domingo, 1 de dezembro de 2024

Carlos de Foucauld Sacerdote, Missionário, Beato 1858-1916

Ex-oficial, convertido, retirou-se para o Saara, 
onde foi assassinado. 
Fundador das Comunidade dos 
Irmãos e das Irmãs de Jesus. 
Foi beatificado em 2005.
Charles de Foucauld nasceu em Strasburg, na França, em 15 de setembro 1858. Era descendente de família nobre, de tradição militar. Aos doze anos, morava com o avô, pois já era órfão. Aos dezesseis anos, Charles escolheu a carreira militar e, ao final dos estudos nas melhores escolas militares, era um subtenente do exército francês. Foi uma época repleta de entusiasmos, crises e desvios, que o levaram a abandonar a fé. Entregava-se, facilmente, a prazeres e amores libertinos, escandalizando a cidade. Porém sentia necessidade de preencher sua vida tão vazia e sem rumo. Em 1883, Charles deixou o exército e viajou para o Marrocos, na África. Ele conhecia a Argélia e tinha fascínio pelo país que conhecera como oficial francês. Disfarçou-se de um rabino pobre, vivendo entre as comunidades judaicas, organizando mapas e esboços dos lugares por onde passava. Esse trabalho lhe conferiu uma medalha de ouro oferecida pela Sociedade Francesa de Geografia. Desde a saída do exército começou a mudança de vida. Com grande apoio dos parentes e de seu conselheiro espiritual, retornou à fé cristã, que o arrebatou de vez. Em 1890, Charles decidiu viver apenas para servir a Deus. Ingressou como noviço num mosteiro trapista de Nossa Senhora das Neves, onde ficou por alguns anos. Mas a mesa farta e a disciplina pouco rígida, como ele próprio concluiu, não produzia monges "tão pobres quanto o Senhor Jesus". Decidiu procurar um estilo de vida que se assemelhasse à humildade de Jesus. Abandonou o mosteiro e foi à Terra Santa. Lá, sentiu-se mais próximo de Jesus e adotou a vida de pobreza total. Foi aceito no Mosteiro das irmãs clarissas de Nazaré, trabalhando nos serviços gerais. Em 1900, retornou a Paris e completou os estudos no Mosteiro de Nossa Senhora das Neves; recebeu a ordenação sacerdotal e voltou à África. Mas agora com uma nova missão: levar os ensinamentos de Cristo àqueles povos que não o conheciam. Padre Charles desembarcou em Argel, capital da Argélia, em 1901 e rumou para o sul, bem próximo dos muçulmanos. Em pouco tempo, tornou-se um verdadeiro eremita e muito querido pela população local. Mas seu objetivo maior era ir para o Marrocos, evangelizar a terra dos muçulmanos. Contatou amigos tuaregues, espécie de nômades do deserto, para obter ajuda no seguimento da missão. Intensificou o estudo da língua nativa daqueles povos. Em 1904, já havia traduzido os quatro evangelhos na língua dos tuaregues, além de um dicionário tuaregue-francês. Estava estabelecido no povoado de Tamanrasset, era amigo do chefe dos tuaregues e tinha construído uma pequena cabana para viver, depois transformada no seu eremitério. Em 1912, estourou a guerra entre a Turquia e a Itália. A tensão entre as tribos tuaregues aumentava. Embora o eremitério de Charles parecesse uma fortaleza, não era suficiente para protegê-lo. No dia 1o de dezembro de 1916, ele foi brutalmente assassinado com um tiro na cabeça, por um adolescente de quinze anos, durante uma tentativa de seqüestro e roubo naquele local. O exemplo de Charles de Foucauld jamais foi esquecido. Em 1933, seus seguidores fundaram a união dos Irmãozinhos de Jesus, em sua homenagem. Mais tarde, em 1939, uma congregação feminina foi fundada com o mesmo nome. Ambas adotaram o estilo de vida que ele sugerira. A obra continuou a florescer e atingiu o alvorecer do terceiro milênio com mais de dez famílias de religiosos e leigos que seguem o seu carisma, espalhadas em missões em todos os continentes, especialmente no africano. A Santa Sé considerou "venerável" Charles de Foucauld, em 2001 e em 13 de novembro de 2005 o papa João Paulo II o declarou Bem-aventurado.
