terça-feira, 3 de setembro de 2019

Beata Angela Maria (Jeanne) Littlejohn, Virgem e mártir - 3 de setembro

Jeanne Littlejohn nasceu em Túnis, Tunísia, em 22 de novembro de 1933, filha de Guillaume Littlejohn, de origem maltesa, que se casara em segundas núpcias com a italiana Viola Simone. Quando seu pai morreu em 1941, ela e seus irmãos foram recebidos no colégio interno: o único homem nas Filhas da Caridade, as três mulheres nas Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos, em Túnis.
     Ao completar quinze anos, em 28 de maio de 1948, ela recebeu a Confirmação na paróquia do Sagrado Coração de Túnis. Algum tempo depois, Jeanne voltou às irmãs que ela já conhecia, para ser uma delas. Para verificar a genuinidade de sua vocação, ela foi enviada por um ano para Lourdes, em 1956. No final desse período, foi admitida no postulado na casa mãe de Vénissieux, perto de Lyon. Na profissão religiosa ela mudou seu nome para Irmã Angèle-Marie.
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     Irmã Angèle-Marie permaneceu na casa-mãe até os votos temporários, emitidos em 8 de setembro de 1959. Foi então enviada para Bouzaréah, nos arredores de Argel, onde as Irmãs mantinham um orfanato e um colégio para jovens: ela cuidava das alunas mais jovens e ensinava as mais velhas, já tendo se tornado particularmente hábil nas rendas tradicionais da Argélia, que ela ensinava às meninas.
     Em 1964, quando a Escola de Artes de Argélia em Belcourt foi aberta, por causa dessa habilidade ela foi admitida como instrutora de bordados, ali permanecendo até sua morte. No ano seguinte, 8 de setembro de 1965, ela fez os votos perpétuos. Juntamente com as duas irmãs da pequena comunidade da qual ela fazia parte, visitava as famílias das estudantes, preocupando-se com as suas ausências e garantia que durante o exame as meninas fossem julgadas corretamente.
     Ela era circunspecta, mas, se necessário, sabia expressar sua alegria como as mulheres argelinas, que muitas vezes a convidavam para as festas de casamento e a viam dançando com elas. Paciente, íntima e simples com as meninas, ela desejava incutir nelas o amor pela arte, por um trabalho bem feito; ela falava na língua delas. A Irmã Angèle-Marie se sentia profundamente ligada à Argélia, aos seus habitantes, à sua missão, compartilhando com este povo as alegrias e as tristezas.
     As ameaças aos estrangeiros, entretanto, tornavam-se cada vez mais frequentes. Diante dos riscos que se prenunciavam, a Irmã Angèle-Marie reagiu com a oração, como escreveu: "Estou triste, desamparada, rezo a Nossa Senhora dos Apóstolos na missa cotidiana, na oração, no Rosário e na amizade de pessoas".
     O Padre Bonamour, sacerdote da paróquia, falava do perigo. A superiora geral das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos perguntou às suas irmãs na Argélia se elas queriam sair ou ficar. Irmã Angèle-Marie escolheu a segunda opção: “Para testemunhar a Jesus. Não tenho medo, porque estou com Ele e com a Santa Virgem. No final desses dias de oração e reflexão escolhi ficar”.
     Afinal, as pessoas do bairro as amavam: "Bom dia, mamães", saudavam quando passavam na rua para ir ao mercado. Elas respondiam com um sorriso: "Bom dia, filhinhos!".
     No dia 3 de setembro de 1995, a Irmã Angèle-Marie e sua superiora, Irmã Bibiane Leclercq, foram à missa nas freiras salesianas. À uma irmã que manifestou seu medo da violência, Irmã Angèle-Marie responde: "Não devemos ter medo. Só temos que viver bem no momento presente... O resto não nos pertence". Às 19h15, elas deixaram a capela das freiras e voltavam para casa. Chegando à altura do número 92 da Via Benlouzaïd, na qual moravam no número 105, foram atingidas por tiros. Elas haviam tomado as precauções necessárias, mas era óbvio que alguém as perseguira.
     As duas Irmãs Missionárias de Nossa Senhora dos Apóstolos foram incluídas na causa que contava dezenove candidatos aos altares, todos religiosos, mortos de 1994 a 1996, durante os chamados "anos negros" da Argélia. Seu inquérito diocesano ocorreu em Argel, de 5 de outubro de 2007 a julho de 2012.
     Em 26 de janeiro de 2018, o Papa Francisco autorizou a promulgação do decreto relativo ao martírio dos dezenove religiosos. Sua beatificação foi celebrada em 8 de dezembro de 2018 no santuário de Nossa Senhora de Santa Cruz em Oran, presidida pelo cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, como enviado especial do Santo Padre.
     A memória litúrgica de todo o grupo foi marcada para 8 de maio, o dia do nascimento no céu dos dois primeiros mortos, Irmão Henri Vergès e Irmã Paul-Hélène Saint-Raymond.

Argel, capital da Argélia


     Argel, com uma população de mais de um milhão de habitantes, ao norte da África é a capital da Argélia, o segundo maior país da África. No século IV havia neste país entre 600 e 700 bispos católicos.
    Santo Agostinho, um dos maiores santos da Igreja, era argelino. Os árabes aí impuseram a religião islâmica a partir do século VII. Hoje o Islamismo é a religião do estado, praticada por 98% da população. Nas quatro dioceses argelinas não há mais que cerca de 60.000 católicos.
    Em Argel encontra-se um célebre santuário mariano dedicado à Nossa Senhora da África. Duas mulheres foram as idealizadoras deste templo: Margarida Bergezio e Anna Cuiquien, francesas, de origem italiana. Elas acompanharam o bispo Dom Pavy, em 1846, para dedicarem-se às obras sociais que o mesmo bispo fundara na Argélia. Quando ali chegaram as missionárias não encontraram nenhum santuário mariano. Por isso colocaram uma pequena imagem da Virgem sob uma oliveira nas proximidades de Argel. Pouco a pouco o lugar se transformou num centro de peregrinação por parte de numerosos devotos de Nossa Senhora. As piedosas mulheres recolheram dinheiro e construíram uma capela provisória em 1857.
    O atual santuário foi concluído em 1872 sobre um promontório que domina o mar e a cidade de Argel. Numerosos são os peregrinos que o visitam. Há milhares de ex-votos espalhados nas paredes. Não apenas católicos, como também muçulmanos, especialmente as mulheres, vêm de todas as partes para rezar ante à imagem da Santíssima Virgem, chamada em árabe de “Lalla Mariam”.

Escola de bordado árabe Luce Ben Aben I, Argel, Argélia 
    Esta impressão fotocrômica do interior de uma escola de bordado em Argel é parte das “Imagens de pessoas e lugares na Argélia”, do catálogo da Detroit Publishing Company (1905).
     Em 1845, a francesa Eugénie Luce (1804 a 1882) abriu uma escola para garotas muçulmanas em Argel que tinha como objetivo educar as jovens locais nos moldes europeus. Ela incluiu o ensino de bordado no currículo, assim como francês e outras disciplinas. 
     Em 1861, a administração franco-argelina retirou o financiamento da escola. A ênfase da escola passou então de educação geral para bordado e treinamento para o comércio. O artesanato tradicional feminino na Argélia, assim como a tecelagem, o bordado e a fabricação de tapetes, havia sofrido com a concorrência dos produtos importados feitos à máquina; a Escola Luce Ben Aben buscou trabalhar contra os efeitos dessa tendência. Em 1880, a neta de Madame Luce, Madame Ben-Aben, dirigia a escola.


Vista parcial de Bouzaréah
Fontes:

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