PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
Não fecheis o coração
A Palavra de Deus oferecida na liturgia deste domingo nos leva a refletir sobre a necessidade de nos ajudarmos no caminho da salvação. Se um irmão está errando, é responsabilidade de cada um e da comunidade alertá-lo. Por isso o profeta Ezequiel lembra que, se não o corrijo, torno-me culpado com ele. Se o irmão não ouve, então a culpa é dele (Ez 33,7-9). Diante desse risco de não atender a um chamado à conversão, o salmo convida a sempre ouvir a Palavra de Deus pronunciada na comunidade: “Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: ‘Não fecheis os vossos corações - como fizeram os judeus no deserto - onde outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto minhas obras’” (Sl 94). Mesmo diante de grandes milagres presenciados não movem seus corações à conversão. Ela é uma opção que deve partir do interior. Jesus insiste no ministério de ligar e desligar, quer dizer, o que fazemos para alertar os irmãos é ajudado pela graça de Deus. Esse ministério tem um processo muito claro: deve ser realizado na caridade. Primeiramente se procura a pessoa em particular; depois, se não atende, convide outro irmão para mostrar que a coisa não é pessoal; se nem assim escuta, pode levar à comunidade. Se não ouve nem a comunidade, seja considerado pecador público ou pagão. Normalmente fazemos o processo contrário: depois que todo mundo sabe, o acusado fica sabendo. Aqui encontramos também na Igreja a denúncia oculta. O padre, o bispo e mesmo as autoridades superiores sabem quem acusa. O acusado não. Isso é mal. Acabaria com certo tipo de denúncias fundadas na maldade e na mesquinhez. Jesus ensina de outro modo.
Ele está entre nós
A comunidade é a grande mediadora em todas as questões. O motivo é a presença de Jesus: “Se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles” (M 1818-19). Esta é a preciosa presença constante de Jesus entre os seus que justifica toda a ação da Igreja. Ele está sempre presente na comunidade, mesmo pequena, garantindo sua oração, vida e atividade. Assim estão seguros os sacramentos, a oração, o empenho pastoral etc... “Eu estou no meio deles”. O individualismo na vida cristã não tem consistência, pois o mandamento primeiro é o amor. Amar exige a pessoa amada. Vemos como a estrutura da Igreja funciona tendo por base o amor do casal. É expressão do amor de Deus e modelo de vida cristã para todos. Salvar-se é uma ação individual. Eu não me salvo pelo outro, mas me salvo pelo amor ao outro. O amor mútuo é o caminho. Foi por ele que Jesus nos salvou.
O amor não faz mal
A carta de Paulo aos Romanos, apresentando os mandamentos referentes ao próximo, nos faz compreender que pelo amor mútuo cumprimento toda a lei. O amor vai respeitar os pais, a vida, a sexualidade, as propriedades dos outros, a boa fama, o casamento e a vida pessoal de cada um e de seus bens. Tudo que envolve o ser humano deve ser modelado pelo amor. O amor é o cumprimento perfeito da Lei (Rm 13,8-10). Corrigir o irmão é fruto do amor de comunhão. Todos têm direito a viver bem, também com a ajuda dos outros. Não preciso de ninguém não é ensinamento de Jesus. Nós precisamos uns dos outros. Estejamos juntos para garantir a presença de Jesus em nosso meio e nosso relacionamento com Deus. Nas celebrações realizamos essa verdade.
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