segunda-feira, 12 de maio de 2014

SÃO PANCRÁCIO

Tudo o que pode haver de edificante na vida de um jovem, é encontrado na vida de Pancrácio, um dos mais gloriosos mártires do século quarto. Contava com apenas 14 anos quando rendeu a alma à Deus, recebendo a palma do martírio e elevado aos altares num grande exemplo de coragem, personalidade e fé na doutrina de Cristo Salvador. Filho de pais nobres e ricos, era natural de Symnado, na Frígia. O pai, ocupava altas e honrosas posições no governo de Diocleciano, que muito o estimava e com sua amizade pessoal o distinguia. Mas, dando preferência à sua fé, seu pai pagou esta fidelidade com o martírio. Pancrácio não conheceu seu progenitor, tendo sido confiado à guarda de seu tio Dionísio que, apesar de pagão, educou seu sobrinho a quem devotava o mais terno amor paternal. Passados alguns anos, mudou de domicílio, transferindo-se para Roma para proporcionar ao sobrinho a ocasião de relacionar-se com os mais exímios professores e membros da alta sociedade. Nessa ocasião , já ocorriam rumores de que o imperador Diocleciano tencionava exterminar o cristianismo, exigindo de seus súditos homenagens divinas à sua pessoa. A pouca distância da vivenda de Dionísio, morava oculto o Papa Marcelino, hóspede de um cristão carpinteiro do palácio imperial. Observando a movimentação nesse local de homens e mulheres de todas as classes e investigando as razões, acabou descobrindo que no local havia reuniões secretas de cristãos devotos à verdadeira doutrina de Cristo. Dionísio, já fortemente inclinado ao cristianismo e Pancrácio, ouvindo muitas boas referências a respeito do Papa, nutriam ardente desejo de pessoalmente conhecer Sua Santidade. Certa noite dirigiram-se ao Porteiro que, desconfiado, relutou em deixá-los entrar, mas confessando que queriam conhecer a religião cristã, foram cordialmente recebidos pelo Papa. Durante dias consecutivos ouviram, em reuniões, as explicações da doutrina cristã, até que finalmente foram admitidos no Batismo e ao culto divino nas catacumbas. Nesse ínterim, o imperador firma o decreto de perseguição aos cristãos. Em poucos dias registraram-se não só numerosos casos de prisão de fiéis, mas instrumentos de tortura e morte fizeram jorrar o sangue dos cristãos abundantemente. Dionísio, ao ver tais atrocidades, morreu num caloroso acesso, pois seu coração sensível não suportou ver o modo cruel de como os cristãos eram tratados. Seu pupilo e muito querido Pancrácio prometeu fidelidade absoluta da fé, embora isso implicasse em martírio. Como Pancrácio era de natureza nobre, houve de se justificar diante do imperador, pois fora delatado como cristão. Antes de comparecer ao tribunal, pediu a bênção do Papa, que o animou e deu-lhe a santa Comunhão. O imperador, apelando para a sua nobreza, usa de todos os meios persuadir o jovem menino, tentando convencer-lhe de que os cristãos o haviam enganado e que deveria voltar-se para suas origens e amar os deuses do imperador, caso contrário, justificaria com seu sangue o rigor das leis. Mas, Pancrácio, com timbre argentino de sua voz juvenil, respondeu: "imperador, enganai-vos em supor que me deixei iludir pelos cristãos. Só pela misericórdia de Deus cheguei ao conhecimento da Salvação. Sou menino de 14 anos apenas, mas saiba o senhor que Nosso Senhor Jesus Cristo reparte as suas graças não pela escala dos anos, mas segundo a sua bondade e sabedoria. Coragem e entendimento ele nos dá, para não ligarmos às ameaças dos imperadores maior importância que um fogo pintado. Exigis de mim, que preste adoração aos deuses e às deusas da vossa veneração. Ainda bem, que o sois melhor, que eles são". A tais palavras, o imperador as interpelou de insultuosas e atrevidas, ordenando sua imediata decapitação. À terrível sentença, fez o semblante angélico do jovem se cobrir de santa alegria e prontamente Pancrácio se pôs à disposição do carrasco. Sem a menor relutância, entregou sua cabeça ao cutelo do algoz. Antes disso, proclamou: "Graças vos dou, ó Jesus, pelo dom da fé e pela honra de me terdes aceito entre os vossos servos".

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