Maná,
pão do Céu
A
pregação de Jesus partia sempre de uma realidade muito conhecida do povo.
Bastava lembrar um fato para criar um ambiente para sua mensagem. O fato
narrado é como uma profecia que se realiza em Jesus. Profecias não são somente
as palavras, mas os fatos e os gestos de Deus com seu povo. Lembramos o fato do
Êxodo (16,2-15):
O povo reclamou porque não tinha comida. E pior, sentia saudades da comida que
tinha no tempo de escravos. Deus então envia o maná, alimento misterioso que
aparecia ao redor do acampamento. À pergunta: ‘o que é isso?”Moisés responde:
‘Isto é o pão que o Senhor vos deu como alimento’(Ex 16,15). Este alimento acompanhará o povo
até à entrada na terra prometida. Ele tinha todo sabor que se desejasse e
servia para o que precisasse (Sb 16,20). O exemplo que Jesus toma para iniciar o discurso
sobre o pão da vida está presente na alma do povo. Como o maná foi a resposta à
fome do povo, o pão que Jesus dará será maior que o maná. Quem come do pão que
Ele der, nunca mais terá fome: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá
mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”(Jo 6,35). Moisés deu o pão vindo do céu. O Pai
é quem dá o verdadeiro pão. Pois o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá
vida ao mundo” (32-33).
Comer o pão e crer em Jesus está na mesma linha de acolher o que o Pai nos dá.
Esse pão dá vida ao mundo. O maná que sustentou o povo no deserto durante
quarenta anos é símbolo do Pão da Vida, dado pelo Pai. Depois que entraram na
terra prometida, o maná não mais caiu (Js 5,12). Não era eterno.
Alimento
que não se perde
O povo, satisfeito pelo que comeu na
multiplicação dos pães, procura Jesus. Sua resposta é clara: “Vós estais me
procurando, não porque vistes sinais”. Não entenderam o significado do pão
multiplicado. E continua: “mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos”. Os
milagres de Jesus vão além da satisfação humana. Completa: “Esforçai-vos não
pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna,
e que o Filho do homem vos dará. Pois esse é quem o Pai marcou com seu selo” (Jo 6, 26-27). Essa
palavra é dirigida também a nós para compreendermos que Jesus não faz milagres
como espetáculo, mas para levar à fé. O sinal que Jesus dá aos judeus que pedem
uma prova é para crer Nele. Moisés deu um pão que não veio do Céu. É o Pai quem
dá o verdadeiro pão do Céu. Não se trata de entender aqui o que foi o maná. O
verdadeiro pão do Céu é dado pelo Pai. Ele dá vida ao mundo. Jesus vai mais
longe e diz que esse pão é Ele. Diz: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não
terá mais fome e quem crê em mim não terá mais sede (Jo 6,35). Em primeiro lugar, crer é buscar
Jesus (Pão do Céu). A fé é o primeiro alimento que sustenta. Buscar Jesus é receber
sua vida que sustenta e dá a eternidade. Por isso é pão. Não só sacia a fome,
mas também a sede, isto é, o desejo.
Despojar-se do velho homem
S.
Paulo diz como se realiza essa palavra de Jesus: “Renunciando a existência
passada, despojai-vos do homem velho, que se corrompe sob o efeito das paixões
enganadoras”. Vemos a diferença do maná do deserto e o maná dado pelo Pai que é
seu Filho. A mudança se dá: “Revesti-vos do o homem novo, criado à imagem de
Deus, em verdadeira justiça e santidade!” (Ef 4, 22-24). O Pão descido do Céu é Jesus
Cristo que modifica nossa vida e não sacia uma fome material, mas a fome
espiritual. Cantamos na antífona ao evangelho: “Não só de pão vive o homem, mas
de toda a palavra que sai da boca de Deus”.
Leituras: Êxodo 16,2-4.12-15;Salmo 77; Efésios 4,17,20-24; João 6,24-35
1.
O maná que sustentou o povo no deserto é símbolo do Pão
da Vida, dado pelo Pai.
2.
O pão vindo do Céu, não termina, mas sustenta para a
vida eterna.
3.
A comparação do homem novo e o homem velho sintetizam o
pensamento de Jesus.
O
que não faz um pão?
O
pão é um alimento que é encontrado em antiguíssimas civilizações. Quase todos
os povos o têm como um alimento importante. Jesus mesmo não achou outro melhor
para ser o seu Corpo. Tudo isso que o pão representa é um símbolo que Jesus
toma para explicar sua Pessoa como alimento da Vida Divina.
O pão alimenta, o pão reúne, o pão
sustenta, o pão abençoa e o pão da vida. Até para rezar precisamos do pão: “O
pão nosso de cada dia nos dai hoje”.
O pão é um alimento social. Quando
falta o pão chega a morte. Quando é o amor que amassa o pão, ressurge a vida. Quem
come o Pão do Céu, tem que reparti-lo no pão que mata a fome dos sofredores.
Não come o Pão de Deus, quem não o reparte.
O pão nasce no silêncio da noite.
Ali é amassado, assado e distribuído quentinho.
O pão não tem tamanho, pois um
pequenino pedaço de pão feito hóstia, contém o Criador, o Redentor e o
Santificador.
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