terça-feira, 1 de dezembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “O Reino vos será tirado”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Segundo o evangelho de S. Mateus
, depois de sua entrada em Jerusalém,Jesus está em choques com os donos do poder civil e religioso, sobretudo este. Ele continua a demonstrar que não é um profeta, mas é o Filho que veio em nome do Pai para uma novidade. Ele não foge à vontade do Pai e vem à “vinha” para cumprir a vontade do Pai. Ele é o Filho que, recusado e morto, é a pedra angular sobre o qual se constrói o novo povo e o novo templo. A seqüência das parábolas do Reino, vai nos colocando dentro da grande novidade e da grande mudança que sua vida e pregação nos oferecem. 
A parábola dos vinhateiros malvados faz uma fotografia da história do povo de Deus. Já o profeta Isaias descrevera todo seu carinho com a vinha que fora plantada, cuidada e amada. Mas a resposta foi uma péssima: uvas selvagens. O povo fez do mesmo modo depois de todos os carinhos com Deus, e não quis praticar a justiça a bondade. 
No evangelho vemos o paralelo a esta parábola. Deus plantou a vinha com todo cuidado. Confiou a arrendatários. Quando veio buscar sua parte, os homens tomaram posse e mataram os enviados, por fim mataram o Filho querido. Assim foi Israel: Deus o fez seu povo com todo carinho e atenção. Os donos do povo criaram uma filosofia própria que mudaram a projeto de Deus em um projeto pessoal. Os culpados desta situação são os chefes que, em lugar de levar o povo a produzir frutos para Deus, se fizeram donos do povo, da religião e da sociedade. O que acontece? Deus tira-lhes o dom que lhe concedera de ser povo da aliança e o dá a outros, aos pagãos. Serão tirados e substituídos por outros que O sirvam melhor. O cristianismo desenvolveu-se entre os pagãos. 
Para ser uma vinha que produz fruto, S.Paulo diz como se deve viver para ser uma vinha produtiva: “ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável, honroso, tudo o que é virtude e de qualquer modo merece louvor” (Fl 4,8). 
Esta Parábola, numa aplicação atual, é muito oportuna: Ela se dirige aos chefes políticos e religiosos do povo. Nós, os responsáveis pelo povo de Deus, fazemos a mesma coisa e sofreremos o mesmo, se quisermos dominar o povo para nós. Não produzimos fruto e não deixamos o povo produzir fruto para Deus. Se considerarmos as pessoas de ‘bem’ do mundo, de nosso país, veremos que pensam em si e exploram o povo. O que dizer da corrupção? Os absurdos da corrupção chegam ao limite e pedem a Deus uma correção modelar. A exploração do pobre por parte de firmas e empresas é chocante. Os donos do poder religioso, bispos, sacerdotes, religiosos, leigos mais preparados estão fazendo o povo crescer, ou ficam impondo limites ao Reino de Deus com suas ideologias religiosas:? O povo mesmo fica sempre de fora, presa fácil dos exploradores espirituais. O movimento das seitas não seria o resultado deste tratamento que damos ao povo? O Reino nos será tirado e dado a outros que o façam produzir. O que precisamos fazer para retribuir a Deus o que nos confiou? Deixar o povo crescer e crescer com ele.
Homilia do 27º Domingo do Tempo Comum
Em outubro de 2002

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