PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Num mundo de trevas
há sempre uma luz.
A atmosfera do Natal reflete bem toda a
temática litúrgica deste tempo: são gritos de alegria, luzes em profusão,
sentimentos de uma alegria inexplicável. Mas é explicável, pois naquela noite,
uma nova luz resplandeceu no mundo. O mundo, que estava nas trevas da calada
noite e nas trevas de um mundo angustiado pelo vazio do paganismo e pelos
sofrimentos da dominação romana, viu uma grande luz. Assim contemplamos o
profeta Isaias em 60,1-6, que clama a Jerusalém “chegou a tua luz”. (Quanta luz
a atual Jerusalém está precisando!). Este grito não é um fato passado, mas
ressoa hoje também. Há trevas profundas nas mais diferentes situações em que
vive nosso vibrante mundo. É um mundo que dá sinais de profundas esperanças e
que busca com sinceridade o caminho para que sejam superadas todas as dores,
todas as dominações, todos os sentimentos que cortam os corações. O profeta
promete coisas bonitas que virão de longe. Haverá abundância! Os Magos, vindos
do Oriente, são uma profecia para nós. Vieram seguindo a luz de uma estrela.
Esta estrela era Jesus. O sentido de vida sábia que levavam foi suficiente para
que encontrassem a Luz. Este é o estímulo que recebemos na festa do hoje: Um
pouco de sabedoria, e a luz se fará.
Reino aberto a
todos.
A figura destes sábios, um tanto exóticos,
mas extremamente atraentes, é uma lição que ensina levar a luz aos outros.
Estamos vivendo um tempo em que, apesar de todas as conquistas da ciência e da
técnica, ainda se levantam muros da vergonha, apesar de ter um sido já
destruído, outro se eleva, rasgando o coração da humanidade. Mas, é preciso
profetizar. Os Magos vieram do mundo do paganismo. É sinal de que somos
chamados a reconhecer que o “Reino”, anunciado e proclamado presente, está
aberto a todos. Todos podem vir e “sentar-se à mesa do banquete que Deus
oferece a todos os povos” (Is 25,6). Este é o grande segredo que Paulo revela
na segunda leitura (Efésios 3,2-3a.5-6). Ninguém se sinta excluído.
A porta está sempre aberta o tempo todo. As pessoas querem uma palavra de
carinho e amor que se chama Reino de Deus.
Direito de anunciar
a alegria.
Há
umas dificuldades no anúncio da alegria do Reino: não temos direito de
interferir nas outras culturas e outras histórias distintas da nossa com o
anúncio de Jesus Cristo. Mas com isso perdemos o sentido da evangelização dos
povos. Surge, porém, uma pergunta: será que vamos negar aos povos o direito que
têm, mesmo sendo de uma cultura diferente, de conhecer a alegria que Jesus
trouxe com sua pessoa e sua mensagem libertadora? Diferente é impor um sistema,
uma cultura européia, um modelo ocidental. Mas a alegria que Jesus dá com sua
pessoa cabe em qualquer coração. Assim, com entusiasmo, mais pela vida do que
por palavras, levemos o sorriso de Deus a todos os povos. Tomemos o caminho de
volta com os Magos, iluminados pela Luz que resplandecia nos braços de Maria.
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