PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 51 ANOS CONSAGRADO 43 ANOS SACERDOTE |
José, esposo de Maria
Estamos na preparação imediata do Natal, por isso, o quarto domingo do Advento nos traz a narrativa do anúncio do nascimento de Jesus a José. José e Maria estavam já na primeira fase do casamento que era o contrato. Já eram casal. Depois vinha a festa quando a noiva era levada para casa do noivo. Maria está grávida por ação do Espírito Santo. Sem saber, José pensa em abandonar e não denunciar a esposa que seria condenada à morte. Durante o sonho Deus comunica o que acontecera. Sonho era um modo de conhecer a vontade de Deus. É comum no Antigo Testamento essa comunicação da vontade de Deus. José é chamado filho de Davi, pois daria o nome a Jesus e a descendência de Davi. A gravidez de Maria é por ação do Espírito Santo. Pertence a Deus. O nome da criança é simbólico, e já é logo explicado: “pois vai salvar seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). Vemos a seguir que, para anunciar a virgindade de Maria, Mateus procura o fundamento na Escritura no oráculo da virgem que daria à luz um filho. Vemos como se usa a Escritura para confirmar. Deus dá um sinal a um rei que não quer saber de sinais. A profecia não se refere a um parto virginal. A tradução para o grego já faz a interpretação. Essa tradução é anterior a Cristo. Recebendo Maria como esposa, José simboliza a Igreja que acolhe Cristo. Assim se interpreta a fé desse homem que recebeu a missão de ser o pai legítimo de Jesus perante a lei, pois o acolheu e deu o nome. É a atitude de fé que sabe ouvir o Espírito Santo nas decisões fundamentais da vida.
Nasceu para todos
Os textos do evangelho contam a situação na encarnação do Filho de Deus. Contudo, o nascimento de Jesus não é uma questão familiar. Paulo, escrevendo aos romanos coloca clara a questão da universalidade da salvação. Foi escolhido para o Evangelho de Deus. Sua vocação é um chamado para o apostolado “a fim de que poder trazer à obediência da fé todos os povos pagãos para a glória de seu nome” (Rm 1,5). O salmo convida a que se abram as portas para que o Rei da Glória possa entrar (Sl 23). O acontecimento não é somente uma questão local, mas abrange todo o universo. Além do mais, a terra e o mundo interno pertencem a ele. Toda a beleza do Natal que ainda resta, é um testemunho ao mundo que Ele nasceu para todos. Ainda sobrevive a ideia do rei Acaz de que não vai importunar Deus: “Não pedirei nem tentarei ao Senhor” (Is 7,12). Descartar Deus é o que, inclusive os bons cristãos, fazem. A vida não é direcionada a Deus, nem por Ele dirigida. Erigiram-se templos e altares a deuses feitos por nossas mãos. Quando a gruta de Belém perde seu calor é porque o ser humano já perdeu seu sentido.
Espírito de Belém
Na última semana do Advento temos a preparação imediata que nos coloca em relacionamento com Cristo em seus títulos. Ele é a Sabedoria, o Senhor, a Raiz de Jessé, a Chave de Davi, o Emanuel, o Sol Nascente e o Rei e Senhor das Nações. Ensinam-nos a conhecer a Cristo e desejá-Lo. Por isso o Advento é um clamor: “Vinde, Senhor Jesus!”. O espírito de Belém é a abertura para acolher. Por isso o símbolo da gruta aconchegante, quentinha (os animais aquecem o ambiente) pelo calor humano da fraternidade. Acolher Jesus na pessoa do outro, sobretudo os familiares e também, no gesto da fraternidade, com os necessitados. Os presentes respondem ao presente de Deus para nós que é Jesus. Encontrar Deus é sair de si. Reunir-se é esquecer o egoísmo. Belém é aqui.
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