domingo, 10 de setembro de 2023

REFLETINDO A PALAVRA - “Eis o Cordeiro de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Vi e dou testemunho
 
Continuamos dentro da temática da Manifestação do Senhor. Não está dentro do Tempo do Natal, mas no Tempo Comum, para percebermos que a Encarnação do Senhor não é somente um fato histórico do passado, mas está presente na vida pública de Jesus, com seus discípulos. Não lemos Mateus, evangelista do ano, mas João. Assim, Deus continua se manifestando aos discípulos. Cada aspecto da Manifestação se orienta para uma finalidade. Aos discípulos Jesus é apresentado como o Cordeiro de Deus. Por que este termo usado por João Batista? Eis o Cordeiro! Esta frase está na mesma linha da Manifestação aos Judeus no Batismo: Este é meu Filho amado” (Mt 3,17). O evangelista quer notar que Jesus é Servo Sofredor imolado, mas glorificado, por isso, o uso da palavra Cordeiro de Deus. João mostra também a divindade de Jesus, quando diz que não o conhecia, não do ponto de vista humano, mas divino, pois ninguém viu Deus. João o conhece pelo testemunho de Deus, na teofania: “Vi o Espírito descer como uma pomba dos céus, e permanecer sobre Ele” (Jo 1,32). A presença do Espírito é permanente, por isso é quem batiza com Espírito Santo” (33). João completa o testemunho, a partir da manifestação do Espírito: “Eu dou testemunho: ‘Este é o Filho de Deus’” (34). Filho – Servo – Cordeiro, são palavras afins. Sobre o Rei Messiânico estava prometido o Espírito (Is 11,2). A apresentação aos discípulos indica quem aquele que vem, conduzido pelo Espírito, para anunciar a presença de Deus, o Emanuel. Por outro lado mostra aos discípulos o caminho que também eles deverão seguir guiados pelo Espírito para cooperar na obra de Deus. 
Luz das Nações 
No livro de Isaias temos quatro cânticos chamados do Servo de Javé. O texto de hoje (49,3.5-6) é o segundo. São textos que anunciam um servidor de Deus que é sofredor e por isso será salvador, não só do povo, mas de todos os povos: “Eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue até aos confins da terra” (v.6). Ele tem a missão de unir, restaurar, reconduzir. O Cordeiro é o Pastor das ovelhas. Foi predestinado para ser servo para Deus. Isto é glória para Deus (5). Sua missão é universal, como fora proposto a Abraão (Gn 12,1-3). O discípulo, iluminado por esta luz que vem também de seu Batismo, torna-se luz para o mundo (Mt 5,14). A fé do discípulo, seguindo a atitude de João, indica sempre a Jesus como o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Em Cristo há libertação total. Iniciando novo tempo litúrgico, iniciamos ouvindo as Palavras de João para seguir Jesus com mais coragem e mais audácia. Somos servos no Servo para a glória de Deus. 
Venho fazer vossa vontade 
Jesus, acolhendo os discípulos ensina como se faz servo como Ele: fazendo a vontade do Pai, como está expresso no salmo 39: “Então eu disse: ‘Eis que venho!’ Sobre mim está escrito no livro: ‘Com prazer faço a vossa vontade, guardo em meu coração vossa lei’” (Sl 39). O sacrifício da vontade é o fundamental do sacrifício e holocausto. O Servo de Javé tem os ouvidos abertos. Isto significa obedecer, isto é ouvir o que Deus quer dizer. Jesus assim o faz: “faço o que lhe agrada” (Jo 8,29). O sacrifício da cruz não está na dor, mas na entrega da vontade ao Pai. É graças a essa vontade que somos santificados” (Hb 10,10).
Leituras: Isaias 49,3.5-6; Salmo 39; 
1Coríntios 1,1-3 / João 1,29-34. 
1. Tempo ainda da Manifestação do Senhor, celebrada no Tempo Comum. João apresenta Jesus aos discípulos como a indicar que a Manifestação continua durante a vida de Jesus. Razão de um contínuo acolhimento. Ele é o Cordeiro que é o Servo que é o Filho Dileto. João reconhece a divindade de Jesus ao dizer que não o conhecia antes, isto é, como Deus, pois vê a teofania: o Espírito permanecer sobre Ele. O discípulo também vai ser guiado pelo Espírito. 
2. Isaías apresenta quatro cânticos do Servo de Javé. Ele é um servidor de Deus, sofredor e por isso salvação para os povos. Tem missão de unir, restaurar, reconduzir. Sua missão é universal, como fora a Abraão. O discípulo também é luz para o mundo. Somos servos no Servo. 
3. Jesus ensina como ser servo: fazendo a vontade do Pai. O Servo tem os ouvidos abertos para ouvir, isto é, obedecer. Ouvir o que Deus quer dizer. Faço o que lhe agrada. O sacrifício da cruz é a entrega na vontade do Pai. Graças a esta somos santificados. 
Propaganda é a alma do negócio 
João fez uma bela propaganda de Jesus. Os discípulos foram logo atrás de Jesus. Abriu sinal para outro lado. Essa virada não foi só um sinal, mas uma luz de Deus a iluminar o conhecimento de Jesus. João apresenta Jesus como o Cordeiro de Deus. Significa o Servo e o Filho de Deus, o Querido. No Natal tivemos o tempo da Manifestação. Começando o Tempo Comum, o discípulo vai conhecer Jesus como o Servo que traz a salvação, e é luz para os povos. João viu o Espírito permanecer sobre Jesus não só de passagem, mas permanente. O discípulo vai seguir Jesus guiado pelo Espírito cooperando na obra de Deus. Temos ainda esta Luz de Natal que vai iluminar todo o ano. O Servo vai ser Luz para os povos. Quem segue Jesus vai se preocupar não só com sua salvação, mas com todos os povos. Ser Servo é fazer a vontade do Pai, isto é, ouvir e obedecer. A salvação nos vem pela cruz, não da dor, mas da entrega total que Jesus faz de si, fazendo a vontade do Pai. É aí que nos salva. Fazendo a vontade do Pai, somos também cooperadores com a salvação do mundo. 
Homilia do 2º Domingo do Tempo Comum (16.01.2011)

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