terça-feira, 13 de dezembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Esperamos confiantes”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
O Senhor está para voltar.
               A comunidade primitiva estava na expectativa da volta de Cristo para breve. Por isso a insistência sobre a vigilância. No domingo passado aprendemos como colocar nosso tesouro no Céu. Em nossa linguagem, podemos dizer, investir nossos bens em Deus. Nele não existe inflação nem roubo. O evangelho usa uma linguagem simbólica para expressar esta verdade que é a opção em vista de um bem maior. Jesus se dirige ao pequeno grupo dos discípulos. Lucas tem comunidades que sofriam por serem pequenas e pobres. O importante é o tesouro que deve ser comprado à custa da venda de tudo (Lc 18,22), como escreve Mateus: Tesouro escondido no campo, pelo qual vale investir tudo para ter o campo e pegar o tesouro (Mt 13,44). A vida do cristão deve se voltar para onde está seu tesouro. “Onde estiver vosso tesouro, aí estará vosso coração” (Lc 12,34). O texto continua e apresenta três parábolas: o senhor que volta da festa, o ladrão que chega de repente e o senhor que foi a um país distante. Há um acento sobre a noite. Falar em noite lembra a tradição das 4 noites da história: noite da criação, noite de Abraão, noite de Páscoa e noite da chegada do final do mundo. Ele vem como o ladrão, de repente. Vencemos a insegurança da escuridão pela vigilância. A chegada inesperada exige uma vida condizente com Aquele que vem. Como no Egito, a unidade dos que tem fé, nos mesmos bens e nos mesmos perigos (Sb 18,6-9) é a garantia de segurança da comunidade. É preciso unidade na expectativa. Unidade torna presença d’Aquele que se espera. Felizes os que forem encontrados vigilantes. Participarão da comunhão do Senhor. A caridade é a maior vigilância, como o texto proclama: “Vendei vossos bens e dai esmola” (Lc 12,33).
Espiritualidade da administração
               Pedro pergunta a Jesus se a parábola era para eles também. Jesus dá o sentido da administração de uma comunidade: Manter a comunidade reunida e unida na mesma certeza e, mesmo sendo pequeno rebanho, permanecer firme. Vivemos numa sociedade na qual a administração é um problema tanto para a Igreja como para a sociedade. Sentimos que administradores da Igreja não admitem erros nos outros, mas não são sensíveis aos possíveis erros que cometem. Precisam de conversão. A administração exige grande testemunho de vigilância: “A quem muito foi confiado mais será exigido”(Lc 12,48). A má administração dos bens de Deus acarreta males à comunidade. Por isso é preciso conversão.
Não tenhais medo, pequeno rebanho.
               Ao referirmos ao “pequeno rebanho”, lembramos os pais na fé que foram um pequeno grupo. Sua fé os sustentou. A Carta aos Hebreus coloca a fé como fundamento: “Ela é um modo de possuir o que se espera e a convicção sobre realidades que não se vêem” (Hb 11,1). Foi nela que se firmaram os patriarcas para viverem a longa espera da vinda do Prometido. Eles foram vigilantes no bem supremo que era Deus e na fidelidade à promessa. O pequeno rebanho é o tesouro de Deus.: “O Senhor pousa o olhar sobre os que o temem  e confiam esperando em seu amor”... “No Senhor nós esperamos confiantes”. A vigilância da comunidade se dá na unidade e na fé que a sustenta. Este será sempre o testemunho que passaremos aos que confiam no Senhor e são confiados a nossa administração. O Senhor não veio ainda, mas a vigilância permanece um imperativo. 

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