domingo, 2 de outubro de 2016

Homilia do 27º Domingo Comum (02.10.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
A fé é transformadora e serviçal! 
Como uma sementinha
                 A vida cristã se desenvolve na fé. Por isso, profeta Habacuc afirma que “o justo viverá por sua fé” (Hab 2,4). A fé acompanhou os patriarcas, alimentou os profetas e sustentou os que creram em Jesus. Esta fé depende também de nosso desejo de crescer. Por isso Paulo insiste que devemos soprar as brasas e reavivar o fogo do dom que nos foi dado.
Os discípulos, na convivência com Jesus, pediam que lhes ensinasse as realidades do Reino. Ora querem aprender a rezar. Jesus ensina o Pai Nosso. Ora pedem para aumentar sua fé. Jesus diz que sua fé, mesmo sendo muito pequena, teria a força para arrancar uma planta e plantá-la no mar. Duas maravilhas: a força de transplantar e fazê-la crescer onde não é lugar apropriado: no mar. Fé tem uma força sem limites porque está unida ao próprio Deus que a doa gratuitamente. Como é dom gratuito, quando servimos Deus não fazemos nada de especial. Estamos agradecendo e fazendo o que devíamos fazer. Deus não tem obrigações para conosco. Por isso fazemos coisas maravilhosas pela força da fé. Abraão partiu para uma terra que ele não sabia onde era... Moisés conduziu o povo no deserto, como se visse o invisível (Hb 11,27) – como lemos na carta aos Hebreus. Jesus dá o testemunho dessa fé quando se encarna não usando as prerrogativas de sua divindade. Assim ensina que como viver. Por isso o justo vive da fé. Viver a fé exigirá despojamento para viver no serviço.
A fé é serviçal
            A fé é responder e aderir com amor a Deus que chama a si para os irmãos. É dom gratuito dado a todos. Torna-se necessário corresponder a Ele com totalidade. Os santos não ficaram santos por dons especiais, mas porque acolheram com totalidade a fé e se puseram a serviço dos irmãos. Jesus faz uma comparação difícil no primeiro momento: fazer tudo e dizer: “somos servos inúteis; fizemos o que devia ser feito” (Lc 17,10). Significa que nada que fizermos será grande para pagar a fé que recebemos e o que fizemos por ela. Só podemos agradecer. Servir já é agradecer. Como Cristo se faz servo. todo aquele que está no serviço do Reino é sempre servo como Cristo que sente sua realização no cumprimento da vontade do Pai. Como é gratuita a graça, a correspondência também é gratuita. A fé não é crer num punhado de grandes verdades, mas acolher um dom ao qual respondemos com o serviço a Deus feito pelos irmãos. Deus não deve nada a ninguém. Nossa fé reascende na medida em que damos o testemunho e guardamos o precioso depósito da fé com a ajuda do Espírito Santo que habita em nós (2Tm 1,14). Quanto menos cobramos de Deus, mais seremos enriquecidos.
A vida é um dom
                 A vida é plena em todos os momentos. A fé nos leva a aceitar a presença de Deus em cada ser humano desde o primeiro instante de sua concepção. Respeitar a vida do nascituro é crer na esperança colocada em cada pessoa. Respeitar a vida é também dar condições para que se viva a fé. Se a vida é um dom, maior é o dom da fé que nos eleva a viver com plenitude a vida. Paulo insiste com Timóteo que tenha não “um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade” (2Tm 2,7). Para isso é necessário estar sempre pronto a ouvir o que o Senhor tem a nos dizer: “Não fecheis o vosso coração” (Sl 94). Mesmo nas maiores dificuldades e sofrimentos, como nos narra Habacuc (1,2-3), é preciso viver da fé.
Leituras: Habacuc 1,2-3; 2, 2-4; Salmo 94; 2Timoteo 1,6-8.13-14; Lucas 17,5 
1.     A fé é grande e sustenta, mesmo que seja pequenina como uma semente. 
2.    Por-se a serviço, como o Servidor Cristo, é o caminho da fé. Como dom gratuito, gratuita é nossa correspondência. 
3.    A fé está ligada à vida. Ela é um bem supremo a ser sustentado pela fé. É preciso fortaleza, amor e sobriedade. 
Dieta garantida
            Quer vender um produto? Diga que é bom para emagrecer. Mas há produtos que não só nos equilibram como nos dão mais condições de vida. Também o espiritual tem que ser cuidado. Senão corremos o risco de viver pela metade. Para isso temos a receita de hoje, a fé: “O justo viverá por sua fé” (Hab 2,4). A fé nos sustenta nas maiores dificuldades.
Para receber o dom da fé é preciso ter o coração aberto, como rezamos no responsório do salmo 94: “Não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor”. Recebe a fé aquele que abre o coração e não se fecha por cabeçudice, como fez o povo no deserto.
            A fé é como uma sementinha muito miúda que tem uma força muito grande. Jesus diz que sua força pode remover uma montanha. Pode modificar também nosso coração para que se entregue para Deus.
            A seguir, no texto do evangelho desse domingo, temos uma situação difícil. A fé que nos sustenta nos põe a serviço do Reino na total gratuidade, não por recompensas. Depois de trabalhar pelo Reino, servindo ao Senhor, não estaremos fazendo favor a Deus. E temos que dizer que recebemos o direito de servir o Senhor em seu Reino. O que fizemos foi um dom da fé.
            Por isso Paulo convida a “soprar as brasas do dom de Deus que recebemos”. Antigamente o fogo era conservado nas brasas sob as cinzas. Depois bastava afastar a cinzas e soprar as brasas. Temos tantos dons dados por Deus. É preciso sempre reavivá-los pela fé.

Nossa dieta espiritual é viver a fé. 

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