A comunidade,
que “era assídua no ensinamento dos
Apóstolos, na união fraterna, no partir do pão e nas orações”,
questionava-se sobre a ausência de Jesus em seu meio, como tiveram os apóstolos
depois da Ressurreição. Os discípulos temiam ainda o terror imposto pelas
perseguições, como aconteceu aos apóstolos que se sentiam perdidos sem Jesus.
Diriam como nós diríamos: Ah! Se tivéssemos a presença de Jesus ressuscitado,
seria tudo tão diferente! Este evangelho de hoje nos garante que Ele está
presente. Nós não O vimos mas acreditamos mesmo sem tocá-lo com as mãos, como queria Tomé. Profissão de fé, quem acolhe
o testemunho dos que viram o Senhor, proclama sua presença. A presença do
Ressuscitado garante a resposta da fé.
Como eles, ficamos alegres. O Ressuscitado vem sempre e está sempre
presente. Ele é o mesmo, por isso mostra a mãos e o lado, sinais de sua morte. Em
nossas celebrações temos a mesma presença de Jesus e com a mesma força. Ele
continua a dar o Espírito e a enviar para a missão de reconciliação (Jo 20,21-23). Por
isso recebemos de Jesus a afirmação: “Bem-aventurados os que creram sem ter visto”
. E como Tomé podemos fazer a maior profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus”! (Jo 20,27-29).
Comunidade,
presença do Ressuscitado
A aparição de
Jesus ao grupo reunido, depois da ressurreição, acontece no domingo. A
comunidade fraterna que parte o pão, ora, ouve a Palavra é o lugar privilegiado
da presença de Jesus. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, Eu
estarei no meio deles” (Mt, 18,20). A comunidade se fundamenta na união do amor
que a fé produz. Tomé é exortado a crer sem ver, pois a fé é dom do Espírito
que é dado à comunidade para a reconciliação. Pelo Espírito mantemos viva a fé
que é a condição para a paz, o Shalom de Deus. O Batismo nos conduz à herança,
mesmo em meio às provações. A fé é vivida na comunidade. Os que haviam abraçado
a fé viviam unidos. A comunidade só será testemunho da presença do Ressuscitado
quando estiver na unidade, tendo tudo em comum, assíduos na escuta da Palavra
de Deus, na fraternidade, participando da celebração e dedicada à oração. O
mistério cristão será uma bênção e um anúncio para o mundo na medida em que o
Ressuscitado transparece através de nossa vida. Assim poderemos testemunhar a
fé que levará outros a crerem que Ele está vivo, sem precisar tocar.
Assim como Pai me enviou
A aparição de
Jesus não é somente um conforto aos assustados discípulos que estavam com as
portas fechadas, mas é uma missão. Ele os envia, como Ele próprio foi enviado.
Por isso dá o Espírito Santo. É o tempo do Espírito. Agora somos nós os
enviados. É o mistério da redenção que continua sua ação, aquela mesma que
realizou Jesus, com o mesmo vigor de salvação. Jesus sopra sobre os discípulos: sopro que
cria o homem, cura, ressuscita os mortos, como em Ezequiel, faz dos discípulos
novas criaturas. O Espírito é sopro de vida que cria o homem novo feito à
imagem de Cristo. Somos enviados para a reconciliação e para o perdão. Esta é a
grande realização de Deus com a humanidade. O Evangelho não se refere só a uma
comunidade na terra, mas que continua na posse da herança incorruptível nos
céus (1Pd 1,4).
Nossa missão é mostrar a esperança que nos anima e a alegria de saber que Jesus
está entre nós.
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