quarta-feira, 18 de novembro de 2020

REFLETINDO A PALAVRA - “Buraco de entrar no Céu”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Somos ensinados
que, para entrar no Céu temos que atravessar muitos obstáculos, fazer muitas rezas, sofrer muito. Acho que Jesus era muito simples e não complicava as coisas. Santa Teresinha dizia que ela não dava conta de fazer o que faziam os grandes santos, então encontrara um caminhozinho muito fácil e rápido: o amor. Penso também que devemos aprofundar um pouco mais o fundamento primeiro do caminho para ir para o céu. É muito simples: A vida de cada dia é o caminho mais fácil para realizar o caminho evangélico oferecido por Jesus e chegar a Deus. 
Um dia na procissão da penitência, passávamos rezando o terço pelas ruas e havia muita gente nas paradas de ônibus. Eles não podiam rezar nem fazer penitência. Não podiam ir à missa, não podiam ler a bíblia, fazer reuniões, participar, pois voltavam para casa tarde. Quem fazia a penitência? Nós ou eles? Esta é a vida da maioria do povo, sem se falar da falta de formação e afastamento da Igreja. Será que todos estão perdidos? Quem pode realizar todas aquelas coisas está bem. Temos que encontrar uma solução para a maioria. Partindo do prático: se não podemos fazer o que fazem os outros cristãos, qual é o nosso caminho? Uma escada tem muitos degraus. Temos que começar pelos primeiros, que aliás são tão importantes quanto os últimos. Se não se sobe os primeiros degraus, pode-se subir a escada? Este primeiro degrau, esta base é a vida cotidiana que tem dois sentidos. O primeiro é o sentido já cristão do bem praticado. O segundo é o caráter cristão que colocamos e infundimos no que fazemos cada dia. É o selo. 
Como é que pode haver tanta gente boa, mesmo nas outras religiões se a vida já não é o primeiro cominho para Deus? Tudo o que fazemos de bem, já é cristão, é espiritual, é santificador. O trabalho, a vida familiar, a luta de cada dia, mesmo em meio às fragilidades, já é ação de Deus. Há uma religião fundamental que une todos em um só Deus e um só amor. Onde há amor, há Deus, há ação de Cristo e de seu Espírito, mesmo que não se saiba. Este é o primeiro sentido. 
O segundo é a significação e o caráter cristão que damos às coisas: Por exemplo, quando se faz o ‘nome do Pai’ antes de uma atividade, procurar ver Deus e sua ação no que acontece, saber ver Jesus nas pessoas, fazer por amor de Deus o que se faz, acolher o outro como acolhendo Jesus. Outro modo é rezar espontaneamente durante o dia e enquanto se trabalha, se anda, espera nas filas, nos pontos de ônibus. Um terço não precisa ser rezado por inteiro, pode ser por mistérios e na ponta dos dedos. Reze o terço que Deus fez para você: suas mãos. Sobretudo, rezando pelos outros você santificará sua vida. 
Agora vem o sentido de participar da vida da Igreja e das celebrações: trazemos nossa vida para enriquecer os irmãos e aprendemos deles. Trazemos a Deus nossa vida e somos fortificados nEle. A missão de evangelizar é dizer às pessoas que o bem que fazem já é ação de Deus. Depois vamos anunciar as outras verdades da fé.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM AGOSTO DE 2002

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