terça-feira, 8 de abril de 2014

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu vi a aflição de meu povo”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
Deus Libertador, porque ama.
No tempo da Quaresma nós nos referimos muito à história do povo de Deus em sua libertação da escravidão no Egito. Lemos neste tempo o livro do Êxodo que é a narrativa da libertação. A libertação que Jesus realiza com sua morte e ressurreição é uma libertação de uma realidade de escravidão para uma aliança com Deus, isto é, uma intimidade simbolizada por uma terra onde corre leite e mel (Ex. 3,8). A libertação não foi só um fato político, mas uma vontade divina de interferir como o Deus que está junto de seu povo. Quando Moisés pergunta seu nome (Ex.3,13-14), Deus responde : “Eu Sou aquele que sou”. É um nome que significa: sou o Deus que estou com o povo, caminha junto, se interessa por seus sofrimentos e toma uma atitude concreta de libertação. Este é o Deus de Jesus. É o Deus da misericórdia que sente as dores do povo e se compromete com aliança de sangue. Jesus também diz: “tenho compaixão deste povo” e realiza todos os milagres para sua libertação. Dá sua vida para que “tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10).
Convite à conversão
O processo de libertação implica que Deus age por puro amor. O povo tem dificuldades de aceitar o caminho da liberdade, mesmo vendo milagres e não soube corresponder e morreu. É um exemplo para nós. Deus, tantas vêzes acusa este povo de ter uma cabeça dura e se reusa a atender. Chegam a preferir a escravidão do Egito só porque lá havia panelas de carne com cebola (Nm 11,5). Não basta receber os milagres de Deus. É preciso converter-se a Deus e ao seu caminho. Jesus, referindo-se aos que foram acidentados (Lc 13,1-4), diz: “se não vos converterdes perecereis do mesmo modo”.  Não ha nem maior nem menor pecado, existe a falta de conversão. Muitos dizem: “Eu não tenho pecado”. Pode ser até que não tenham nada de errado, mas não têm conversão. Conversão é um processo afetivo e nasce do amor. Se não convenço sobre o amor, não posso conseguir uma mudança de vida, como ensinava Santo Afonso. Nós os padres, ao insistindo sobre um erro, condenamos o pecado, mas não ensinamos com empenho que só o amor converte. Deus liberta o povo por amor, e é por amor que assumimos a libertação.
Deus paciente.

          Na parábola da figueira estéril, em lugar de cortá-la imediamente, o hortelão pede mais tempo e promete um adubo para ver se ainda produz. Do contrário a cortará. Deus é paciente e dá tempo para a gente fazer a longa caminhada no deserto da vida. Se não caímos nos erros de nossos antepassados e produzimos fruto, realiza-se em nós a Páscoa de Jesus que salva, conduz à aliança com Deus e seu povo e dá a vida eterna e feliz. Deus entende o sofrimento que o pecado produz em nós, por isso quer nossa conversão e se empenha dando-nos os recursos preciosos do sangue de seu Filho. Mas espera colaboração. Milagres são bons, mas nem sempre resolvem. O maior milagre é transformar o coração de pedra em coração de carne, capaz de entender a Deus. A água que saiu do lado de Cristo purifique, lave e fecunde nossa vida. 

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