A
palavra bíblia significa livros. É uma biblioteca da sabedoria de Deus. Ele se
serviu dos homens e, pela ação do Espírito Santo, colocou sua sabedoria a tal
modo que as pessoas entendessem. Deus não iria fazer algo só para alguns, mas
abriu seus tesouros também para os humildes. A Bíblia não é um privilégio só
dos estudiosos. Primeiro é palavra de Deus. Mas escrita na linguagem dos
homens. Temos que ter consciência que foi escrita na linguagem de um tempo. Há
coisas que não são de nosso linguajar. Ela não foi escrita de uma vez. Foram
quase mil anos para escrever, recolhendo tradições antiqüíssimas, como por
exemplo, as narrativas do Genesis, Êxodo, Juízes etc... Cada texto tem que ser
entendido como palavra de Deus, mas para ver o que diz é preciso também
conhecer sua origem. Não podemos pegar frases soltas e dizer o que queremos.
Cada palavra tem seu contexto. A Bíblia é o livro mais traduzido e podemos
dizer, o mais estudado. É bom usar a sabedoria humana para acolher melhor a
sabedoria de Deus. Temos que entender sempre melhor o que o escritor sagrado
quis nos dizer. Do contrário, podemos anular o que nos é proposto pela Palavra.
Esses estudos já são antigos e podem nos iluminar. É preciso estudar. É mais
fácil jogar sobre a Palavra nossas palavras e assim seguir caminhos que não
levam à sua compreensão. A primeira preocupação é saber que ela foi escrita por
homens, inspirados por Deus.
1943.
Como estudar?
Um
primeiro elemento a se ter em conta é o gênero literário. A Palavra de Deus é
igual para todos os textos. Mas o sentido do texto tem que partir do gênero
literário, isto é, ver como foi escrito. É diferente um livro profético de um
histórico. Um apocalíptico é diferente de um livro de salmos. Há frases que não
trazem uma revelação. São todos inspirados, mas não ensinam algo espiritual.
Por exemplo: “O cachorro de Tobias foi correndo como mensageiro e mostrava seu
contentamento fazendo festas abanando a cauda” (Tb 11,9). O texto tem que ser interpretado e
usado conforme seu gênero literário. Houve no Antigo Testamento um longo
caminho de composição da Palavra de Deus. Houve um crescimento do povo. Desde a
saída de Abraão até a ressurreição de Jesus há uma diferença. Temos que
entender os tempos históricos. Há uma ordem de matar todos as pessoas e
animais. Em Jesus vamos ver outra linguagem. Temos que ver o Antigo Testamento
a partir da revelação de Jesus. Não destruímos o Antigo Testamento, mas o
entendemos num processo pedagógico que Deus usa para preparar seu povo para a
vinda de seu Filho, Palavra viva.
1944.
Jesus é o modelo de entender a Palavra
Dizendo que não veio abolir a lei e
os profetas, mas levar à perfeição, Jesus modifica textos do Antigo Testamento.
Estava escrito: “Olho por olho, dente por dente” Jesus modifica e diz: “Aquele
que te fere a face direita, oferece-lhe também a esquerda” (Mt 5,38). Essa frase
é da lei do Talião de Hamurabi, da Mesopotâmia, do sec. XVIII AC. Com isso
podemos ver que a leitura tem que ser criteriosa e não pode ser tomar um texto
isolado dos outros nem fora de seu tempo. Aperfeiçoamento não significa negar,
mas levar adiante. Quantas leis que há no Antigo Testamento que foram deixadas de
lado. Para isso é preciso ver como as comunidades primitivas acolheram a
Palavra de Deus do Antigo Testamento e foram capazes de discernir as do Novo
Testamento. Por isso é preciso estudar. O Espírito Santo ilumina, mas não
substitui. Temos que fazer também nossa parte.
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