Estamos, a bem dizer, no início do Tempo
Comum. No domingo passado, havia ainda a luz do mistério da Manifestação do
Senhor. É bom acentuar as diferenças do tempo litúrgico. Iniciamos pela inauguração
do ministério de Jesus. O evangelista Mateus coloca esse início da pregação na
Galiléia. E tem razão, pois explica bem sua missão. A Galiléia era uma região
mal afamada, já há séculos. Os mestres da lei dizem que nenhum profeta vinha da
Galiléia (Jo 7,52). Não eram judeus puros, mas misturados. Era a Galiléia dos
pagãos. Era a terra da escuridão, das trevas do paganismo, da religião
mesclada. As trevas são símbolo da morte. O profeta escreve: “O povo que andava
na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sobras da morte, uma
luz resplandeceu” (Is 9,1). A Galiléia era, também, lugar de terras boas,
planície fecunda, mas explorada, pisoteada. Belo ouvir que vai se abater o jogo
do opressor (Is 9,2)! Jesus veio transformar. Mateus cita o texto de Isaias
para mostrar de onde vem Jesus. Luz é intervenção de Deus. A presença de Jesus
na Galiléia é o clarão de uma nova luz. Jesus deixou Nazaré e veio morar em
Cafarnaum, uma cidade movimentada pelo porto e por ser ponto de comércio,
caminho do mar, lugar difícil. Jesus parte sempre da periferia do mundo, como
também das pessoas excluídas. Parte de onde não há esperança. E a Igreja corre
o risco de privilegiar os bons, os perfeitos. Os necessitados ficam sempre à
mercê de exploradores. Vamos pagar por isso, porque os abandonamos estão à
presa de outros interesseiros. Não podemos desprezar os mundos da escravidão do
mal. Jesus começou justamente aí.
Eles
deixaram tudo
O início da pregação de Jesus
sintetiza sua missão: no mundo das trevas, anuncia a conversão -
“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo” - e cura as enfermidades
do povo (Mt 4,12-17.23). Ele ensina nas sinagogas, local de reunião do povo, e
à beira mar. A atividade de Jesus é intensa. Ele envolve outros em sua missão,
como parte da própria missão. Começa por chamar os discípulos: Pedro e André,
Tiago e João; dois pares de irmãos. Há algo a ver com a família. Das famílias,
Ele dá início à sua “nova família”, “os que fazem a vontade do Pai” (Mt 12,48).
Eles ouviram o chamado e “imediatamente
deixaram as redes... a barca e o pai e O seguiram” (Mt 4,20.22). É uma cadência
de verbos: Passou, olhou e chamou; uma
única vez! A obediência é imediata. A primeira conversão dos apóstolos foi
deixar tudo. Jesus vai escolher 12, um
punhadinho de gente. Quando o profeta fala de Madiã, refere-se a uma vitória
estrondosa de um punhadinho de homens contra um exército (Jz 7,1-25). Os
discípulos são chamados a anunciar a conversão para o Reino que se aproxima.
Lançar a Palavra é simbolizado pelo lançar as redes no mar do mundo para pescar
homens. A conversão é a transformação. A Igreja deve partir dos necessitados,
mas unida (1Cor 1,1-13).
Saborear
a suavidade do Senhor
O salmo 26 canta: “O Senhor é minha luz e minha
salvação. O Senhor é a proteção de minha vida”. Chama ao prazer de estar na
casa de Deus. Jesus já fizera isso como jovem. Viver a conversão é viver na
contemplação de Deus, “saboreando a suavidade do Senhor” . Tudo o que Jesus fez
foi para conduzir as pessoas ao Pai, para amá-lo e saborear sua suavidade. Por
isso a comunidade não pode ter divisões, pois não somos partidos, “para não
privar a cruz de Cristo de sua força própria”. Celebramos a Eucaristia, fonte
de unidade.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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