PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 54 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Já fui chamado ao hospital para batizar recém nascido em risco de vida. Ali vejo aquele corpinho tão minúsculo e sofredor. Vai para o fim. Abre-se a estufa e, com um algodãozinho com água a gente diz a fórmula “eu te batizo em nome do Pai, do Filho do Espírito Santo”. Mais nada! Ali aconteceu uma maravilha. Deus, que desde sempre amou esse pequenino, agora o acolhe como filho e lhe dá a participar integralmente de Sua Vida, livra-o da mancha original e o introduz em seu corpo que é a Igreja. Depois a gente avisa à família que, quando a criança se recuperar, levem à Igreja para completar os ritos e fazer os papéis. Mas já está eternamente batizado. Mesmo se for batizado em um mar de águas, acontece a mesma coisa. Mesmo se for batizado em outra Igreja, mas que tenha a fé em Jesus, já está batizado. Alguns dizem: ‘A gente queria tanto batizar, mas não deu tempo, morreu antes” ou foi abortado (ainda existe isso?). Não se preocupe, seu desejo se transformou em rios de água viva e o lavaram como Espírito Santo. E os que não puderam chegar a nenhum desses meios? Pode ser que não tenham conhecido Jesus. Mas, o Pai misericordioso os conheceu e os amou. Nós só nos perdemos quando queremos. Ninguém perde a Deus por acaso.
Mergulho em Deus
O rito batismal consiste em um banho de água (muito simbólico às vezes). Nos batismos primitivos a pessoa era mergulhada na água. Pode-se fazer assim, se houver possibilidade. Batizar é uma palavra em grego que significa mergulhar na água. Somos mergulhados no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Entramos na vida divina. A espiritualidade que nasce do batismo, que é a fundamental, leva-nos a viver conscientes de estarmos mergulhados em Deus, vivendo Sua Vida, adotados como filhos para sempre, sem volta. A consciência da graça divina em nós, a participação na vida divina como nos explica S. Pedro, é a força que nos move para sempre viver em estado de graça, sem pecado, sem nos separar de Deus. Deste dom dependem todos os outros dons sacramentos. Eles são aprofundamento na vida da graça na linha do serviço de culto e serviço dos irmãos. Batismo é a porta e a estrada. Batismo é um só e também não se tira. Repetir é gastar água inutilmente. Um dia um evangélico escreveu a nossa paróquia de S. Pedro (Garça) mandando tirar o nome dele do livro de batismos. Educadamente respondi que se ele não se considerava filho de Deus na Igreja, ela continuaria tendo-o como filho sempre.
Participantes de uma comunidade
Além da água, há um símbolo no Batismo que vale a pena ser bem observado. O ritual prevê que, depois de perguntar o nome, o celebrante diga: “N... nós te recebemos com grande alegria na comunidade cristã. Por isso nós te marcamos com o sinal de Cristo” e traça a cruz na testa do batizando. A pessoa entra em uma comunidade para fazer corpo com ela. Fazer parte é fundamental para o batismo. Ninguém é batizado só para si mesmo. É mergulhado também em uma comunidade da qual fará parte como membro de um corpo. Tanto o corpo é necessário para ele, como ele é necessário para o corpo. A espiritualidade batismal nos conduz também a buscar sempre a união ao corpo. Eu sou responsável por ele e os outros são responsáveis por mim.
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