PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Deus
Libertador, porque ama.
No tempo da Quaresma nós nos referimos muito
à história do povo de Deus em sua libertação da escravidão no Egito. Lemos
neste tempo o livro do Êxodo que é a narrativa da libertação. A libertação que
Jesus realiza com sua morte e ressurreição é uma libertação de uma realidade de
escravidão para uma aliança com Deus, isto é, uma intimidade simbolizada por
uma terra onde corre leite e mel (Ex. 3,8). A libertação não foi só um fato
político, mas uma vontade divina de interferir como o Deus que está junto de
seu povo. Quando Moisés pergunta seu nome (Ex.3,13-14), Deus responde : “Eu Sou
aquele que sou”. É um nome que significa: sou o Deus que estou com o povo,
caminha junto, se interessa por seus sofrimentos e toma uma atitude concreta de
libertação. Este é o Deus de Jesus. É o Deus da misericórdia que sente as dores
do povo e se compromete com aliança de sangue. Jesus também diz: “tenho
compaixão deste povo” e realiza todos os milagres para sua libertação. Dá sua
vida para que “tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10).
Convite
à conversão
O processo de libertação implica que Deus age
por puro amor. O povo tem dificuldades de aceitar o caminho da liberdade, mesmo
vendo milagres e não soube corresponder e morreu. É um exemplo para nós. Deus,
tantas vêzes acusa este povo de ter uma cabeça dura e se reusa a atender.
Chegam a preferir a escravidão do Egito só porque lá havia panelas de carne com
cebola (Nm 11,5). Não basta receber os milagres de Deus. É preciso converter-se
a Deus e ao seu caminho. Jesus, referindo-se aos que foram acidentados (Lc
13,1-4), diz: “se não vos converterdes perecereis do mesmo modo”. Não ha nem maior nem menor pecado, existe a
falta de conversão. Muitos dizem: “Eu não tenho pecado”. Pode ser até que não
tenham nada de errado, mas não têm conversão. Conversão é um processo afetivo e
nasce do amor. Se não convenço sobre o amor, não posso conseguir uma mudança de
vida, como ensinava Santo Afonso. Nós os padres, ao insistindo sobre um erro,
condenamos o pecado, mas não ensinamos com empenho que só o amor converte. Deus
liberta o povo por amor, e é por amor que assumimos a libertação.
Deus
paciente.
Na parábola da figueira estéril, em lugar de
cortá-la imediamente, o hortelão pede mais tempo e promete um adubo para ver se
ainda produz. Do contrário a cortará. Deus é paciente e dá tempo para a gente
fazer a longa caminhada no deserto da vida. Se não caímos nos erros de nossos
antepassados e produzimos fruto, realiza-se em nós a Páscoa de Jesus que salva,
conduz à aliança com Deus e seu povo e dá a vida eterna e feliz. Deus entende o
sofrimento que o pecado produz em nós, por isso quer nossa conversão e se
empenha dando-nos os recursos preciosos do sangue de seu Filho. Mas espera
colaboração. Milagres são bons, mas nem sempre resolvem. O maior milagre é
transformar o coração de pedra em coração de carne, capaz de entender a Deus. A
água que saiu do lado de Cristo purifique, lave e fecunde nossa vida.
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