Evangelho segundo S. João 20,24-29.
Naquele
tempo, Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor». Mas ele respondeu-lhes:
«Se não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, se não meter o dedo no lugar dos
cravos e a mão no seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os
discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas
fechadas, apresentou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Depois disse a Tomé: «Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; aproxima a
tua mão e mete-a no meu lado; e não sejas incrédulo, mas crente». Tomé
respondeu-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!». Disse-lhe Jesus: «Porque Me viste
acreditaste: felizes os que acreditam sem terem visto».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Basílio de Selêucia (?-c. 468), bispo
Sermão da Ressurreição,
1-4
«Mete o teu dedo na marca dos cravos», diz
Jesus a Tomé. «Procuraste-Me quando Eu não estava cá, aproveita agora. Conheço a
tua vontade, apesar do teu silêncio. Sei o que pensas antes sequer de que Mo
digas. Ouvi-te falar e, embora invisível, estava junto de ti e das tuas dúvidas;
e, sem Me fazer sentir, fiz-te esperar para melhor observar a tua impaciência.
Mete o teu dedo na marca dos cravos e a tua mão no meu lado, e não sejas assim
incrédulo, mas crente».
Então Tomé toca-Lhe e cai por terra toda a sua
desconfiança. Cheio duma fé sincera e de todo o amor que deve ao seu Deus,
exclama: «Meu Senhor e meu Deus!» E o Senhor diz-lhe: «Porque Me viste,
acreditaste. Felizes os que creem sem terem visto. Tomé, leva o relato da minha
ressurreição a todos os que não viram. Exorta a Terra inteira a crer, já não nos
seus olhos, mas na tua palavra. Percorre os povos e as cidades pagãs e ensina-os
a levar aos ombros a cruz em vez das armas. [...] Diz-lhes que doravante são
chamados pela graça e tu, contempla a sua fé: felizes, na verdade, aqueles que
acreditaram sem terem pedido para ver!»
Assim é o exército recrutado
pelo Senhor, e assim são os filhos da piscina batismal, as obras da graça, a
colheita do Espírito. Seguiram a Cristo sem O terem visto, procuraram-no e
acreditaram porque viram, mas com os olhos da fé e não do corpo. Não meteram o
dedo na marca dos cravos, mas pregaram-se à sua cruz e aceitaram os seus
sofrimentos. Não viram o lado de Cristo mas, pela graça, foram unidos aos seus
membros e fizeram suas as palavras do Senhor: «Felizes os que creem sem terem
visto».
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