Evangelho segundo São Mateus 1,18-24.
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo.
Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo.
Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo.
Ela dará à luz um Filho, e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados».
Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz:
«A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado Emanuel, que quer dizer Deus connosco».
Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.
Tradução litúrgica da Bíblia
São Pedro Crisólogo(406-450)
bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 146, sobre Mt1,18;PL52,591
«Maria, sua Mãe, noiva de José»
Teria bastado dizer: Maria estava noiva. Pois o que é uma mãe noiva? Se é mãe, não está noiva; se está noiva, ainda não foi mãe. «Maria, sua Mãe, noiva de José»: noiva pela virgindade, Mãe pela fecundidade. Era uma Mãe que não conhecera homem e que, no entanto, conheceu a maternidade. Como não seria Mãe antes de ter concebido, ela que, após o nascimento, é Virgem e Mãe? Quando é que não foi Mãe aquela que gerou o fundador dos tempos, Aquele que deu um começo às coisas? [...]
Porque se destina o mistério da inocência celeste a uma noiva e não a uma virgem ainda livre? Porque tem o ciúme de um noivo de pôr a noiva em perigo? Porque será que tanta virtude parece pecado e a salvação eterna um risco? [...] Que mistério se encontra aqui, meus irmãos? Não há um traço, uma letra, uma sílaba, uma personagem do Evangelho que sejam vazios de sentido divino. É escolhida uma noiva para ser já designada a Igreja, noiva de Cristo, segundo as palavras do profeta Oseias: «Então te desposarei conforme a justiça e o direito, com misericórdia e amor. Desposar-te-ei com fidelidade» (2,21-22). É por isso que João diz: «Aquele que tem a esposa é o Esposo» (Jo 3,29). E São Paulo: «Por vos ter desposado com um único esposo, como virgem pura oferecida a Cristo» (2Cor 11,2). Ó verdadeira esposa, a Igreja, que pelo nascimento virginal [do batismo], gera uma nova infância de Cristo!
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