PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Águas
no sertão!
Nos inícios de fevereiro estive no Nordeste para trabalhos da
Congregação. Que beleza! Tudo verdinho! Os açudes estavam cheios, “sangrando”,
quer dizer, transbordando. Era belo ver o Ir. Urbano, holandês, que há tanto
tempo vive nestas regiões, criando tecnologias para aproveitar bem as águas.
Tirando fora o problema dos alagamentos, tudo era vida, esperança e alegria! A
água é vida. Não é o momento de repetir aqui o que se dirá nas homilias e
estudos da Campanha da Fraternidade. O drama é sério e a comunidade e cada um
pessoalmente é convidado a tomar uma atitude madura diante do problema da água.
Se formos maduros, poderemos mudar o rumo desta história. Se formos cristãos de
fato, saberemos unir os princípios da caridade com as técnicas de preservação
do bom aproveitamento da água. D. Pedro II empenhou sua coroa, os governos
deram tantas verbas para resolver o problma. Mas é duro ver o dinheiro do povo,
para o povo, ir para alguns que não se importam com o povo. E se dizem
cristãos! Quaresma convida à conversão.
O
Espírito de Deus pairava sobre as águas.
A palavra água
aparece 525 vêzes na bíblia. Além da quantidade, podemos ver a importância que
tem nos momentos chaves da história da salvação. Vemos na criação que o
“Espírito de Deus pairava sobre as águas” ... “E Deus disse: que as águas que
estão debaixo dos céus se ajuntem no mesmo lugar e apareça o elemento árido”
... “Ao ajuntamento das águas chamou de mar” (Gn 1.1.9.-10). As águas do
dilúvio invadem o mundo. Moisés é salvo das águas. O povo atravessa o Mar
Vermelho, a água e tirada da rocha, o povo atravessa o Jordão para entrar na
Terra Prometida. O profeta Ezequiel falam muitos das águas que saem de sob o limiar
do templo (Ez 47,1-12). João batizou Jesus nas águas do Jordão. A partir daí a
água é usada no sacramento do Batismo com os significados de vida nova,
purificação e fecundação. Como no Gênesis, as águas fecundadas pelo Espírito
tem condições de gerar a vida, e no Batismo, a vida divina. É um símbolo da
ação de Deus em Cristo. A água mais sagrada é aquela que sai do lado de Cristo,
perfurado pela lança. É o Espírito que continua pairando sobra as águas para
que tenham a capacidade de dar vida. Tiramos da natureza sua força para
explicar a força do Espírito que purifica, fecunda e dá gosto de viver.
Água,
fonte de vida.
A liturgia utiliza o símbolo da água diversas
vêzes: usamos a água benta para proteger, abençoar e afastar o mal. Usamos a
água no Batismo, de modo particular na solene noite da Páscoa. Usamos a água na
Missa. Colocamos umas gotas de água no vinho a ser consagrado lembrando nossa
união com a divindade, como Cristo quis unir a divindade à humanidade. Podemos
compreender que enriqueceremos a água que usamos, se vemos seu uso
litúrgico-sacramental. Seu símbolo natural torna-se um dom precioso da graça
salvadora de Cristo. Voltemos sempre às águas de nosso batismo para beber com
abundância as águas da salvação (Is 12,3). Se é um desastre se contaminarem e
esgotarem as águas, pior ainda, se ela secar dentro de nosso coração,
deixando-nos secos para Deus.
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