Evangelho segundo S. Mateus 14,13-21.
Naquele
tempo, quando Jesus ouviu que João Baptista tinha sido morto, retirou-Se dali
sozinho num barco, para um lugar deserto; mas o povo, quando soube, seguiu-O a
pé, desde as cidades. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e, cheio
de misericórdia para com ela, curou os seus enfermos. Ao entardecer, os
discípulos aproximaram-se dele e disseram-lhe: «Este sítio é deserto e a hora já
vai avançada. Manda embora a multidão, para que possa ir às aldeias comprar
alimento.» Mas Jesus disse-lhes: «Não é preciso que eles vão; dai-lhes vós
mesmos de comer.» Responderam: «Não temos aqui senão cinco pães e dois
peixes.» «Trazei-mos cá» disse Ele. E, depois de ordenar à multidão que
se sentasse na relva, tomou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao
céu e pronunciou a bênção; partiu, depois, os pães e deu os aos discípulos, e
estes distribuíram-nos pela multidão. Todos comeram e ficaram saciados; e,
com o que sobejou, encheram doze cestos. Ora, os que comeram eram uns cinco
mil homens, sem contar mulheres e crianças.
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Atanásio (295-373), bispo de
Alexandria, doutor da Igreja
24ª Carta para a festa da Páscoa
«Um lugar deserto, afastado»
Todos os santos tiveram de fugir da porta
larga e do caminho espaçoso (Mt 7,13), vivendo a virtude em lugar deserto:
Elias, Eliseu […], Jacob. […] O deserto é o abandono da agitação da vida, que
proporciona ao homem a amizade com Deus. Abraão, quando saiu da terra dos
caldeus, foi chamado «amigo de Deus» (Tg 2,23). Também o grande Moisés, quando
saiu da terra do Egipto, […] falou com Deus face a face, foi salvo das mãos dos
seus inimigos e atravessou o deserto. Todos eles são a imagem da saída das
trevas para a luz admirável, e da subida para a cidade que está no céu (Heb
11,16), a prefiguração da verdadeira felicidade e da festa eterna.
Quanto a nós, temos connosco a realidade que foi anunciada por
sombras e símbolos, isto é, a imagem do Pai, nosso Senhor Jesus Cristo (Col
2,17; 1,15). Se O recebermos como alimento em todos os momentos, e se marcarmos
com o seu sangue as portas da nossa alma, seremos libertos dos trabalhos do
Faraó e dos seus inspectores (Ex 12,7; 5,6ss). […] Agora, encontrámos o caminho
para passar da terra ao céu. […] No passado, por intermédio de Moisés, o Senhor
precedia os filhos de Israel numa coluna de fogo e numa espessa nuvem; agora,
Ele próprio nos chama dizendo: «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba; daquele
que crê em Mim sairão rios de água viva, que jorra para a vida eterna» (Jo
7,37ss).
Portanto, que cada um se prepare com um desejo ardente de
ir a esta festa; que escute o chamamento do Salvador, porque é Ele que nos
consola a todos e a cada um em particular. Que aquele que tem fome venha a Ele:
Ele é o verdadeiro pão (Jo 6,32). Que aquele que tem sede, venha a Ele: Ele é a
fonte de água viva (Jo 4,10). Que o doente venha a Ele: Ele é o Verbo, a Palavra
de Deus, que cura os doentes. Se alguém está sobrecarregado pelo peso do pecado
e se arrepende, que se refugie a seus pés: Ele é o repouso e o porto de
salvação. Que o pecador tenha confiança, porque Ele disse: «Vinde a Mim, vós
todos que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei» (Mt 11,28).
Nenhum comentário:
Postar um comentário