A reflexão sobre a Palavra de Deus nesse Sínodo importante
para Igreja, não foi somente um estudo, mas foi como recostar a cabeça no peito
de Jesus e escutar Sua palavra, aquela mesma que Ele ouvia do Pai e nos veio
transmitir. O Papa anota: “Estamos conscientes
de termos debruçado de certo modo sobre o próprio coração da vida
cristã, dando continuidade à assembleia sinodal anterior sobre a Eucaristia
como fonte e ápice da vida e da missão da Igreja”. É bom escutar estas palavras, pois o povo de Deus não ouve tanto um
ensinamento intelectual, mas uma Palavra de Vida que envolve toda a Igreja. A
experiência com a Palavra de Deus passou por muitas fases da história do povo
de Deus e de modo particular na história da Igreja. É belo perceber que,
durante todo o tempo, a santidade do povo foi modelada pela Palavra de Deus.
Lendo os textos dos diversos santos, vemos como conheciam a Palavra de Deus das
Sagradas Escrituras, até de cor, pois a citavam com muita propriedade e
variedade. Depois do concílio de Trento, em respostas à propostas protestantes
sobre a interpretação bíblica, retraiu-se nessa aproximação da Palavra para
evitar os males que a reforma havia trazido sobre a interpretação individual.
Diziam que cada um é inspirado pessoalmente. A Igreja compreende a
interpretação como um todo. Isso prejudicou bastante o conhecimento da Palavra.
O Papa lembra:
“Há que reconhecer que, nas últimas décadas, a vida
eclesial aumentou sua sensibilidade relativamente a este tema, com particular
referência à Revelação cristã, à Tradição viva e à Sagrada Escritura” (VD 3). Nós, da geração do Concílio, começamos a fazer estudos
mais aprofundados da Palavra. O Concílio estimulou a vivência e a mudança no
estilo de estudo partindo da Palavra e não só usando a Palavra como prova de
nossas ideias. É importante partir da Palavra e não usá-la a nosso favor.
1161. Cresce a Tradição
Vimos, nestes últimos 50
anos nos estudos, na prática pastoral e na vida espiritual um grande
crescimento do interesse pelas Sagradas Escrituras, como escreve o Papa, “a vida eclesial aumentou a sua sensibilidade relativamente
a este tema, com particular referência à Revelação cristã, à Tradição viva e à
Sagrada Escritura” (DV 4). Isto é o crescimento da
Tradição que vai desenvolvendo o conhecimento da verdade revelada e proporcionando
uma vivência mais fundada na Palavra de Deus. Fundamentada no passado, a
Tradição é sempre a mestra para abrir a Palavra de Deus ao momento atual. A
Palavra não é uma pedra rígida, mas como o Espírito, sopra onde quer. Ninguém é
dono da Palavra.
1162.Um
novo Pentecostes.
Por mais que existam diferenças nas diversas Igrejas,
sente-se um novo Pentecostes, como queria nosso amado Papa João XXIII. A
Unidade se fará na busca da Palavra. Neste Sínodo, como escreve o Papa Bento
XVI, “pudemos constatar, com alegria e gratidão, que ‘na Igreja há um
Pentecostes’” (4). Quis dizer que a Igreja fala em muitas línguas pelo mundo
afora, mas também que a experiência de Deus se dá em modos variadamente ricos
nas mais diversas culturas. A Palavra de Deus penetra as culturas e anuncia
através delas a verdade pura e salvadora. Ela é acessível aos simples e aos
homens de ciência. É triste ver como tantos reduzem a força da Palavra a seu
mundo como sendo a única expressão válida. Não é esse o sentido da Tradição.
Ela também é viva e eficaz, pois é guiada, como a Escritura, pelo Espírito
Santo.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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