terça-feira, 1 de setembro de 2020

Santa Rosa de Lima e o "poço dos milagres"


     No dia 30 de agosto, milhares de fiéis se reúnem no Santuário de Santa Rosa de Lima para celebrar o dia da padroeira do Peru e das Filipinas.
     Com muita devoção, crianças e adultos se aproximam do histórico “poço dos favores” para depositar suas cartas dirigidas à santa Rosa. O poço está localizado no interior do lugar onde vivia a santa – e hoje é o seu santuário.
     Na praça em frente ao poço podem ser lidas as seguintes palavras: “Rosa jogou neste poço a chave do cadeado de uma corrente de ferro que ela colocou na cintura para fazer a penitência perpétua pelos pecadores”
CONTINUA EM MAIS INFORMAÇÕES.
História da devoção 
     A determinação para fazer penitência e aproximar-se das dores de Jesus na cruz sempre foi um destaque da vida de Santa Rosa. É através deste ato de amor que seu sacrifício feito em vida há tantos séculos ainda hoje segue dando graças abundantes ao povo de Lima e do mundo inteiro que a invoca.
     Conta-se que, um dia, a santa jogou no poço a chave do cadeado da corrente de ferro que usava na cintura como penitência e, quando lhe pediram para tirasse o cinto, Rosa confessou a impossibilidade de fazê-lo.
     Diante do fato, a santa se dirigiu ao poço dos favores e, depois de suas súplicas, foi ali que Deus abriu milagrosamente o cadeado.
     Quando ela morreu, os milagres e as graças conseguidas por sua intercessão cresceram cada vez mais. Os fiéis, então, começaram a deixar seus pedidos no poço, na confiança que Santa Rosa receberia a correspondência e, por sua intercessão, Deus concederia as graças.
     Com o passar dos séculos, milhões de pessoas deram testemunho das graças ali recebidas pela intercessão de Santa Rosa. São graças espirituais e materiais.
A fé compartilhada através da internet
     Nem todos os devotos da santa têm a possibilidade de estar em Lima para se aproximarem da casa dela. Por isso, para aqueles que não podem estar lá pessoalmente, o arcebispado de Lima criou uma plataforma virtual (http://www.arzobispadodelima.org/santa-rosa-de-lima/2011/07/04/buzon-virtual/), onde os fiéis do mundo inteiro podem deixar seus pedidos e agradecimentos.
     As pessoas que administram a conta de e-mail de Santa Rosa o fazem com muito respeito e mantêm as mensagens em anonimato. Depois de lerem os assuntos, os voluntários imprimem os pedidos e os jogam ao poço.
     Depois de 400 anos de intercessão de Santa Rosa, o poço é, hoje, uma fonte de inúmeras graças para todos, lembrando-nos, como ela mesma dizia, “além da cruz, não há outra via pela qual podemos chegar ao céu”. 

