Celebramos
no meio da Quaresma um domingo diferente, um domingo alegre, chamado ‘Laetare =
alegrai-vos! Ele nos faz ver os primeiros clarões da festa da Páscoa. A oração
da missa convida-nos a “correr ao encontro das festas que se aproximam cheios
de fervor e exultando de fé”. Este domingo apresenta também a temática
quaresmal de preparação para o batismo. É chamado o domingo do cego de
nascença. Jesus faz um milagre que é símbolo do batismo. É a Iluminação. Aquele
que se prepara para o batismo é iluminado pela luz de Cristo que é a Luz.
Notamos que o cego não pede para ser curado não conhece Jesus nem sabe de seus
milagres. Vemos assim que a cura dos olhos que simboliza o dom da fé é
gratuita. A iluminação leva ao ato de fé. Ele não conhecia Jesus nem soubera
quem o curara. Jesus fez lama com saliva e barro e passou nos olhos dele
mandando que fosse se lavar na fonte chamada Siloé, que quer dizer enviado. Ele
é o Enviado de Deus que lava os olhos para enxergar pela fé. Encontrando-o
Jesus lhe pergunta: “‘Acreditas no Filho do Homem?’ Respondeu ele: ‘Quem é,
Senhor, para que eu o creia Ele?’ Jesus lhe disse: ‘ Tu o estás vendo; é aquele
que fala contigo!’ Ele exclamou: ‘Eu creio, Senhor’”! Antes de curar o cego,
Jesus se declara luz do mundo (Jo 9,8). A cura do cego simboliza que a cegueira
que impede acreditar em Jesus pode ser curada na medida em que se acolhe sua
pessoa, como enviado do Pai: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará
nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). Ele diz a verdade e tem como
testemunha o Pai (8,18). O fechamento e a recusa dos fariseus vem da
auto-suficiência. Jesus afirma: “Eu vim ao mundo para que os que não enxergam
vejam e os que vêem tornem se cegos” (9,39). Afirmando que vê, sendo cego – não
iluminado por Cristo, permanece no pecado que é a cegueira.
Agora sois luz no Senhor
Ao sermos
batizados somos iluminados e nos tornamos “Luz no Senhor” (Ef 5,8). Essa
iluminação torna-se um modo de vida: “Vivei como filhos da Luz” (8). A luz tem
seus frutos: bondade, justiça, verdade (5,9). No caminho batismal, recebemos a
água viva (vimos domingo passado) e somos iluminados e nossa vida transparece
essa iluminação. É a vida nova vinda da Vida que é Cristo (veremos domingo que
vem). Vivei como filhos da luz, ensina S.Paulo. A Quaresma, sendo memória de
nosso batismo, conduz-nos à renovação de nossa vida de fé. Nossa luz deve
resplandecer.
Deus vê o
coração.
Jesus
é o Ungido de Deus. Davi foi ungido por Samuel para ser rei no lugar de Saul
que fracassara. É escolhido entre os filhos de Isaí. Não foi a estatura nem a
bela aparência que impressionaram a Deus nessa escolha. “O homem vê as
aparências, Deus vê o coração” (1 Sm 16,7). Davi era jovem e de belos olhos.
Lembramos que Golias, quando o vê, despreza-o ( ). Ele se torna o ungido do Senhor. Assim
também o Senhor vê nosso coração e nos unge para uma missão de ser luz. Vivendo
como filhos da Luz, somos luz para os que nos cercam. São Leão Magno diz aos
batizados: Cristão, reconhece tua dignidade. O que recebemos no batismo nos une
de tal modo ao Senhor Jesus, que assumimos sua missão.
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