quarta-feira, 9 de junho de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Quarta-Feira de Cinzas”.

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
MISSIONÁRIO REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Cansados do Carnaval!
 
Passados os dias festivos do Carnaval, nós nos encontramos diante de um tempo totalmente diferente, a Quaresma. Esta palavra vem de “quadragésima die”, isto é 40º dia. Mas não há mais uma distinção entre Carnaval e Quaresma. A festa continua. Pena, pois nossa vida, nosso espírito e nossos corpos merecem um repouso. Entramos na Quaresma que é o tempo de preparação para a Páscoa. Antigamente era jejum para valer. E para se despedir das comodidades e entrar na seriedade do novo tempo, se faziam festejos carnavalescos, despedindo-se das carnes. É Quaresma e a festa continua. Podemos, contudo, recuperar os elementos básicos da Quaresma que é a preparação para a Páscoa, uma reflexão mais aprofundada sobre nossa vida, um tempo de maior oração de conversão ao Evangelho. Poderemos, assim, celebrar a festa da Páscoa em verdade e graça. É um tempo de conversão, também comunitária. Esta conversão se dá sobretudo numa vida mais controlada, mais caridosa e mais orante. Deste modo respondemos ao chamado de Jesus que convida para ir ao deserto com Ele e ali vencer o tentador e as muitas tentações que nos assolam de quando em quando. Seremos sinais da Ressurreição de Jesus. 
Lembra-te, homem, que és pó! 
Esta dramática advertência diz nossa realidade: somos grandes, mas somos pó. Por isso, na abertura da Quaresma, recebemos as cinzas. Não têm outro valor que o símbolo que elas estão a explicar. Por que cinzas ? Na simbologia, lembra que são resíduos que sobraram da combustão. Por isso trazem a consciência do nada da criatura diante do Criador, como disse Abraão: “Ouso falar ao meu Senhor, eu que sou pó e cinza” (Gn 18,27). São símbolos da renúncia, da penitência e do arrependimento. A cinza é usada também no sentido de bênção. São princípios de ressurreição. Lembramos a ave Fênix que, na mitologia pagã, ressuscitava de suas cinzas. Deus fez o homem do pó da terra, como diz o livro do Gênesis. O fato de ser pó, não o coloca em condição de miséria, mas de abertura diante de seu Criador que o faz barro e o molda para ser sua imagem. Deus o fez a sua imagem. Este pó habita o Espírito de Deus. Receber as cinzas é acreditar em nossa capacidade de ressuscitar com Cristo na Páscoa, pois com o símbolo, temos a disposição de voltar ao Senhor: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Nova fórmula de imposição) 
Origem da Quaresma. 
Este ritual de imposição de cinzas abre o tempo da Quaresma. Desde os finais do século II, a preparação da Páscoa era feita com uns poucos dias de jejum. Inspirados nos 40 dias de Jejum de Jesus passam ao jejum longo. Na realidade são 46 dias. Na conta dos 40 deixamos fora os 6 domingos da Quaresma. Como não se jejua aos domingos, passou-se a iniciar a Quaresma na quarta-feira. Com o passar dos tempos, surgiu a penitência pública, na qual, os penitentes recebiam as cinzas indicando que estavam de penitência. O rito de cinzas passou a toda a comunidade. Fazia-se também a preparação dos batismos com o Catecumenato. A Páscoa era o dia de se batizar. A comunidade acompanha os batizandos com sua participação nos sacramentos celebrados. Boa Quaresma. Aproveite, pois somos pó, mas, com a água do batismo somos barro que é moldado por Deus.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2004

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