Maria Bernarda, também conhecida como Verena Bütler, nasceu em Auw, no cantão de Aargau, na Suíça, em 28 de maio de 1848 e foi batizada no dia de seu nascimento. Era a quarta filha de Henry e Catherine Bütler, agricultores modestos, mas cristãos exemplares, que educaram os oito filhos nascidos de seu casamento para amar a Deus e ao próximo.
Com excelente saúde, Verena cresceu alegre, inteligente, generosa, amante da natureza. Aos sete anos ela começou a frequentar a escola. O fervor e compromisso com que ela se aproximou da Primeira Comunhão em 16 de abril de 1860 permaneceram constantes ao longo de sua vida. De fato, a devoção à Eucaristia formará o fundamento de sua espiritualidade.
Aos 14 anos, depois de concluir os estudos elementares, Verena se dedicou ao trabalho agrícola, também experimentando afeto por um jovem digno por quem se apaixonou. Ao ouvir o chamado de Deus, ela soube como se libertar desse compromisso, para se voltar completamente ao seu Senhor. Durante esse período de sua vida, ela recebeu a graça de desfrutar significativamente da presença de Deus, sentindo-o muito próximo.
Ela mesma diz: "Explicar esse estado da alma para aqueles que nunca experimentaram algo assim é extremamente difícil, se não impossível". E novamente: "O Espírito Santo me ensinou a adorar, louvar, abençoar e agradecer a Jesus no tabernáculo, em todos os momentos, no meio do trabalho e até na realidade cotidiana da vida".
Atraída pelo amor de Deus, aos 18 anos ingressou em um convento em sua região como postulante. Tendo verificado que este não era o lugar onde o Senhor a chamava, Verena logo voltou para a família. O trabalho, a oração, o apostolado na paróquia, mantinha nela vivo o desejo de vida consagrada. Em 12 de novembro de 1867, por sugestão de seu pároco, Verena entrou no mosteiro franciscano de Maria Auxiliadora em Altstätten. Em 4 de maio de 1868, vestiu o hábito franciscano, com o nome de Irmã Maria Bernarda, do Sagrado Coração de Maria, e em 4 de outubro de 1869 fez sua profissão religiosa, com a firme intenção de servir ao Senhor até sua morte em sua vida contemplativa.
Logo foi eleita mestre dos noviços e três vezes superior da comunidade, realizando esse serviço fraterno por nove anos consecutivos. Seu zelo e amor pelo Reino de Deus a haviam preparado para iniciar uma nova experiência missionária.
Por isso, aceitou com satisfação o convite de Dom Pietro Schumacher, bispo de Portoviejo, no Equador, que pediu que ela fosse à diocese, dando-lhe a situação precária de seu povo. Maria Bernarda reconheceu neste convite a clara vontade de Deus que a chamou para ser a anunciadora do Evangelho naquela terra distante.
Depois de vencer a resistência inicial do Bispo de San Gallo e obter um Indulto Pontifício regular, em 19 de junho de 1888, a Irmã Maria Bernarda e seis Companheiros deixaram o Mosteiro de Altstätten e partiram para o Equador. Somente a luz da fé e o zelo pelo anúncio do Evangelho apoiaram o Beato e seus companheiros na difícil separação do amado Mosteiro e das irmãs. Em suas intenções, Maria Bernarda pensou que tinha que estabelecer uma fundação missionária dependente do mosteiro suíço. Em vez disso, o Senhor a tornou fundadora de uma nova congregação religiosa, a das Irmãs Missionárias Franciscanas de Maria Auxiliadora.
Paternalmente aceita pelo bispo, que confiou a comunidade de Chone a Maria Bernarda, esta apresentava um espetáculo sombrio, devido à quase absoluta falta de padres, à falta de prática religiosa e à imoralidade desenfreada. Maria Bernarda tornou-se "tudo para todos", colocando a oração, a pobreza, a fidelidade à Igreja e o constante exercício das obras de misericórdia como base de sua ação missionária. Juntamente com as filhas, iniciou um intenso apostolado entre as famílias, aprofundando o conhecimento da língua e da cultura do povo. Os primeiros frutos não atrasaram o amadurecimento. A vida cristã dessas populações floresceu como que por mágica. A nova Congregação Franciscana também cresceu em número e duas filiais de Santa Ana e Canoa foram fundadas.
Mas logo o trabalho missionário de Madre Maria Bernarda foi marcado pelo mistério da Cruz. De fato, houve muitos sofrimentos aos quais ela e suas filhas foram submetidas: pobreza absoluta, clima tórrido, incertezas e dificuldades de todos os tipos, riscos à saúde e à segurança da vida, mal-entendidos por parte da Autoridade eclesiástica e além disso, a separação de algumas irmãs da comunidade, que se tornou uma congregação autônoma (os franciscanos da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Caridade Brader). Maria Bernarda suportou tudo com firmeza heroica, em silêncio, sem se defender e sem ressentir-se de ninguém, mas perdoando de coração e orando por aqueles que a fizeram sofrer.
Como se todas essas evidências não bastassem, em 1895, uma violenta perseguição, realizada por forças hostis à Igreja, forçou a irmã Maria Bernarda e suas irmãs a fugir do Equador. Sem saber para onde ir, com 14 irmãs ela foi para a Bahia, de onde foi para a Colômbia. O esquadrão ainda estava navegando quando recebeu um convite de Dom Eugenio Biffi para trabalhar em sua diocese de Cartagena. E assim, em 2 de agosto de 1895, chegou a Cartagena no dia da festa da Porziuncola de Assis, a Fundadora e suas irmãs exiladas do Equador, recebidas paternalmente pelo Bispo. Elas encontraram hospitalidade em uma ala do hospital das mulheres, comumente chamada de "Opera Pia". O Senhor levou-os pela mão a esse jardim de infância, onde Madre Maria Bernarda permanecerá até o fim de sua vida. Depois da casa de Cartagena, outras fundações foram iniciadas não apenas na Colômbia, mas também na Áustria e no Brasil.
Com amor compassivo, como autêntica franciscana, ela estava acima de tudo empenhada em ajudar as necessidades espirituais e materiais dos pobres, a quem sempre considerava seus favoritos. Ela disse às Irmãs: “Abram suas casas para ajudar os pobres e marginalizados. Você prefere o cuidado dos pobres a qualquer outra atividade”. A Madre liderou sua Congregação pelo espaço de trinta anos. Mesmo depois de renunciar ao cargo de Superiora Geral, continuou a animar, com sentimentos de verdadeira humildade, suas queridas Irmãs, especialmente com o exemplo de sua vida, com suas palavras e seus escritos.
Atormentada por dores hipogástricas excruciantes, em 19 de maio de 1924, na "Opera Pia" em Cartagena, rodeada por suas filhas, amada e venerada por todos como uma santa autêntica, Maria Bernarda adormeceu em paz no Senhor. Ela tinha 76 anos, 56 de vida consagrada e 38 de vida missionária. As notícias de sua morte se espalharam rapidamente. O pároco da catedral de Cartagena anunciou seu trânsito dizendo aos fiéis: "Esta manhã, uma santa morreu nesta cidade: a reverenda Madre Bernarda!". Seu túmulo foi imediatamente um destino de peregrinações e um local de oração.
Em 29 de outubro de 1995, o Papa São João Paulo II conferiu a ela o título e as honras de Beata. Em 12 de outubro de 2008, o Santo Padre Bento XVI a inscreveu no livro dos santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário