PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
A fé é
transformadora e serviçal!
Como uma
sementinha
A vida cristã se
desenvolve na fé. Por isso, profeta Habacuc afirma que “o justo viverá por sua
fé” (Hab 2,4). A fé acompanhou os patriarcas, alimentou os profetas e sustentou os
que creram em Jesus. Esta fé depende também de nosso desejo de crescer. Por
isso Paulo insiste que devemos soprar as brasas e reavivar o fogo do dom que
nos foi dado.
Os discípulos, na convivência com Jesus, pediam que lhes ensinasse as
realidades do Reino. Ora querem aprender a rezar. Jesus ensina o Pai Nosso. Ora
pedem para aumentar sua fé. Jesus diz que sua fé, mesmo sendo muito pequena,
teria a força para arrancar uma planta e plantá-la no mar. Duas maravilhas: a
força de transplantar e fazê-la crescer onde não é lugar apropriado: no mar. Fé
tem uma força sem limites porque está unida ao próprio Deus que a doa
gratuitamente. Como é dom gratuito, quando servimos Deus não fazemos nada de
especial. Estamos agradecendo e fazendo o que devíamos fazer. Deus não tem obrigações
para conosco. Por isso fazemos coisas maravilhosas pela força da fé. Abraão
partiu para uma terra que ele não sabia onde era... Moisés conduziu o povo no
deserto, como se visse o invisível (Hb 11,27) – como lemos na carta aos Hebreus. Jesus dá o
testemunho dessa fé quando se encarna não usando as prerrogativas de sua
divindade. Assim ensina que como viver. Por isso o justo vive da fé. Viver a fé
exigirá despojamento para viver no serviço.
A fé é serviçal
A fé é responder e aderir com amor a
Deus que chama a si para os irmãos. É dom gratuito dado a todos. Torna-se
necessário corresponder a Ele com totalidade. Os santos não ficaram santos por
dons especiais, mas porque acolheram com totalidade a fé e se puseram a serviço
dos irmãos. Jesus faz uma comparação difícil no primeiro momento: fazer tudo e
dizer: “somos servos inúteis; fizemos o que devia ser feito” (Lc
17,10).
Significa que nada que fizermos será grande para pagar a fé que recebemos e o
que fizemos por ela. Só podemos agradecer. Servir já é agradecer. Como Cristo se faz servo. todo aquele que
está no serviço do Reino é sempre servo como Cristo que sente sua realização no
cumprimento da vontade do Pai. Como é gratuita a graça, a correspondência
também é gratuita. A fé não é crer num punhado de grandes verdades, mas
acolher um dom ao qual respondemos com o serviço a Deus feito pelos irmãos.
Deus não deve nada a ninguém. Nossa fé reascende na medida em que damos o testemunho
e guardamos o precioso depósito da fé com a ajuda do Espírito Santo que habita
em nós (2Tm 1,14). Quanto menos cobramos de Deus,
mais seremos enriquecidos.
A vida é um dom
A
vida é plena em todos os momentos. A fé nos leva a aceitar a presença de Deus
em cada ser humano desde o primeiro instante de sua concepção. Respeitar a vida
do nascituro é crer na esperança colocada em cada pessoa. Respeitar a vida é
também dar condições para que se viva a fé. Se a vida é um dom, maior é o dom
da fé que nos eleva a viver com plenitude a vida. Paulo insiste com Timóteo que
tenha não “um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade” (2Tm 2,7). Para isso é
necessário estar sempre pronto a ouvir o que o Senhor tem a nos dizer: “Não
fecheis o vosso coração” (Sl
94). Mesmo nas maiores dificuldades e sofrimentos,
como nos narra Habacuc (1,2-3), é preciso viver da fé.
Leituras: Habacuc 1,2-3; 2, 2-4; Salmo
94; 2Timoteo 1,6-8.13-14; Lucas 17,5
1.
A fé é grande e sustenta, mesmo que seja
pequenina como uma semente.
2.
Por-se
a serviço, como o Servidor Cristo, é o caminho da fé. Como dom gratuito,
gratuita é nossa correspondência.
3.
A
fé está ligada à vida. Ela é um bem supremo a ser sustentado pela fé. É preciso
fortaleza, amor e sobriedade.
Dieta
garantida
Quer vender um produto? Diga que é
bom para emagrecer. Mas há produtos que não só nos equilibram como nos dão mais
condições de vida. Também o espiritual tem que ser cuidado. Senão corremos o
risco de viver pela metade. Para isso temos a receita de hoje, a fé: “O justo
viverá por sua fé” (Hab 2,4). A fé nos sustenta nas maiores
dificuldades.
Para receber o
dom da fé é preciso ter o coração aberto, como rezamos no responsório do salmo
94: “Não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor”. Recebe a fé aquele
que abre o coração e não se fecha por cabeçudice, como fez o povo no deserto.
A fé é como uma sementinha muito
miúda que tem uma força muito grande. Jesus diz que sua força pode remover uma
montanha. Pode modificar também nosso coração para que se entregue para Deus.
A seguir, no texto do evangelho
desse domingo, temos uma situação difícil. A fé que nos sustenta nos põe a
serviço do Reino na total gratuidade, não por recompensas. Depois de trabalhar
pelo Reino, servindo ao Senhor, não estaremos fazendo favor a Deus. E temos que
dizer que recebemos o direito de servir o Senhor em seu Reino. O que fizemos
foi um dom da fé.
Por isso Paulo convida a “soprar as
brasas do dom de Deus que recebemos”. Antigamente o fogo era conservado nas
brasas sob as cinzas. Depois bastava afastar a cinzas e soprar as brasas. Temos
tantos dons dados por Deus. É preciso sempre reavivá-los pela fé.
Nossa dieta
espiritual é viver a fé.
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