O segundo domingo do Tempo Comum, dentro da pedagogia
litúrgica, tem uma função importante. É o elo entre o Tempo do Natal que
continua, e o Tempo Comum que se inicia. No Natal acolhemos a Manifestação do
Senhor. Neste domingo Ele se manifesta a seus discípulos. São três textos
diferentes nos anos A.B e C. Um deles é o texto das bodas de Caná e os outros dois
são a apresentação que João faz de Jesus a seus discípulos. A atitude dos
discípulos diante do milagre do vinho é o símbolo do acolhimento de Jesus como
Messias que inicia seu ministério; “Manifestou-se sua glória e seus discípulos
creram nele” (Jo
2,11); Ou como diz André: “Encontramos o
Messias” (Jo
1,41). Ou como continua o texto:
“Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na lei, e os profetas: Jesus, o
Filho de José, de Nazaré” (Jo 1,5). Notemos que no Ano B,
se faz a leitura de Marcos, e aqui o texto é de João. A comunidade professa a
fé em Jesus e acolhe sua missão através dos discípulos que tiveram a profunda
experiência de estar com Ele. São eles os primeiros a fazer o anúncio de Jesus
como o Envidado de Deus e corresponde às Escrituras. Jesus começa a reunir em
torno de Si a nova comunidade. A fé realiza a união em Jesus. Esta fé fez dos
discípulos continuadores de Sua missão. Os dois discípulos de João, André e o outro,
cujo nome não aparece, ouviram a indicação de João Batista e seguiram Jesus.
Passaram com Ele aquele dia. O dia iniciava-se ao entardecer. Por isso houve
uma convivência e um diálogo unido a uma refeição. A adorável presença de Jesus
e Maria é o alicerce deste passo. Logo comunicam aos amigos que acolhem o
testemunho. Simão, que significa dócil à escuta de Deus, recebe o nome Cefas
(Pedro) que significa rocha firme a serviço do Senhor. Assim temos os primeiros
colaboradores que serão chamados “fundamentos”.
Fundamento da missão
O salmo nos dá o modo de realizar a missão,
completando a primeira leitura sobre a vocação de Samuel. Samuel ouviu o
chamado de Deus e realizou sua missão com perfeição, pois “não deixava cair por
terra nenhuma de Suas palavras” (1Sm 3,19). Assim também os
apóstolos deixaram tudo e O seguiram. A obediência ao chamado de Deus envolve a
vida. Ela coloca os discípulos na mesma condição de Jesus que é fazer a vontade
do Pai, como rezamos no salmo 39: “Eis que venho!” Sobre mim está escrito no
livro: “Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei!”. A
missão de Jesus não é um gosto pessoal, mas o cumprimento da vontade do Pai,
como Jesus o diz tantas vezes. Esta vontade é o que moveu Jesus desde sua
encarnação até o momento em que entrega seu espírito a Deus (Lc 23,46). Por isso rezamos no Pai Nosso: “Seja feita vossa
vontade!”
Coerência de vida
A experiência de estar com Jesus e anunciá-Lo torna-se,
para quem crê Nele, um modo de vida. A coerência com a Palavra anunciada se dá
na Palavra vivida. A imoralidade, como se refere Paulo na segunda leitura (1Cor,613-20), será vencida porque somos membros de Cristo, somos
santuário do Espírito Santo e destinados à ressurreição. Pertencemos a Deus e
nosso corpo é instrumento da glória de Deus, caminho de santidade. Convivendo
com Cristo na refeição eucarística, como os discípulos, anunciamos a
experiência de fé que tivemos. Do contrário serão liturgias mortas. A coerência
de vida será o primeiro testemunho que podemos dar. Mas temos que anunciar.
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