A vida humana não se faz só a partir de conceitos, mas de atos que brotam de nosso interior. Esses atos nós chamamos de virtudes. São as energias que nos fazem viver. Nós as temos todas em potencial para desenvolvê-las. Hoje temos mais uma virtude: A tolerância! É a paciência ativa que nos capacita a viver com os outros, acolhendo aquilo que têm a nos oferecer não somente suportando suas diferenças. O egoísmo, mesmo espiritual, leva-nos a pensar só em nos, colocando sobre os outros nossos esquemas. Nós somos a verdade! A tolerância abre espaço para que outro viva e cresça junto a nos, mesmo que seja diferente. Voltaire, filósofo francês, (não juro que foi ele), disse: “Sou totalmente contra sua idéia, mas defenderei até à morte o direito que tem de defendê-la”. Podemos ter a sensação de que ajudamos quando impomos nosso modo de ser. Pensamos: ‘Quanto tudo mundo for igual a mim, o mundo será um paraíso’! Será? ‘Ou um inferno?’ Não se trata de promover o mal, o mau caminho, os vícios, as maldades. Mas respeitar a pessoa e tratá-la como igual. Onde estão os poderosos, os ditadores, os senhores do mundo que impuseram sua lei? Com a tolerância poderemos equilibrar as situações do mundo. Parece impossível, por isso é a tolerância é uma virtude: energia que produz mudanças.
A intolerância atravessa a história de...
A história da humanidade, tanto religiosa como politicamente, tem o estigma da intolerância. Imaginemos quanta gente morreu só porque pensava diferente. E isso não é coisa do passado: é o que vemos todos os dias, até nos altares, como diz Jesus: “Vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus” (Jo 16,2). A intolerância não pode ser atribuída a Deus, como vemos nos fundamentalismos. Quanta intolerância nas questões religiosas! As religiões e seitas se agridem por serem diferentes! Nos governos, a intolerância parece ser uma virtude. Quem viveu sobre a ditadura pôde ver quanto a intolerância prejudicou o país. Teve seus méritos, mas não foi capaz de conduzir na tolerância as diferenças. Pessoas há que vivem posições de comando e, por onde passam dão ordens, cobrando e ameaçando por não se fazer de seu jeito. Mais difícil é a tolerância diante da marginalidade. Como agir? Coibir o erro sim, mas procurar, na pessoa, algo que a salve da situação. Vemos que o sistema presidiário é falido. Coíbe e não salva.
Crer na pessoa humana
A tolerância implica em acreditar no lado positivo das pessoas. Nós também temos direito de ser tolerados pelas nossas diferenças, dificuldades e defeitos. Temos o lado positivo. As igrejas precisam da tolerância tanto no tratamento dos próprios membros, esperando e promovendo para que a pessoa chegue onde está a verdade. Igualmente no relacionamento entre si, as igrejas são convocadas a serem tolerantes e não se agredirem como se tem visto. A lavagem cerebral, dentro das Igrejas, é pecaminosa. Destrói o ser humano e não promove o amor de Deus que tanto nos ama e nos acolhe sem condenar. Por que não aprender dele? Não poupou o próprio Filho para nos salvar! Vivemos também a realidade dos estrangeiros, migrantes, refugiados. Todos têm valores. Não são maus porque são diferentes. O bom acolhimento é o melhor caminho para a integração. São valores novos que se somam.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM FEVEREIRO DE 2009
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