terça-feira, 16 de dezembro de 2014

A PORTA FICAVA SEMPRE ABERTA

PADRE CLÓVIS DE JESUS
BOVO CSsR
Uma jovem, seduzida pelas más companhias, ofendeu gravemente sua mãe viúva e sumiu no mundo. Daquele dia em diante a mãe nunca mais fechou a porta da casa. Passado muito tempo, a moça voltou arrependida e procurou a casa da mãe. Era no lusco-fusco da tarde. A casa estava lá, no mesmo cantinho da rua, um tanto abandonada e... a porta aberta. Não quis bater. Estava receosa, pensando: Essa porta aberta... Esse ar de abandono da pobre casinha... Será que minha mãe está aí dentro... ou... já se foi? Entrou devagar, pé ante pé, como que apalpando tudo. Um silêncio sepulcral. Chegou até a cozinha... O fogão apagado... E sua mãe rezando o terço: 
- Minha filha, você voltou!... 
O encontro foi emocionante. Quantos abraços! Quantos pedidos de perdão! Lá pelas tantas, ao tomar um café feito na hora, perguntou: 
- Mamãe, desculpe se fui entrando sem bater.Mas...por que a senhora deixa a porta aberta? Não é perigoso? 
- Minha filha, desde que você saiu, fiquei rezando por você, e com a porta sempre aberta. Eu sabia que você voltaria. Quando você voltasse, podia ser noite alta, podia ser que eu estivesse doente, de cama ou no fundo do quintal. E você poderia sentir-se acanhada... Por isso ficava sempre aberta. Era só chegar e entrar. 
Ambas se abraçaram de novo e se beijaram com efusão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário