Marcel nasceu em Rennes, França, em 6 de dezembro de 1921. Era o segundo filho de uma família que teve nove crianças. Aos 12 anos, tornou-se aprendiz numa gráfica, onde trabalhava como tipógrafo. Entrou para a JOC (Juventude Operária Cristã), onde começou a privilegiar a vida espiritual como fonte de todas as suas ações, num mundo operário bastante descristianizado. Ao se tornar chefe da sua seção, Marcel não mediu esforços para assumir as responsabilidades práticas e, sobretudo, morais que a sua posição implicava.
Em 1943, o jovem perdeu uma irmã num bombardeio e viu-se convocado pelo STO (Serviço de Trabalho Obrigatório): apesar do seu desgosto (Marcel tinha acabado de ficar noivo), ele aceita partir, por um lado para evitar represálias contra a sua família, e por outro, numa perspectiva missionária: lá, onde iria servir, a necessidade do apostolado era urgente.
Enviado a Zella-Mehlis (Turíngia, Alemanha), Marcel foi trabalhar numa fábrica de revólveres. Habitava um campo com aproximadamente 3 mil outros operários. Conseguindo superar um período de desgosto e desencorajamento, o jovem começou, pouco a pouco, a organizar clandestinamente a vida cristã do grupo. Porém foi traído por suas atividades, e acabou sendo preso em 19 de abril de 1944 porque era “muito católico”.
Transferido para a prisão de Gotha com os principais dirigentes da JOC da Turíngia (doze, ao todo), Marcel acabou transferido para os campos de concentração de Flossenburg (onde *Dietrich Bonhoeffer foi enforcado) e de Mauthausen, onde partilhou dos terríveis sofrimentos impingidos a todos os deportados, vivendo com eles o pânico dos nazistas diante do Aliados. Marcel sofreu também em Gusen II,, o pior dos Kommandos.
Sofrendo horrivelmente do estômago, ele acabou morrendo devido ao esgotamento físico em 19 de março de 1945, assistido por um camarada de campo, o coronel Tibodo, que ficou perturbado diante de sua atitude e assim testemunhou: “Conheci Marcel Callo apenas durante algumas horas, as que precederam à sua morte em março de 1945, um mês e meio antes da sua liberação. Conheci-o somente durante as últimas horas da sua vida: para todos os efeitos, ele morreu nos meus braços. Todavia, foi o bastante para constatar que aquele menino estava muito acima da natureza humana comum. (...) Se eu bem guardei a sua lembrança, pois passei por diversos campos e conheci inúmeros prisioneiros, Marcel Callo tinha um olhar verdadeiramente sobrenatural. O testemunho que dei está muito aquém da realidade: o olhar de Marcel era de esperança, a esperança numa vida nova. (...) Foi, para mim, uma revelação: seu olhar exprimia uma profunda convicção de que ele partia para a felicidade. Era um ato de fé e de esperança numa vida melhor. Eu nunca vi, num moribundo, um olhar como o de Marcel.”
Marcel Callo foi beatificado num domingo, dia 4 de outubro de 1987, pelo Papa João Paulo II, à ocasião do sínodo mundial dos bispos sobre a vocação e a missão dos leigos na Igreja e no mundo. O beato Marcel Callo é festejado, na diocese de Rennes, em 19 de abril, data em que foi preso em Zella-Mehlis, e em 19 de março, por ser a festa de São José (que também era operário).
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
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