PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1501. Uma Igreja que aprende
O sábio não é aquele que muito sabe, mas
aquele que sabe aprender sempre. O mesmo aplicamos à Igreja “que discípula e
missionária, tem necessidade de crescer na interpretação da Palavra revelada e
na compreensão da verdade”, escreveu o Papa Francisco na Evangelii Gaudium 40.
A Igreja é como uma árvore, dizia Pe. Vitor Coelho. O tronco cresce se tiver os
galhos novos. Ela não é de bronze, pois esse enferruja. Aprendemos dos pensadores
que amam a verdade e ajudam “a amadurecer o juízo da Igreja” (DV
12).
Os teólogos têm o ministério de ajudar a refletir. As ciências ajudam no
cumprimento da missão do Magistério, disse S. João Paulo II. “As diversas linhas
de pensamento, se se deixam harmonizar pelo Espírito no respeito e no amor,
podem fazer crescer a Igreja enquanto ajudam a explicitar melhor o tesouro
riquíssimo da Palavra” (EG 40). É a capacidade
de abertura. As mudanças culturais não mudam a fé, mas mudam o modo de
compreender melhor a fé aprofundando seu conhecimento. João XXIII, nosso
querido santo, diz ao abrir o Concílio Vaticano
II (11.10.1962): “Uma coisa é a substância... outra é a formulação que a
reveste”. A linguagem deve sempre expressar com exatidão a fé. A linguagem mal
usada pode negar ou prejudicar a verdade. A fé é a mesma, mas crescemos na sua
compreensão, guiados pelo Espírito. Papa Francisco em sua humildade mostra que
a sabedoria é estar aberto para aprender. Assim pode ensinar.
1502. Crescendo na fé.
Não
se pode confundir fé com determinada cultura. As culturas não podem dominar a
fé de modo que ela não produza o bem. A preocupação é transmitir a substância
da fé, não somente um tipo de linguagem. É preciso ser fiel à substância do
Evangelho. João Paulo II ensinou “A expressão da verdade pode ser multiforme. E
a renovação das formas de expressão torna-se necessária para transmitir ao
homem de hoje a mensagem evangélica em seu significado imutável” (Ut
Unum sint, 19).
O crescimento na fé estimula sempre a uma melhor explicação. O que nos leva a
crescer na fé “é compreender seu aspecto de cruz e certa obscuridade que não
tira firmeza a sua adesão”. Este aspecto de exigência é contrário ao pensamento
da sociedade atual que prioriza outros valores que são estranhos ao Evangelho.
Essa opção pelo seguimento de Jesus tomando a cruz (não da dor) é causa de
crescimento na fé e no amor. A adesão não é somente a um corpo de doutrina, mas
é uma atitude de vida. Há modos de compreender a vida cristã que foram bons em
um tempo, mas evoluíram. O que era bom ontem pode não ser hoje. Podemos citar,
por exemplo, as penitências físicas prejudiciais à saúde. S. Tomás diz que os
preceitos dados por Cristo são pouquíssimos. Há coisa que foram criadas em um
tempo e podem ou devem mudar.
1503. Direito de crescer
Nosso povo tem
uma carência muito grande de formação religiosa. Graças a Deus a catequese e
outros meios ajudam. Ninguém cresce aos saltos. É lento. Temos muitos meios de
formação que ajudam nesse crescimento. Falta interesse em se formar e pouco
interesse de fazer das comunidades escolas permanentes de formação. As
celebrações litúrgicas dos sacramentos, as homilias, os grupos de reflexão e de
oração são momentos importantes. Os bispos dos primeiros tempos eram os grandes
catequistas das comunidades. O mesmo devíamos dizer dos padres atuais.
Precisamos nos formar e ter meios para formar o povo. Com a formação
fortalecemos a fé. A fé esclarecida é um instrumento de renovação da sociedade
e fortalecimento dos fiéis que são os formadores de opinião.
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