Evangelho segundo São Marcos 12,18-27.
Naquele tempo, foram ter com Jesus alguns saduceus – que afirmam não haver ressurreição – e perguntaram-lhe:
«Mestre, Moisés deixou-nos escrito: "Se morrer a alguém um irmão, que deixe esposa sem filhos, esse homem deve casar-se com a viúva, para dar descendência a seu irmão".
Ora, havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência.
O segundo casou-se com a viúva e também morreu sem deixar descendência. O mesmo sucedeu ao terceiro.
E nenhum dos sete deixou descendência. Por fim morreu também a mulher.
Na ressurreição, quando voltarem à vida, de qual deles será ela esposa? Porque todos os sete se casaram com ela».
Disse-lhes Jesus: «Não andareis vós enganados, ignorando as Escrituras e o poder de Deus?
Na verdade, quando ressuscitarem dos mortos, nem eles se casam, nem elas são dadas em casamento; mas serão como os anjos no Céu.
Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes no Livro de Moisés, no episódio da sarça ardente, como Deus disse: "Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob"?
Ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Vós andais muito enganados».
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge,depois patriarca de Antioquia
Homilia5,sobre a Ressurreição;PG89,1358
«Ele não é Deus de mortos, mas de vivos»
«Foi para isto que Cristo morreu e voltou à vida: para ser Senhor tanto dos mortos como dos vivos» (Rom 14,9); «Ele não é Deus de mortos, mas de vivos». Dado que o Senhor dos mortos está vivo, os mortos já não estão mortos, mas vivos: a vida reina neles, para que vivam e deixem de temer a morte, do mesmo modo que «Cristo ressuscitado dos mortos já não morre» (Rom 6,9). Ressuscitados e libertados da corrupção, já não verão a morte; participarão da ressurreição de Cristo, tal como Ele teve parte na sua morte. Com efeito, se Ele veio à Terra, que até então era uma prisão eterna, foi para «quebrar as portas de bronze e despedaçar os ferrolhos de ferro» (Is 45,2), para retirar a nossa vida da corrupção atraindo-a a Si, e nos dar a liberdade em substituição da escravidão.
O facto de este plano de salvação ainda não estar realizado -- porque os homens continuam a morrer e os seus corpos são desagregados pela morte -- não deve ser motivo de incredulidade. Já recebemos as primícias daquilo que nos foi prometido, na pessoa daquele que é o nosso Primogénito: «Com Ele nos ressuscitou e nos sentou no alto do Céu, em Cristo» (Ef 2,6). Esperamos a plena realização desta promessa, quando chegar o tempo fixado pelo Pai, quando sairmos da infância e tivermos alcançado o «estado de homem perfeito» (Ef 4,13). Como declarou o apóstolo Paulo, que bem o sabia, isso acontecerá a todo o género humano, por Cristo, que «transfigurará os nossos pobres corpos à imagem do seu corpo glorioso»(Fil 3,21). O corpo glorioso de Cristo não é diferente do corpo «semeado na fraqueza, desprezível» ( 1Cor 15,43); é o mesmo corpo, transformado em glória. E o que Cristo realizou conduzindo ao Pai a sua própria humanidade, primeiro exemplar da nossa natureza, fá-lo-á para toda a humanidade segundo a sua promessa: «Quando Eu for elevado da Terra, atrairei todos a Mim» (Jo 12,32).
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