O Tempo Pascal
oferece-nos a leitura dos Atos dos Apóstolos e do Apocalipse. Depois de
celebrada a Páscoa de Jesus, vivemos o caminho da Igreja. Ela continua, com
fragilidades e forças, a missão do Ressuscitado, sustentada pelo Espírito. No
Espírito fazemos o caminho, resolvemos as questões e orientamos com certeza.
Por Ele podemos contemplar o futuro que nos espera, na Jerusalém da Glória.
Vivemos o tempo do Espírito no tempo dos homens. Lendo os Apóstolos, nos
encantamos com sua simplicidade ao dizerem: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a
nós...” (At 15,28).
A questão era de grandes conseqüências: Os pagãos convertidos devem ou não
seguir as tradições judaicas? Não, respondem. Nas decisões para a vida do
mundo, somos colaboradores do Espírito. O Espírito está presente na Igreja e
nos corações. “Não vos deixarei órfãos... o Espírito Santo que o Pai enviará em
meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,18.26). Como
somos colaboradores de Jesus em sua missão de anunciar o evangelho, somos
colaboradores do Espírito no caminho da Igreja. Por isso podemos propor o caminho
e também recolher, da ciência dos povos, as sabedorias de Deus. Discernimos pelo
Espírito. “O Espírito vos ensinará e recordará”(26). Recordar não é só reavivar a memória,
mas, no sentido bíblico, é tornar presente o acontecimento. O acontecimento não
se refaz, mas somos nós que entramos no Mistério celebrado. Jesus disse:
“Minhas palavras são Espírito e Vida” (Jo 6,63). As palavras anunciadas agora tem a mesma força das
palavras anunciadas por Jesus porque são recordadas no Espírito.
Morada de Deus
Jesus não só
fez morada entre nós, mas pela fé e o amor, Deus faz morada em nós: “Se alguém
me ama, guardará minha Palavra, e meu Pai o amará e a ele viremos e nele
faremos morada” (Jo
14,23). Amar é praticar a Palavra. A transformação da sociedade não se
faz por projetos maravilhosos, mas pela mudança do coração. Se formos células
sadias, todo o corpo será sadio. A Jerusalém celeste, vista por João, não tem
templo, pois o Senhor é o seu templo. É iluminada pela lâmpada do Cordeiro.
Esta cidade futura está no coração de cada um. Nele está o Senhor que dá o
Espírito. Por isso ouvimos as palavras de Jesus: “Não se perturbe nem se
intimide o vosso coração” (Jo
14,27). Não temer, pois Ele permanece em nós.
Correspondamos aos mistérios celebrados
Guardar
a Palavra é corresponder aos mistérios e se tornar casa de Deus, onde os outros
possam encontrá-lo. Por isso pedimos: “Fazei frutificar em nós o sacramento
pascal, e infundi em nossos corações a força desse alimento salutar” (Pós-Comunhão). Estar
aberto ao Espírito é respeitar as diferenças entre os irmãos. A Igreja não pode
impor modelos, mas despertar corações para seguir Jesus. O fruto que colhemos
da Páscoa é abrir espaço para que a ação do Espírito em nós possa levar-nos a
evangelizar de um modo sempre renovado. Como disposição para a celebração de
Pentecostes, abramos o coração a sua presença para que sejamos uma viva memória
de tudo o que Jesus foi e ensinou. Cada celebração Eucarística é um momento do
Espírito para a glória do Pai. A Igreja necessitam abrir-se ao Espírito para que Ele dê mais ousadia na
pregação do Evangelho.
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