quinta-feira, 21 de julho de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu te fiz profeta das nações”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
A recusa ao profeta
 
Jesus concluíra sua pregação na sinagoga de Nazaré com as palavras: “Hoje se cumpriu essa Escritura que acabais de ouvir”. É o Hoje de Deus que se atua na misericórdia para todos, sem distinção. Ele não é o vingador, mas o Redentor de bondade. Todos elogiavam suas palavras. Mas começam a criticar porque, sendo um homem que ali vivia até então. Como agora está tão poderoso assim, com essa visão nova da realidade divina? E se escandalizaram e O rejeitaram, levando para fora da cidade para lançá-lo montanha abaixo. Pedem então que faça milagres para provar que é mesmo poderoso. Jesus fazia seus milagres para a fé e não para espetáculo. A busca de milagres como prova de poder é tentar a Deus, como fez o demônio na cena da tentação (Lc 4,12). Primeiro é necessária a adesão de fé que é amor. Jesus continua sua pregação: “Nenhum profeta é recebido na própria terra”. E cita Elias e Eliseu que curam estrangeiros (24-27). Ao dizer a palavra profeta, está anunciando que Ele é o grande Profeta prometido por Deus semelhante a Moises que viria com poder de palavras e milagres. Os profetas que Deus enviou não foram aceitos. Jesus diz que foram assassinados os que eram de Deus: “desde o justo Abel até Zacarias (não o pai de João) que foi morto entre o altar e o santuário” (Lc 11,51). Diz também: “Jerusalém que matas os profetas” (Mt 23,37). Ao serem acusados de não terem fé, sentem-se ofendidos, levam-nO para fora da cidade para lançá-lo no precipício. Há uma curiosidade: Em Nazaré não há um tal precipício que dê para jogar alguém. Quem sabe possamos entender que se trata de pressionar Jesus a mudar de idéia sobre si mesmo e sobre sua missão. Essa recusa dos chefes é permanente. O povo, ao contrário, se deliciava com as palavras de Jesus. Hoje a sociedade, e mesmo os cristãos tentam destruir Jesus sua missão e sua palavra. Não podemos fazer cristianismo sem Jesus. 
O amor jamais acabará 
Paulo, na primeira Coríntios (1 Cor 12,31-12,13), oferece o programa da vida cristã, a caridade, descrevendo-a com todas as cores. O amor misericordioso, proposto pelo Profeta Jesus, é a razão de toda profecia e o conteúdo de toda evangelização. João diz-nos que esse amor é o próprio Deus, pois Deus é amor” (1Jo 4,8. O ponto de partida é a fé em Jesus. Por isso, recusar Jesus, é recusar o amor. Aceitar Jesus pela fé e vivê-lo na caridade é ter a esperança. A caridade, infundida em nossos corações pelo Espírito Santo (Rm 5,5), é o que leva avante a profecia, mesmo em meio às recusas. Na Paixão Jesus diz à mulheres no caminho do Calvário “Se fazem assim com o lenho verde, o que não acontecerá com seco? (Lc 23,31). Se perseguiram a mim, perseguirão também a vós” (Jo 15,20). O amor sustenta os perseguidos e os mártires. O amor a Deus sustenta o amor ao povo de Deus. 
Uma Igreja pouco profética? 
A Igreja continua a missão profética de Jesus com todas suas belezas e agruras. No momento atual ela é convocada a ter maior ousadia e profetismo para que Jesus não seja excluído da vida do povo de Deus. Ela precisa crer na força de sua profecia, que não é sua, pois quem fala é Cristo pela boca de seus profetas. Como lemos em Jeremias 1,5-19, o profeta é um escolhido por Deus e por Ele garantido. Diz: “Eu farei de ti uma cidade fortificada ... diante dos Reis, sacerdotes e povo da terra; Eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te” (Jr ,18-19). Ser profeta custa, mas vale a pena. A cena de Nazaré se repete sempre onde está presente Jesus. 
Leituras: Jeremias 1,4-5.17-19; Salmo 70;
 1 Coríntios 12,31-13,13; Lucas 4,21-30 
1.Jesus é recusado pelos seus conterrâneos porque Se mostra um anunciador de um Deus da misericórdia, não um vingador. Pedem provas de milagres. Jesus os faz somente pela fé, não para espetáculo. Jesus se coloca na linha do Profeta prometido por Deus, como Moisés e se diz perseguido como os outros profetas. Os chefes o recusaram. O povo o amava. Não podemos fazer um cristianismo sem Jesus. 
2. Na primeira carta aos Coríntios Paulo coloca a caridade com fundamento de toda evangelização, pois Deus é amor. O amor misericordioso será pregação do Profeta Jesus. Aceitar Jesus pela fé e vive-lO na caridade é ter a esperança. O amor sustenta os profetas recusados. 
3. A Igreja continua a missão profética de Jesus com suas belezas e agruras. No momento atual ela é convocada a ter maior ousadia e profetismo para que Jesus não seja excluído do povo de Deus. A vocação de Jeremias, como profeta, é uma fortaleza contra todos os obstáculos. A cena de Nazaré se repete onde está presente Jesus. 
Eu amo, tu amas... 
Jesus, em Nazaré, lançou o seu programa de vida: quem O aceita, assume esse programa. No evangelho do 4º domingo comum vemos a rejeição injusta por parte de seus compatriotas. Se assumirmos o mesmo projeto vamos receber a mesma rejeição. Contudo, o programa de Jesus tem como execução o amor. Por isso Paulo descreve, no hino à caridade, as características desse Reino: Se eu falasse todas as línguas, mas não ativesse a caridade, eu seria como um sino que bate. A caridade nunca passará.
Homilia do 4º Domingo Comum
EM JANEIRO DE 2007

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