     Em 2011 este blog publicou este pequeno resumo da vida desta Santa tão sublime:
Santa Rosa de Lima, Padroeira do Peru e da América – 23 de agosto
     Santa Rosa de Lima é a primeira Santa da América e padroeira do Peru e da América. Nascida em Quives, província de Lima no ano de 1586, coincidentemente no mesmo ano da aparição da Virgem Santíssima na cidade de Chiquinquira. Era descendente de conquistadores espanhóis. Seu nome de batismo era Isabel Flores y Oliva, mas a extraordinária beleza da criança motivou a mudança do nome de Isabel para Rosa, ao que ela acrescentou o de Santa Maria. Seus pais eram Gaspar de Flores, espanhol arcabuz do Vice-Rei e Maria Oliva, limenha. Era a terceira dos onze filhos do casal. 
     Seus pais antes ricos tornaram-se pobres devido ao insucesso numa empresa de mineração e ela cresceu na pobreza, trabalhando na terra e na costura até altas horas da noite para ajudar no sustento da família. Cultivava as rosas de seu próprio jardim e as vendia no mercado e por isso é tida como patrona das floristas. Diz-se que tangia graciosa a viola e a harpa e tinha voz doce e melodiosa. Além de muito bela, Rosa era tida como a moça mais virtuosa e prendada de Lima. 
     Foi pretendida pelos jovens mais ricos e distintos de Lima e arredores, mas a todos rejeitou por amar a Cristo como esposo. 
     Um dia estava rezando diante de uma imagem da Virgem Maria, com Jesus Cristo ainda bebê nos braços, quando ouviu uma voz que vinha da pequena imagem de Jesus, que lhe dizia: "Rosa, dedique a mim todo o seu amor..." A partir de então, tomou a decisão de amar somente a Jesus, mas devido à sua beleza, muitos homens acabavam se apaixonando por ela. Para não ser motivo de tentações, Rosa cortou seus longos e belos cabelos, e passou a cobrir o rosto constantemente com um véu. 
     Decidiu ingressar em um convento da Ordem Agostiniana, entretanto, estando diante da imagem da Virgem Santíssima, sentiu que não podia levantar-se nem mesmo com a ajuda de seu irmão. Foi então que percebeu ser tudo aquilo um aviso dos céus para não ir, e bastou fazer uma prece à Nossa Senhora para que a paralisia desaparecesse por completo. 
     A partir deste dia, Rosa, que se espelhava em Santa Catarina de Sena como modelo de vida a ser seguido, passou a pedir diariamente a Deus para indicar-lhe em que ordem religiosa deveria ingressar. Percebeu que todos os dias, assim que começava a rezar, aparecia uma pequena borboleta nas cores branca e preta, e com este sinal chegou à conclusão que deveria ingressar na Congregação da Ordem Terceira de São Domingos, cujas vestimentas eram nestas cores. 
     Tendo ingressado na ordem aos vinte anos, pediu e obteve licença de emitir os votos religiosos em casa - e não no convento - como terciária dominicana e tomou o hábito da Ordem Terceira Dominicana, após lutar contra o desejo contrário dos pais. 
     Construiu uma cela estreita e pobre no fundo do quintal da casa dos pais e começou a ter vida religiosa, penitenciando seu corpo com jejuns e cilícios dolorosos; conta-se que utilizava muitas vezes um aro de prata guarnecido com fincos, semelhante a uma coroa de espinhos. Entre as penitências estava o jejum contínuo: Rosa consumia o mínimo necessário para sua sobrevivência e quase não bebia água. Dormia sobre duras tábuas e ao olhar para o crucifixo dizia:"Senhor, a sua cruz é muito mais cruel que a minha". 
     Quando seu pai perdeu toda a fortuna, Santa Rosa não se perturbou ao ter que trabalhar de doméstica, pois tinha esta certeza: "Se os homens soubessem o que é viver em graça, não se assustariam com nenhum sofrimento e padeceriam de bom grado qualquer pena, porque a graça é fruto da paciência". Vivendo fora do convento, renunciou à vida fácil, dizendo: "O prazer e a felicidade que o mundo pode me oferecer são simplesmente uma sombra em comparação ao que sinto". 
     Alcançando um alto grau de vida contemplativa e de experiência mística, suas orações e penitências conseguiram converter muitos pecadores. Era extremamente bondosa e caridosa para com todos, especialmente para com os índios e negros, aos quais prestava os serviços mais humildes em caso de doença.
     Segundo os relatos de seus biógrafos e dos amigos que a acompanharam, dentre eles seu confessor Frei Juan de Lorenzana, por sua piedade e devoção Santa Rosa recebeu de Deus o dom dos milagres. Ela era constantemente visitada pela Virgem Maria e pelo Menino Jesus que quis repousar certa vez entre seus braços e a coroou com uma grinalda de rosas, que se tornou seu símbolo. Também é afirmado que tinha constantemente junto a si seu Anjo da Guarda, com quem conversava. Ainda em vida lhe foram atribuídos muitos favores: milagres de curas, conversões, propiciação das chuvas e até mesmo o impedimento da invasão de Lima pelos piratas holandeses em 1615. 
     Apesar de agraciada com experiências místicas fora do comum, nunca lhe faltou a cruz, a fim de que compartilhasse dos sofrimentos do Divino Mestre, sofrimentos provindos de duras incompreensões e perseguições e, nos últimos anos de vida, de sofrimentos físicos, agudas dores devidas à prolongada doença que a levou à morte em 24 de agosto de 1617, aos 31 anos de idade. Suas últimas palavras foram "Jesus está comigo!" 
     Seu sepultamento foi apoteótico e pranteado por todo o Vice-Reino do Peru e seu túmulo tornou-se palco de milagres, bem como também os lugares onde viveu e trabalhou pela causa da Igreja.
    Conta-se que o Papa Clemente relutava em elevá-la aos altares, mas foi convencido após presenciar uma milagrosa chuva de pétalas de rosa que caiu sobre ele, vinda do céu e que atribuiu a Santa Rosa de Lima. 
     Ela foi beatificada por Clemente IX em 1667 e canonizada em 1671 por Clemente X. Foi a primeira santa canonizada da América e proclamada padroeira da América Latina. É também padroeira das Filipinas. 
     No Brasil, alguns municípios, como Nova Santa Rosa, no Paraná, a adotam como Padroeira.
Reconstituição facial utilizando 
técnicas forenses, 
por Cícero Moraes

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