sábado, 5 de novembro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “O Espírito vos recordará tudo!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Colaboradores do Espírito Santo
O Tempo Pascal oferece-nos a leitura dos Atos dos Apóstolos e do Apocalipse. Depois de celebrada a Páscoa de Jesus, vivemos o caminho da Igreja. Ela continua, com fragilidades e forças, a missão do Ressuscitado, sustentada pelo Espírito. No Espírito fazemos o caminho, resolvemos as questões e orientamos com certeza. Por Ele podemos contemplar o futuro que nos espera, na Jerusalém da Glória. Vivemos o tempo do Espírito no tempo dos homens. Lendo os Apóstolos, nos encantamos com sua simplicidade ao dizerem: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós...” (At 15,28). A questão era de grandes conseqüências: Os pagãos convertidos devem ou não seguir as tradições judaicas? Não, respondem. Nas decisões para a vida do mundo, somos colaboradores do Espírito. O Espírito está presente na Igreja e nos corações. “Não vos deixarei órfãos... o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,18.26). Como somos colaboradores de Jesus em sua missão de anunciar o evangelho, somos colaboradores do Espírito no caminho da Igreja. Por isso podemos propor o caminho e também recolher, da ciência dos povos, as sabedorias de Deus. Discernimos pelo Espírito. “O Espírito vos ensinará e recordará”(26). Recordar não é só reavivar a memória, mas, no sentido bíblico, é tornar presente o acontecimento. O acontecimento não se refaz, mas somos nós que entramos no Mistério celebrado. Jesus disse: “Minhas palavras são Espírito e Vida” (Jo 6,63). As palavras anunciadas agora tem a mesma força das palavras anunciadas por Jesus porque são recordadas no Espírito.
Morada de Deus
Jesus não só fez morada entre nós, mas pela fé e o amor, Deus faz morada em nós: “Se alguém me ama, guardará minha Palavra, e meu Pai o amará e a ele viremos e nele faremos morada” (Jo 14,23). Amar é praticar a Palavra. A transformação da sociedade não se faz por projetos maravilhosos, mas pela mudança do coração. Se formos células sadias, todo o corpo será sadio. A Jerusalém celeste, vista por João, não tem templo, pois o Senhor é o seu templo. É iluminada pela lâmpada do Cordeiro. Esta cidade futura está no coração de cada um. Nele está o Senhor que dá o Espírito. Por isso ouvimos as palavras de Jesus: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração” (Jo 14,27). Não temer, pois Ele permanece em nós.
Correspondamos aos mistérios celebrados
            Guardar a Palavra é corresponder aos mistérios e se tornar casa de Deus, onde os outros possam encontrá-lo. Por isso pedimos: “Fazei frutificar em nós o sacramento pascal, e infundi em nossos corações a força desse alimento salutar” (Pós-Comunhão). Estar aberto ao Espírito é respeitar as diferenças entre os irmãos. A Igreja não pode impor modelos, mas despertar corações para seguir Jesus. O fruto que colhemos da Páscoa é abrir espaço para que a ação do Espírito em nós possa levar-nos a evangelizar de um modo sempre renovado. Como disposição para a celebração de Pentecostes, abramos o coração a sua presença para que sejamos uma viva memória de tudo o que Jesus foi e ensinou. Cada celebração Eucarística é um momento do Espírito para a glória do Pai. A Igreja necessitam abrir-se ao  Espírito para que Ele dê mais ousadia na pregação do Evangelho. 

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