Um Jovem Rico 
Charles de Foucauld (1858-1916), jovem rico aristocrata francês que perdeu os pais quando criança e a fé na adolescência, é um jovem cadete da prestigiosa academia militar de Saint-Cyr que aproveita a vida intensamente. Ou talvez, de uma forma não muito diferente daquele jovem rico que corre a Jesus para lhe perguntar o que fazer para herdar a vida eterna (cf. Mc 10,17-22), sente um vazio inexplicável que tenta preencher com os prazeres do mundo. Um colega de classe recorda: “Se nunca vistes Foucauld nesta sala, deitado indolente em uma confortável poltrona enquanto saboreia um gostoso lanche de paté de fois gras, acompanhado por um bom champanhe, então nunca vistes um homem que goza a vida". Depois de receber o diploma, Charles embarca em uma missão militar e em uma expedição geográfica para a Argélia. Lá, no vasto silêncio do deserto, entre nômades cujo estilo de vida é tão diferente do seu, começa a se fazer sentir aquele vazio que o jovem soldado tentara preencher com os bens deste mundo. Nele surge então uma pergunta silenciosa, e começa a rezar: "Meu Deus, se é verdade que você existe, deixe-me conhecê-lo". 
“Vai… vende tudo… vem” 
Em 1886, de volta à França, o jovem de 28 anos confidencia seu tormento interior a um sacerdote, que sugere que se confesse – o que ele faz. Vem a fé – e com ela, os pedidos. "Vai... vende tudo... vem": o mesmo disse Jesus ao jovem do Evangelho, a quem olha com amor. Charles sente o olhar de Jesus pousar sobre ele da mesma forma inesperada e imprevisível como aconteceu com aquele outro jovem rico cerca de 2.000 anos antes. Ele sabe que é chamado a responder a esse amor com a vida. Mas neste ponto as histórias destes dois jovens ricos se separam: de fato, o jovem do Evangelho vai embora triste, incapaz de se desfazer de seus bens. Em vez disso, Charles escreve: "No momento em que comecei a acreditar que existe um Deus, entendi que não poderia fazer outra coisa senão viver somente para Ele". Vai, portanto, vende e vai – primeiro para mosteiros trapistas na França e na Síria. Após completar seus estudos para o sacerdócio e receber a ordenação na França, ele sente o chamado para retornar ao deserto. No Saara, ele vive a vida simples e austera de um eremita entre os nômades tuaregues. Quer ser um adorador no deserto, “irmão dos mais abandonados”. Padre Charles quer evangelizar, “não com a palavra, mas sim pela presença do Santíssimo Sacramento, pela oração e a penitência e o amor fraterno e universal”. Nas notas escritas aos irmãos cuja vida espera compartilhar, mas que nunca concretizou, escreve: “Toda a nossa existência deve ser de gritar o Evangelho”. 
Gritar o Evangelho 
Em 1916, o padre Charles foi assassinado por bandidos. Sua vida e sua morte solitárias foram um forte "grito" de que o único Deus, misericordioso e benevolente, é a origem e o fim de todo amor. Este irmão no deserto encarna aquela grande "confissão" descrita pelo Papa João Paulo II como a essência de toda a vida consagrada. Por uma “profunda conformação com o mistério de Cristo”, escrevia o Papa na Exortação Apostólica Vida Consagrada, “a vida consagrada realiza a título especial aquela confessio Trinitatis, que caracteriza toda a vida cristã, reconhecendo extasiada a beleza sublime de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, e testemunhando com alegria a sua amorosa magnanimidade com todo o ser humano.” A "confissão da Trindade" do padre Charles foi fecunda: depois da sua morte, além daquela específica comunidade religiosa que ele desejava, nasceram muitas outras comunidades. Em 2022, o Papa Francisco canoniza o mártir padre Carlos de Jesus, um jovem rico que havia vendido tudo o que possuía para seguir o Senhor.

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