Evangelho segundo S. Mateus 13,54-58.
Naquele
tempo, Jesus foi à sua terra e começou a ensinar os que estavam na sinagoga , de
tal modo que todos se enchiam de assombro e diziam: «De onde lhe vem esta
sabedoria e o poder de fazer milagres? Não é Ele o filho do carpinteiro? Não
se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? Suas irmãs
não estão todas entre nós? De onde lhe vem, pois, tudo isto?» E estavam
escandalizados por causa dele. Mas Jesus disse-lhes: «Um profeta só é desprezado
na sua pátria e em sua casa.» E não fez ali muitos milagres, por causa da
falta de fé daquela gente.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos
Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (Norte de África), doutor da
Igreja
Sermão 51, §§ 19.30
«Não é Ele o filho do carpinteiro?»
A resposta do Senhor Jesus: «Não sabíeis que
devia estar em casa de meu Pai?» (Lc 2,49) não afirma que Deus é o seu Pai para
significar que José não o é. Como provar isso? Pela Escritura, que continua:
«Depois desceu com eles, voltou para Nazaré e era-lhes submisso» (v. 51). A quem
era Ele submisso? Não era a seus pais? Portanto, eram ambos seus pais. […] Eram
seus pais no tempo e Deus era seu Pai desde toda a eternidade. Eles eram os pais
do Filho do Homem; o Pai era-o da sua Palavra, do Verbo, da sua Sabedoria (cf
1Cor 1,24), esse poder pelo qual criou todas as coisas.
Não nos
surpreendamos pois por os evangelistas nos darem a genealogia de Jesus por via
de José ao invés de o fazerem por via de Maria (cf Mt 1,1; Lc 3,23). Se Maria se
tornou mãe fora dos desejos da carne, José tornou-se pai fora de uma união
carnal; desse modo, pôde ser o ponto de partida da genealogia do Salvador, mesmo
não sendo seu pai segundo a carne. A sua grande pureza confirma a sua
paternidade. Maria, sua esposa, quis chamar-lhe assim: «Olha que teu pai e eu
andávamos aflitos à tua procura!» (Lc 2,48) […]
Se Maria deu à luz o
Salvador para além de todas as leis da natureza, o Espírito Santo também actuou
em José, actuando em ambos de modo igual. «José era um homem justo», diz o
evangelista Mateus (1,19). O marido era justo, sua mulher era justa: o Espírito
Santo repousou sobre dois justos e deu um filho a ambos.
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