Evangelho segundo S. Mateus 5,43-48.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu
próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos
inimigos e orai pelos que vos perseguem. Fazendo assim, tornar-vos-eis
filhos do vosso Pai que está no Céu, pois Ele faz com que o Sol se levante sobre
os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores. Porque,
se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os
cobradores de impostos?E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis
de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos
como é perfeito o vosso Pai celeste.»
Da Bíblia Sagrada - Edição
dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Cesário de Arles (470-543), monge, bispo
Sermões ao povo, n° 37;
SC 243
Algum de vós dirá: «Não sou capaz de amar os
meus inimigos.» Deus não cessa de te dizer nas Escrituras que és capaz, e tu
respondes-Lhe dizendo que não és? Reflecte comigo: em quem devemos acreditar, em
Deus ou em ti? Uma vez que Aquele que é a própria Verdade não pode mentir, que a
fraqueza humana abandone desde agora as suas desculpas fúteis. Aquele que é
justo não pode ordenar coisas impossíveis, nem Aquele que é misericordioso
condenará um homem por algo que este não era capaz de evitar. Nesse caso, a que
se devem as nossas hesitações? Ninguém sabe melhor aquilo de que somos capazes
do que Aquele que nos tornou capazes. Há tantos homens, tantas mulheres e
crianças, tantas jovens delicadas que por amor de Cristo suportaram as chamas, o
fogo, o gládio e os animais selvagens de forma imperturbável, e nós dizemos que
não somos capazes de suportar insultos de gente estúpida? […]
Com
efeito, se só tivéssemos de amar os bons, que haveríamos de dizer do
comportamento do nosso Deus, sobre quem está escrito: «De tal modo amou Deus o
mundo que lhe deu o seu Filho unigénito»? (Jo 3,16) Pois que bem tinha o mundo
feito para que Deus assim o amasse? Cristo nosso Senhor veio encontrar todos os
homens, não somente maus, mas mortos por causa do pecado original; e contudo,
«amou-nos e entregou-Se a Si mesmo por nós» (Ef 5,2). Deste modo, amou também
aqueles que não O amavam, como observa o apóstolo Paulo: «Cristo morreu pelos
culpados» (Rom 5,6); e, na sua misericórdia inexprimível, deu este exemplo a
todo o género humano, dizendo: «Aprendei de Mim, que sou manso e humilde de
coração» (Mt 11,29).
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