quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “João, a voz que clama”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
O Reino de Deus está próximo
               A grandiosa personagem do profeta João Batista domina no tempo do Advento deste ano. Ele é o último profeta do Antigo Testamento e abre as portas ao Novo. Ele é austero, criado no deserto e amadurecido em Deus. Ele era sacerdote, pois seu pai era de família sacerdotal, não o exerceu porque escolheu ser profeta. Cresceu no deserto selvagem até iniciar sua missão, como o povo que depois de 40 anos de deserto pode entrar na terra prometida. Sabe que sua missão é preparar a vinda do Messias. Por isso prega a conversão: “Convertei-vos porque o Reino de Deus está próximo” (Mt 3,1-12). Jesus inicia sua pregação com quase as mesmas palavras: “O tempo está realizado e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). Essa conversão era radical, como um machado colocado à raiz da árvore. Se ela não der fruto será cortada e queimada (10). A disposição de conversão é uma preparação para o acolhimento daquele que batizará com o Espírito Santo e o fogo (11), como ocorre em Pentecostes. É purificação e vida. Com a pregação à conversão se dá a preparação para a vinda do Messias e se abre ao Reino que se aproxima. João clama para que nos convertamos e produzamos frutos a fim de que o Reino de Deus se estabeleça entre nós. Por isso rezamos: Que “nenhuma atividade terrena nos impeça de correr ao encontro de vosso Filho, mas, instruídos pela vossa sabedoria, participemos da plenitude de sua vida” (oração). Em sua vinda, Jesus confirmou as promessas de Deus para os judeus e usou de misericórdia para com os pagãos” (Rm 15,8-9). João é um profeta sempre atual e modelo dos que se dedicam ao anúncio do Reino. João tinha vigor porque sua conversão a Deus foi resoluta e total.
Acolhei-vos
               Converter-se é acolher o outro, com escreve Paulo: “acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu, para a glória de Deus” (Rm 15,7). A proposta de conversão é acolher Aquele que foi prometido, Jesus, que vem cheio do Espírito do Senhor para anunciar a ­Palavra e proclamar a justiça (Is 11,14). A justiça proclama a presença da era messiânica que levará a uma reconciliação universal. O profeta tem uma proposta imensa: Paz entre os animais, paz entre os animais e a pessoas, como o cordeiro junto do lobo, e a criança ao lado da serpente (6-8). O acolhimento instalará a comunhão que salva o mundo. Por isso exige uma conversão consistente que modifique a face do mundo. Com o Espírito que foi dado a Jesus, poderemos fazer a mudança.
Florirá a justiça
Em cada Natal sonhamos que a vinda do Senhor realizará essa transformação universal, como clamou o profeta Isaias. Para isso temos que realizar conversão a mudança de mentalidade e de atitudes como prega João. Não basta ser cristão de nome, como se justificavam os fariseus: “Abraão é nosso Pai”. É preciso produzir frutos de conversão  (Mt 3,9-10). Esperamos por mudanças radicais no mundo. Por que não se fazem? Compete aos que crêem preparar o caminho do Senhor. Assim rezamos: “Ensinai-nos a julgar com sabedoria os valores terrenos e colocar nossa esperança nos bens eternos”. Em cada liturgia podemos criar o ambiente que nos ensine a viver no mundo que Deus nos dá. A Eucaristia é propícia para a conversão e é uma escola do acolhimento de Cristo e dos irmãos.
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