PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
As
grandes esperanças
No 2º domingo do Advento ouvimos o clamor de João por uma conversão
profunda que culminasse na concórdia entre as pessoas, por uma concórdia entre
os animais que simbolizasse o universo que, todo unificado com o ser humano,
sirva à glória de Deus. No 3º domingo, num quadro de dificuldades e esperanças,
o profeta clama pela coragem. É um anúncio profético de uma transformação que
vai até à cura da cegueira, da surdez, da imobilidade, da depressão e da
fraqueza. O homem imóvel pelas desgraças e desesperanças, é curado
integralmente: pode ver, ouvir, falar ficar em pé e andar. O novo êxodo é cheio
de alegrias: “Os que o Senhor salvou voltarão para casa. Eles virão a Sião
cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos; cheios de
gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto” (Is 35,5-6). O
Salmo 145 faz coro a essa salvação. A transformação é simbolizada pelo
reflorescimento da natureza. O deserto florescerá como um lírio (1). A liturgia
traz esse prelúdio para mostrar o que vai acontecer com a vinda de Jesus, como
Ele próprio afirma. João mandou seus discípulos para saberem se Jesus era o Messias.
Jesus faz uns milagres e depois diz: “Ide dizer a João: os cegos recuperam a
vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os
mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (Mt 11,4-5). Jesus diz que
João é o maior nascido no mundo. É o profeta da esperança realizada. Mas o
menor no Reino de Deus é maior que ele. O Reino se compõe daqueles que eram
oprimidos e agora são libertados, como Jesus afirma na sinagoga de Nazaré (Lc
4,16-22). É a nova versão da criação e do êxodo. É a reconstituição da vida.
Mesmo para nós, num mundo complicado, rico e pobre, há uma esperança que, com o
Natal de Jesus, retoma novas forças.
Esperando
o Natal do Senhor
É preciso discernir o Senhor. O
menor no Reino dos Céus é maior do que o grande João. Esse menorzinho é o
Menino de Belém. Ele retoma todas essas fragilidades e, em sua pessoa, inicia a
caminhada para a nova Sião, o Reino de Deus. É preciso ter paciência nessa
espera e viver com o coração grande com os outros, “sem nos queixar dos outros”.
Este é o fio que une e dá sentido a todo nosso caminho para ir ao encontro do
Senhor que vem agora em seu Natal. Se
esperamos o Senhor com firmeza de fé e amor, Ele virá ao nosso encontro e nos
trará a certeza de que sua segunda vinda é para nos levar consigo.
Ficai
firmes!
É
preciso paciência nessa espera, nos diz Tiago: “Ficai firmes até à vinda do
Senhor. Vede o agricultor: ele espera o preciso fruto da terra e fica firme até
cair a chuva. Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações porque a
vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,7-10). Deus não abandona seu povo. Nós
temos pouca paciência. É preciso ter a fé constante, isto é perseverante, pois
Deu vai agir, mesmo se tivermos grandes sofrimentos. Podemos perceber, pelo
anúncio de Isaías, que o povo vinha de um grande sofrimento e ainda tinha que
atravessar o deserto. Sua perseverança na fé em Deus transformou a terra seca e
deserta em um jardim florido. Para os fiéis, a fé é transformante. Ela garante
os resultados, mesmo que não sejam imediatos. A Eucaristia sempre nos dá
motivos de esperança, pois quando nos unimos, Ele se faz presente. Por isso
podemos nos alegrar, como nos convida a liturgia de hoje. A alegria do Espírito
é capaz de nos transformar.
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