o tempo passou e começaram a descuidar-se. Podemos dizer o mesmo de
nós: estamos adormecidos como se o ensinamento da vigilância não se referisse a
nós. Pelo fato de Jesus dizer que se deve estar acordado, tem-se a impressão
que a vinda vai ser à noite, tanto que houve a tradição da vigília – oração
durante a noite - justamente para não sermos encontrados dormindo. Mas o sono
que não pode tomar-nos é o peso da alma. Não precisamos ter medo do fim de
mundo como fazem alguns. Mas devemos procurar ter uma vida densa e cheia de
sentido. Se Jesus vier de um momento para o outro, estamos prontos para ir a
seu encontro, pois vivemos a fé. Mais importante ainda é ir ao encontro do
Senhor que se manifesta de tantos modos e em tantos lugares. Ter o senso de
Deus leva-nos a encontrá-lo sempre vindo a nosso encontro. É preciso dormir com
um olho aberto e estar atentos. É gostoso ver a presença do Senhor nas pessoas,
nos acontecimentos, na Palavra, na celebração. Atentos, nós O vemos com os olhos da fé que vêem mais longe.
Oh! Se rompesses os céus!
Na
antiga liturgia do Advento, antes da reforma, não havia a acentuação da 2ª
vinda, mas só da vinda no Natal. Cantava-se uma bela antífona: “Choveu, ó céus,
o orvalho lá das alturas. Abra-se a terra e brote o salvador”. Era o grito do
mundo pela vinda de Deus. A leitura de Isaías (62-64), desse primeiro domingo
do Advento, traz-nos esse lamento: “Oh! Se rompesses os céus e descesses!”
(63,19). Esse grito tão cheio de ansiedade reflete a súplica da humanidade por
um Redentor. Deus deu às pessoas a possibilidade de escolher os caminhos e
responder de acordo com seu coração. Na situação de necessidade, por ter se
extraviado e ser consciente de sua culpa, clama: “Como nos deixastes andar
longe de teus caminhos e endurecestes nossos corações para não termos o teu
temor?” (Is 63,17). Todos nós nos tornamos imundície e todas as nossas boas
obras são como um pano sujo; murchamos como folhas” ... “Vós nos entregastes à
mercê de nossa maldade” (Is 63,5). Esse
grito lamentoso reflete o coração da humanidade que sofre por suas próprias
loucuras.
Fostes enriquecidos em tudo
Se por um lado há uma
situação dolorosa no ser humano, há também uma riqueza sem comparação em Cristo
Jesus. “Fostes enriquecidos em tudo, em toda a palavra e em todo o conhecimento
à medida que o testemunho de Cristo se confirmou em vós ... não tendes falta de
nenhum dom”. Essa riqueza de graça é a descoberta de Deus em nosso meio. Ser
atento é ver a riqueza dos dons de Deus. Vivê-la é deixar-se modelar por Deus.
Isaias complementa: “Tu és nosso Pai e nós somos o barro, Tu nosso oleiro, e
nós todos, obra de tuas mãos” (64,7). Iniciando
este Advento nós nos voltamos para o fim dos tempos que acontece a cada momento
dentro de nós, e também para o tempo que foi o fim da espera. Ele veio no Natal
e permanece como habitante em nosso meio e em nosso coração
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