PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR |
A liturgia é um momento importante para a proclamação da Palavra. O Concílio Vaticano II mandou que “nas celebrações litúrgicas fosse mais abundante, variada e bem adaptada a leitura da Sagrada Escritura” (SC 35,1). A liturgia possibilita a leitura de 90% da Palavra. É dela que se deve aurir a pregação, pois é anúncio das maravilhas divinas na história da salvação, isto é, no mistério de Cristo que está sempre presente em nós e opera, sobretudo nas celebrações (Idem 2). A Constituição Sacrosanctum Concilium ensina a presença de Cristo na celebração, tanto Eucaristia como demais sacramentos: “Para realizar tão grande obra – o Mistério Pascal – Cristo está presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do ministro e sobretudo nas espécies eucarísticas. Está presente pela sua virtude nos sacramentos… Está presente na sua Palavra, pois é Ele quem fala quando, na Igreja se lêem as Sagradas Escrituras. Está presente na Igreja que ora e salmodia (SC 7). A força e a consistência de uma celebração estão na presença de Cristo. A Palavra anunciada não é um texto lido. Sua força não está primeiramente no ensinamento que traz, mas é na certeza da presença de Cristo que continua anunciando o Reino. Ela é a proclamação da atualidade do Mistério Pascal que nos salva. Cristo Sacerdote está junto do Pai na celebração eterna de sua Glória e está realmente presente entre nós. Participamos de seu múnus sacerdotal, através de sinais sensíveis que explicam e realizam a santificação dos homens e celebram o culto público e integral ao Pai. Celebrar a Palavra é acolher a presença Cristo. Vejamos o quanto isso exige de carinho, atenção e cuidado na proclamação.
A Palavra se faz Carne
A definição acentua que a liturgia simboliza através de sinais sensíveis e realiza, de modo próprio a cada sacramento, a santificação e a glorificação de Deus. Quando se diz que o Verbo se fez Carne, diz da Encarnação de Cristo. O que era visível em Cristo está presente nos sinais sacramentais. Cada ação litúrgica apresenta todo o Mistério Pascal de Cristo, isto é, o que fez pela nossa salvação, a partir de uma diferente ação de Cristo. A proclamação da Palavra junto com o sinal no rito sacramental mostra a ação de Cristo de acordo com o sacramento, fazendo memória de um aspecto da vida redentora de Cristo. É toda a força redentora do mistério de Cristo a partir de um sacramento. A Encarnação continua. Por isso podemos dizer que a Palavra se fez Carne, manifestação visível da graça de Deus. A perda deste aspecto faz com que os sacramentos se tornem ritos vazios e que não nos conduzem a viver o mistério celebrado.
Faço novas todas as coisas
Como a Palavra é viva e eficaz e vai além da letra. É presença do Cristo e está unida a todo o seu mistério. A Constituição Dei Verbum, falando das Sagradas Escrituras diz: “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na sagrada Liturgia, sem cessar, toma das mesas tanto da Palavra de Deus, quando do Corpo de Cristo, o Pão da Vida e o distribui aos fiéis (DV 21). A escuta da Palavra nos põe em comunhão real com o mistério do Cristo morto e ressuscitado. Viver a Palavra é fazer um mundo novo. Vivendo, damos forma visível à Palavra. Ela será sempre a mesma e sempre nova, pois é viva. Não acrescentamos nada à Palavra, mas a tornamos visível pela ação do Espírito Santo.
ARTIGO PUBLICADO EM SETEMBRO DE 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário