sexta-feira, 28 de novembro de 2025

São Sóstenes, discípulo de Paulo Dia da Festa: 28 de novembro século I

Durante a longa estadia do apóstolo São Paulo em Corinto, ocorreu um evento não apenas sensacional, mas, pelo menos para nós, difícil de explicar, embora relatado com a clareza habitual por São Lucas, o cronista dos Atos dos Apóstolos. "Ora, quando Gálio era procônsul da Acaia (isto é, da região onde ficava Corinto) — lemos ali — os judeus, unanimemente, levantaram-se contra Paulo e o levaram ao tribunal, dizendo: 'Este homem persuade o povo a adorar a Deus de maneira contrária à lei'. E, quando Paulo estava prestes a falar, Gálio disse aos judeus: 'Se fosse uma questão de algum crime, alguma grave transgressão, eu, judeu, vos ouviria como é razoável; mas, como estas são questões de palavras e nomes, e dizem respeito à vossa lei, resolvam-nas vocês mesmos; não quero ser juiz destas questões'. E os expulsou do tribunal." "Então todos agarraram Sóstenes, o chefe da sinagoga, e o espancaram diante do tribunal; e Gálio não prestou atenção." A primeira parte do episódio é bastante clara: o procônsul romano, em uma cidade que, afinal, ficava na Grécia e não na Palestina, habilmente se recusa a julgar uma questão doutrinária que diz respeito, e diz respeito apenas, a uma minoria de seus súditos. É, mais uma vez, a tática de lavar as mãos adotada por Pilatos em relação a Jesus, com a diferença de que Corinto não era Jerusalém e, portanto, o "abstencionismo", por assim dizer, do governador romano salva Paulo das acusações e ameaças de seus inimigos, sem que o apóstolo sequer abra a boca. Exceto que eis o fato inesperado: no lugar de Paulo, seus acusadores, naquele mesmo tribunal, agarram e espancam Sóstenes, que nada tinha a ver com Paulo e que era, na verdade, o chefe da sinagoga local. Por que isso aconteceu? Por que Sóstenes foi espancado em vez de Paulo? Os estudiosos não conseguiram fornecer uma resposta convincente para essa questão. Provavelmente, o líder da sinagoga foi quem incitou seus correligionários a protestarem contra Paulo, e os judeus se vingaram dele ao perceberem que toda a sua manobra havia fracassado. Segundo alguns, porém, o ressentimento dos judeus "extremistas" teve outra origem: Sóstenes teria se convertido por influência de São Paulo, que desertou para o lado inimigo, sendo assim punido por sua traição. Os Atos dos Apóstolos não mencionam a conversão de Sóstenes, o líder da sinagoga de Corinto. Pouco tempo depois, no entanto, seu nome aparece novamente no endereço da carta que São Paulo escreveu de Éfeso aos cristãos inquietos de Corinto, e da qual Sóstenes parece ter sido o remetente. Assim, era natural pensar que o antigo líder da sinagoga, espancado por seus companheiros de fé, teria se convertido por influência de São Paulo, tornando-se seu discípulo e encarregado de servir de elo entre o Apóstolo e a comunidade de Corinto, onde era bem conhecido e estimado. Essa hipótese, provável, mas não certa, foi aceita pelos compiladores dos Martirológios, que hoje lembram Sóstenes entre os Santos, como discípulo de São Paulo e antigo líder da Sinagoga de Corinto. Com os açoites sofridos perante o tribunal, ele teria "consagrado com um início glorioso os primeiros frutos de sua fé", amadurecendo-a posteriormente como Bispo da Colofônia, na Ásia Menor. Mas essa é uma tradição oral, sem qualquer confirmação histórica. 
Fonte: Arquivo Paroquial

Nenhum comentário:

Postar um comentário