PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
Abristes
as portas da Eternidade
Na Quaresma, de modo particular
na Vigília Pascal, fomos ricamente instruídos pela Palavra de Deus para
conhecer e participar melhor do Mistério que celebramos. O próprio Jesus tinha
consciência que cumpria o que a lei de Moisés, os salmos e os profetas falavam
Dele (Lc 24,44). Proclamando na celebração as profecias,
torna-se presente e atuante o que é proclamado. Não se trata só de ler um
texto, mas de anunciar uma presença. Com razão exclamam os fiéis: “Na verdade o
Cristo ressuscitou! Aleluia! A Ele o poder e a glória pelos séculos eternos” (Antífona). A força da
Ressurreição animou e sustentou a Igreja pelos séculos. Por isso se alegra com
entusiasmo. Neste Domingo de Páscoa lemos a narrativa sobre o túmulo vazio. Madalena
vê e comunica a Pedro e João que vão ao túmulo. Não descreve a Ressurreição,
mas oferece um texto denso de símbolos: Diz que foi no primeiro dia da semana.
Refere-se ao primeiro dia da nova criação. Jesus é chamado de Senhor (Kýrios),
palavra em que se reconhece Cristo como Deus. Nele contemplamos Deus. Pedro, ao
entrar no túmulo viu o pano que cobrira o rosto de Jesus colocado de lado. O
rosto de Deus não está velado para nós. Há também a dupla reação: Pedro viu,
João viu e acreditou. Por que essa diferença? Não tinham ainda compreendido a
Escritura. Como João se intitula discípulo amado, entendemos que é pelo amor
que se crê. Na oração rezamos que a Ressurreição é a vitória total da morte que
cobria o mundo. Morte que foi provocada pelo pecado. Cristo crucificou o pecado
na cruz, nos diz Paulo, abrindo assim para nós a eternidade (Cl
2,14).
Não estamos habituados com a Ressurreição, por isso não temos o encanto por
esse mistério. Participamos da dor, participemos também a alegria e da glória.
Ressuscitamos
para a Vida Nova
Mistério Pascal de Cristo implica
também em nossa participação. Esta participação é mística, isto é, realizada em
símbolos materiais e acontecida em nós pela fé. Deste modo, como estivemos
unidos a Cristo a uma morte semelhante à sua, somos uma só coisa com Ele na
Ressurreição (Rm 6,5). “Se morremos com Cristo, temos
fé que também viveremos com Ele” (8). E Paulo completa:
“Assim considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus”(11). Esta morte nós
a realizamos no Batismo que simbolicamente significa passagem da morte para a
Vida. Ao sair da água, está indicando a vida nova. “Todos os que fomos
batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados. Pelo batismo
fomos sepultados com Ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos pela glória do Pai, assim também vivamos a Vida Nova” (3-4). Todos os
sacramentos nos dão a Vida Nova que é a participação da Vida que Cristo.
Buscai
as coisas do alto
O Mistério Pascal de Cristo tem
consequência na vida como o foi na vida de Jesus. Diante do romano Cornélio, ao
testemunhar quem era o Cristo, Pedro diz: “Ele andou por toda parte fazendo o
bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava
com Ele” (At 10,38). Neste sentido, a liturgia
proclama a carta de Paulo aos Colossenses: “Se ressuscitastes com Cristo,
esforçai-vos por alcançar as coisas do alto” (Cl 3,1). A fé pura, só
existe quanto tem a densidade do amor, pois fé, esperança e caridade são três
virtudes que não existem isoladas. Por isso temos o mandamento de Jesus: “Este
é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. Ninguém tem maior
amor do que aquele que dá a vida apor seus amigos” (Jo
15,12-13).
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