PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
376. Presença de Cristo
No
coração dos discípulos ardia um profundo desejo que se expressa na narrativa
dos discípulos de Emaús: “Fica conosco, Senhor, pois cai tarde e o dia já
declina” (Lc 24,29). Todo acontecimento da passagem de Jesus ao Pai provocara
neles o anseio profundo de Sua querida presença. O texto refere-se também a todo
o conjunto do povo de Deus. A narrativa é uma Palavra de Deus, e como tal, é
‘viva e eficaz’ para todos os tempos. Por isso, a cena de Emaús é reflexo
também de nosso coração. Suspiramos por uma presença como que palpável. É o
nosso coração, que, mesmo sendo fiel, não deixa de ser humano. O Pai responde
com carinho mostrando onde seu Filho se encontra vivo e atuante. Ele está
sempre presente através de seu modo acessível, como sempre o foi. A fé que nos
deu, faz-nos vê-lo em qualquer circunstância. Quanto mais presente se faz em
nós, mais nós O vemos. Quem O ama, O vê, como nos mostra o apóstolo João.
Diante do acontecimento da pesca milagrosa, que era símbolo da pregação
universal, ele diz: “É o Senhor!” (Jo 21,7). Jesus não se afastou. Assumiu um
novo tipo de presença, não para ocultar-se, mas para estar ao alcance de todos
e de qualquer um, a todo tempo e lugar. Não há o obstáculo da fragilidade da
humana natureza, mas o aperfeiçoamento da graça espiritual que aperfeiçoa os
valores humanos, levando-os a sua plena realização. Vivemos já a vida eterna,
de ressuscitados com Cristo. Por isso nós o temos presente. Mas eu posso
afirmar: ‘Como pode ser se não O vejo, não O toco, não O odoro?’ Sim, mas com
os sentidos espirituais comandos pela fé, pela esperança e pelo amor posso
tê-lo presente. Quando rezamos “Fica conosco, Senhor!”. Estamos justamente confirmando
que cremos nessa verdade, pois não o faríamos, sabendo que sua presença não é
mais carnal.
377. Caminhos
com Cristo
Em a narração do encontro de Jesus
com os discípulos que iam a Emaús podemos ler também que Ele começou a caminhar
com eles e a interessar-se pelo que conversavam, pelos acontecimentos do
momento, pelos seus sentimentos e mesmo pela sua fragilidade no conhecimento
das coisas de Deus. Podemos notar como Jesus entra em nossa vida, não a partir
de um pedestal de glória ou poder, mas a partir de nosso caminho diário, de
nossas coisas e nosso modo de ser, e mesmo, de onde estamos. Ele toma a iniciativa
de fazer o caminho conosco. Responde bem ao nome do Deus do Êxodo: “Eu sou O
que Sou” – Eu sou o Deus que caminha com o povo, o Emanuel, Deus Conosco. Por
que mudamos tanto e ainda insistimos em complicar quando falamos de Jesus. Ele
é tão simples. Se nós o colocarmos onde estamos, fica mais fácil de encontrá-lO.
Onde estamos aí Ele está. Quando nos dermos conta de sua presença é porque já há
tempo está caminhando conosco. É claro que um Jesus de livros é bom pois não compromete.
É mais fácil, pois nós o fazemos a nossa imagem. Mas faz falta o Jesus
conhecido como os discípulos o conheceram, comendo com ele o pão, o pó da
estrada e das amarguras vividos juntos.
378.
Ao partir do Pão
“Os discípulos reconheceram Jesus ao partir do pão”. A celebração da
Eucaristia é o momento importante de “estar com Ele”. “Seus olhos se abriram”.
O amor mútuo é a ocasião de perceber sua presença. Podemos nos perguntar? Por
que nossas missas acabam sendo aquele momento em que sempre é bom que seja mais
rápido ou dá sono ou não atrai?
Certamente
que a liturgia deveria ser melhor celebrada. Por outro lado ela exige que eu vá
com fé na presença de Cristo e fé que a missa, a eucaristia, é fundamental para
a vida cristã.
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