Evangelho segundo São Lucas 5,1-11.
Naquele tempo, estava a multidão aglomerada em volta de Jesus, para ouvir a palavra de Deus.
Ele encontrava-Se na margem do lago de Genesaré e viu dois barcos estacionados no lago. Os pescadores tinham deixado os barcos e estavam a lavar as redes.
Jesus subiu para um barco, que era de Simão, e pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra. Depois sentou-Se e do barco pôs-Se a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, disse a Simão: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca».
Respondeu-Lhe Simão: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes».
Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se.
Fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco para os virem ajudar; eles vieram e encheram ambos os barcos de tal modo que quase se afundavam.
Ao ver o sucedido, Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador».
Na verdade, o temor tinha-se apoderado dele e de todos os seus companheiros, por causa da pesca realizada.
Isto mesmo sucedeu a Tiago e a João, filhos de Zebedeu, que eram companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante, serás pescador de homens».
Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus.
Tradução litúrgica da Bíblia
(1347-1380)
Terceira dominicana, doutora da Igreja,
copadroeira da Europa
A providência da misericórdia,cap.XII,n.º146
Lançar a rede à luz da fé
Santa Catarina ouviu Deus dizer-lhe: Filha caríssima, diz o santo Evangelho que, quando a minha Verdade ordenou ao glorioso apóstolo Pedro que lançasse as redes ao mar, Pedro respondeu que se tinha cansado toda a noite sem nada apanhar (cf Lc 5,5), mas acrescentou: «Já que o dizes, lançarei as redes». Lançou-as; e apanhou tão grande quantidade de peixes que não conseguiu puxá-las sozinho e teve de chamar os discípulos para o ajudarem. Medita nesta ação de Pedro! Na realidade que acaba de ser descrita, descobrirás uma figura e compreenderás, por tudo o que te disse, que essa figura se aplica a ti.
Eu disse-te que Pedro, por ordem do Verbo, lançou a rede: foi, portanto, obediente, acreditando com fé viva que apanharia peixe, e de facto apanhou muitos - mas não durante a noite. Sabes que noite é esta? É a noite escura do pecado mortal, em que a alma está privada da luz da graça. Nessa noite, nada pode apanhar, porque não lança a rede do seu desejo no oceano da vida, mas no mar morto, onde só encontra a culpa, que não é coisa alguma. Cansa-se em vão, todos os seus esforços são inúteis. Quem impõe a si próprio todas estas penas torna-se mártir do demónio, e não de Cristo crucificado.
Mas, quando o dia amanhece, quando a alma sai da noite do pecado para recuperar a luz da graça, redescobre ao mesmo tempo no seu espírito o mandamento da lei que Eu lhe dei: lançar a rede à palavra do meu Filho, amando-Me sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesma. Dócil, a partir de então, à luz da fé, com firme confiança, lança a rede à sua palavra, seguindo os ensinamentos e os exemplos deste Verbo suave de amor e dos seus discípulos.
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