domingo, 5 de maio de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Quaresma, caminho de conversão”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Um Deus comprometido
 
A misericórdia é obra de Deus. Suas ações são sempre de libertação. Ele ama libertar-nos de nós mesmos e de tudo o que nos oprime. O cativeiro do Egito simboliza todo o mal, como veremos na Páscoa. A misericórdia e a bondade de Deus fazem parte da experiência fundante do povo. Não só ama de coração, mas toma atitudes concretas: Vi o sofrimento do meu povo no Egito...conheço seus sofrimentos por causa de seus opressores. Desci para libertar meu povo e tirá-lo deste país, levando-o para uma terra boa e espaçosa. Terra onde correm leite e mel (Ex 3,7-8). Viu, conheceu, desceu para libertar e conduzir a uma terra boa. Deus é consequente. No Novo Testamento Jesus é o bom Samaritano que tem esta atitude consequente de Deus: Viu o homem machucado, sentiu compaixão, desceu do cavalo, levou para a hospedaria, tratou dele, deixou um tanto para que fosse cuidado e voltou para ver como estava. Sem esta maneira de agir, jamais saberemos o que é a caridade. Certas esmolas só afagam nossa consciência e tornam a pessoa pior e mais dependente. Aprendamos de Deus. É Deus que caminha conosco para cuidar de nós. Por isso S. Paulo pede que não repitamos os erros do passado quando o povo, no deserto, murmurou contra o Deus que o salvara e o sustentara. Nem por isso Deus o abandonou. Na Quaresma, como preparação para a Páscoa, retomamos esses momentos da história da salvação e os contemplamos em Cristo para que sua Páscoa nos modifique para a celebrarmos sem o fermento do egoísmo.
Caminhos de conversão 
Deus é compassivo e sempre dá os auxílios para nossa conversão como rezamos no salmo 102: “Pois Ele é indulgente, é favorável, é paciente, é bondoso e compassivo”. Durante o tempo santo da Quaresma nos são oferecidos os meios para a conversão e fortalecimento de nossa fé: o jejum, a oração e a caridade fraterna. Vencendo o egoísmo e abrindo-nos aos irmãos poderemos receber sua misericórdia. A missão libertadora de Deus se realiza não só através de milagres, mas através de pessoas que se dispõem a enfrentar com dedicação a libertação dos sofredores de todas as prisões, sobretudo da prisão do mal institucionalizado na política, na economia e mesmo na vida espiritual do povo. A Quaresma é uma escola que nos ensina a viver com mais entusiasmo o ensinamento que Jesus nos deu com Suas palavras e Sua vida: só na doação é que acontece a libertação. Conversão é o caminho para a Páscoa. 
Frutos de conversão 
Na Quaresma conhecemos o carinho de Deus para conosco através de Jesus, nosso Redentor. É um tempo de conversão. Deus quer ver frutos. Jesus nos dá um exemplo muito claro: foi buscar fruto em uma figueira e só encontrou folhas. E não era no tempo de figos (Mc 11,13). A solução é clara: Se não der fruto deve desocupar o lugar. Por isso o senhor manda cortar. Deus busca frutos em nós. O agricultor, que é Jesus, pediu um pouco mais de tempo para ver se a árvore ainda se fortaleceria para produzir fruto. Por que Jesus quer figo quando não é tempo de figo? Jesus está a dizer que os frutos da conversão podem aparecer. Com o jejum, a esmola e a oração os frutos virão. Quando não conseguimos, Deus tem paciência e dá o adubo de Sua graça. Quaresma é tempo de conversão. 
Leituras: Êxodo 3,1-8a.13-15; Salmo 102; 
1Corintios 10,1-6.10-12; Lucas 13,1-9
1. Nosso Deus é libertador de todos os males. A libertação do Egito é um símbolo da ação de Deus que é consequente em seu amor. O Deus que liberta do Egito é a experiência que funda o povo de Deus. Em o N.T. Jesus é o bom samaritano que faz o que faz o Pai. Paulo chama a não repetirmos os erros do passado, murmurando contra Deus. A Páscoa de Jesus nos liberta e salva. 
2. Deus é compassivo e dá os auxílios para a conversão. Na Quaresma temos o jejum, a oração e a caridade fraterna como meios de conversão. Recebemos a misericórdia de Deus. Sua misericórdia se realiza através de pessoas que se dedicam em libertar de todas as prisões. Quaresma nos ensina a viver o ensinamento de Jesus. 
3. Jesus é nosso redentor e nos estimula à conversão. Deus quer frutos. Se não conseguimos Ele dá tempo e dá o adubo da graça. Quaresma é temo de conversão. 
Mudar as pintas 
Há um provérbio que diz: “A onça muda o pelo, mas não muda as pintas”. Conversão é mudar as pintas que o mal colocou em nós. Para isso é urgente ouvir a Palavra de Jesus que nos convida à conversão: “Se não vos converterdes perecereis do mesmo modo”. O pecado prejudica tanto a nós como o acidente que aconteceu com os galileus e julgavam que era para pagar os pecados. Não adianta fazer bela figura, pois o que manda é o coração. Há gente que pensa que basta alguns atos de piedade para ter garantia de salvação. É preciso conversão. Quem está em pé, diz S. Paulo, cuidado para não cair. Quando nos arrependemos, Deus dá tempo e nos tira do mal quando queremos sair. Ele libertou o povo do Egito e nos liberta quando clamamos. Jesus nos oferece os meios: oração, caridade e jejum para mudar as pintas. O pelo muda fácil. 
Homilia do 3º Domingo da Quaresma (03.03.13)

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