PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) REDENTORISTA CONSAGRADO SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR |
A Eucaristia como fonte de vida espiritual acompanha o ritmo da vida humana para nela colocar o sentido divino. Em nosso modo de conceber a espiritualidade, nós temos o costume de entender que ela é algo fora do material. Pensamos que, quanto mais destituída de elementos humanos e materiais, mais santa e espiritual, mais divina e agradável a Deus. Achamos que é algo individual, questão minha, sem nos preocuparmos com o que isso tem a ver com os outros. E até temos a ousadia de não ter coerência. Por exemplo: eu tenho amor a Nossa Senhora ou um santo, mas levo uma vida completamente fora do evangelho. É bom, mas não é tudo. Para tanto, devemos contemplar Jesus. Ele rezava sozinho, à noite, pelos montes. Mas isso não o distanciava das pessoas. Estava em contínuo encontro com elas. E, estando com elas, também se encontrava Seu Pai e com Ele falava: “Eu te dou graças, ó Pai”. As pessoas eram motivo para falar com o Pai. Na Eucaristia realizamos esse encontro com Deus em Cristo no meio das pessoas. Esse encontro nós o fazemos no diálogo com Deus através das orações, cantos, atitudes e silêncio. O fato de estar assentado na celebração, por exemplo, já expressa acolhimento e escuta dAquele que fala. Cantar é falar a Deus com palavras que carregam sentimentos. Quando vamos à comunidade para uma celebração temos consciência de que vamos nos encontrar com Deus na comunidade. Nesse encontro com Deus temos a garantia do sacramento: sinal santificante da graça.
Comer e beber juntos
Posso encontrar Deus na solidão. Jesus, entretanto, “inventou” a Eucaristia para encontrarmo-nos juntos como irmãos. Ele mesmo, depois da Ressurreição, ia ao encontro dos discípulos reunidos. Fazer uma refeição juntos não é só para alimentar-nos. É para realizar a comunhão em torno do amor, expresso no gesto de comer a mesma comida. Vejamos nossas festas: como é importante comer juntos! Até mesmo tomar uma bebida a sós, não tem o mesmo sabor. Quando o operário tem que comer sua marmita em um canto, às vezes fria, sente sabor de ausência. Para suprir essa falta, acabam por comer mais ou menos juntos. Por isso Jesus escolhe a ceia para instituir a Eucaristia. Ela nos educa a sermos sempre mais próximos e mais abertos ao encontro com as pessoas e assim podermos realizar a comunhão da Vida que recebemos de Cristo. Rezar sozinho é bom e necessário pois Jesus mesmo explica que para rezar a gente tem que entrar no quarto e fechar a porta (Mt 6,5-6). Mas diz também: Onde dois ou três estão reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles (Mt 18,20). São atitudes complementares. A Eucaristia proporciona este encontro entre nós e com Cristo.
Eucaristia que inclui
A espiritualidade que nasce da Eucaristia leva os cristãos a trazer as pessoas para a comunhão de vida. Desde o início, a Igreja se preocupou com os necessitados, os sofredores e os pecadores, buscando-os para participarem da comunidade e da reunião dos irmãos. Podemos afirmar: A Eucaristia foi a maior revolução social da história. No império romano, tão cheio de classes, ela colocou lado a lado o grande, o pequeno, a mulher, o escravo, o estrangeiro, o plebeu e o patrício etc ... Como Jesus fazia, ela deve fazer. Deve levar os portadores de deficiência, seja qual for para o centro, como vemos na campanha da fraternidade. Ter devoção eucarística é também incluir as pessoas na mesma comunhão de encontro com Cristo e os irmãos.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM ABRIL DE 2006
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