domingo, 6 de novembro de 2016

Homilia Solenidade de Todos os Santos (06.11.16)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
“Unidos aos Anjos e Santos” 
Evangelho que transforma
            Desde o início da Igreja encontramos a veneração dos santos. A Deus se adora, aos santos se venera. Católico não adora santo. Certamente que há pessoas que negam, outros exageram. Mas há um caminho claro para dizer quem é santo: É santo aquele que viveu no amor e na justiça mesmo não sendo cristão. Santo canonizado é aquele que foi reconhecido oficialmente e que, por sua intercessão (oração) Deus realizou um milagre. O santo viveu de modo heróico o evangelho. Temos os mártires, as virgens e os confessores. Estes são os que não morreram por Cristo, mas viveram por ele. O Céu tem os 144 mil assinalados e uma multidão que ninguém pode contar vinda de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro (Ap 7,9). São justamente esses que celebramos. São nossos parentes, amigos, conhecidos e desconhecidos, desde todos os tempos, mesmo que o universo tenha bilhões de anos. A salvação é para todos, desde o primeiro homem. Mesmo Jesus tendo vindo somente agora, há dois mil anos. Isso nós professamos em nossa fé: “E desceu à mansão dos mortos”. O caminho da santidade é o evangelho de Jesus, de modo particular em “seu mandamento”, o amor ao próximo. Este mandamento se explicita nas bem-aventuranças que nos põem em relacionamento com Deus e com o próximo. Há muita gente que se esfola por coisas tão inúteis. Pelo amor ao próximo não se vê ninguém se esfolar. Os santos foram os que fizeram assim. São pobres de espírito, isto é, humildes, mansos aflitos pelo bem, famintos e sedentos de justiça, puros de coração, misericordiosos, promotores da paz e perseguidos pela justiça por crerem em Jesus.
 Intercessores
            Por que podemos pedir a intercessão dos santos? Paulo nos ensina que Cristo é o único mediador. A salvação só acontece através do HOMEM CRISTO JESUS (1Tm 2,5). Jesus, em sua qualidade humana é o único mediador e o único intercessor. Mas a Palavra ensina através do mesmo Paulo aos Coríntios 12,27: “Vós sois o corpo de Cristo e sois os seus membros, cada um por sua parte”. O que Cristo é, nós o somos com Ele, pois até nossos pecados Ele assumiu. Pedro explica: “Sobre a cruz, levou os nossos pecados em seu próprio corpo... (1Pd 2,24). Tudo o que Cristo faz em sua relação com o Pai, nós o fazemos com Ele, pois somos parte de seu corpo e participamos de sua ações. Por isso quando é mediador e intercessor, nós o somos com Ele. Assim são os que estão na Glória, os do Purgatório e os que caminham nessa terra. Se podemos pedir aos vivos que rezem por nós... mais ainda aos que estão no Pai. Jesus disse que fareis milagres maiores que eu fiz (Jo 14,12). E também: “O que pedirdes ao Pai em meu nome, (isto é, unidos a Mim), Eu o farei”.Somos o Corpo de Cristo. É bom ler a Escritura no seu todo, não em frases soltas.
Modelos de santidade
            O Concílio Vaticano II ensina no capítulo quinto que todos são chamados à santidade. Jesus é o modelo da santidade que se realiza em nós pelo Espírito Santo e pela nossa correspondência à graça dos sacramentos. Os santos são modelos, não tanto no modo como viveram, mas como responderam à graça de Deus. Cada um fez um caminho. Cada um faça o seu caminho de santidade. Agora a santidade exige a participação na vida da comunidade, no testemunho de vida, na evangelização e na solidariedade para com os necessitados. A caridade é fundamental porque o primeiro mandamento é amor a Deus e o segundo, amor ao próximo. Os dois são um só mandamento. Só com a fé não se salva.
Leituras: Apocalipse 7,2-4.9-14; Salmo 23; 1Jo 3,1-3;Mateus 5,1-12 
1.     Celebramos todos os habitantes do Céu. Os canonizados são os reconhecidos. O caminho da santidade é viver o Evangelho com o modelo das bem-aventuranças. 
2.      Cristo é o único intercessor e o mediador. Por estarmos unidos a Ele pela natureza humana que possui, somos intercessores e mediadores com Ele. Participamos de seu Corpo Místico. Os santos também participam no dom e na missão de Jesus. 
3.      Todos são chamados à santidade. Jesus é o modelo. Os santos são modelo, não do modo como vivem, mas como corresponderam à graça de Deus. Agora se exige a participação da vida da comunidade e o testemunho da caridade. 
            Um santo sem milagre  
A comemoração desta festa começou quando, em 13 de maio de 610, o Papa Bonifácio IV dedicou o Panteão (o templo romano em honra a todos os deuses) a Maria e a todos os mártires. A partir de então temos essa celebração na Igreja. A oração da missa orienta o sentido da celebração: “Deus... que nos dais celebrar numa só festa os méritos de todos os santos”.
Todos os que crêem em Jesus são chamados de santos, como dizia S. Paulo: “Aos santos e fiéis em Cristo... (Ef 1,1). Mais ainda são chamados de santos os que vivem na Glória de Deus. Costumamos chamar de santos os que foram beatificados e canonizados, isto é, foram reconhecidos pela sua vida cristã vivida com intensidade e pelo testemunho de seus milagres. Não são nem maiores nem menores nem mais fortes ou mais fracos que todos que estão no Céu, pois são grandes e fortes em Deus.
A celebração de hoje quer louvar a Deus por todos os que estão no Céu. O Inferno existe, mas não podemos dizer quem está lá. Então, julgamos que todos estão no Céu. Alguns pensam que só eles, os de sua religião ou de seu movimento, é que vão para o Céu. O critério quem tem é o Pai misericordioso e generoso que perdoa nossos pecados. Lá estão todos os seres humanos que existiram nesse mundo ou em outros. João narra no Apocalipse 7,2-14 que viu uma multidão que ninguém podia contar vindas de todas as nações, tribos, povos e línguas. Lá estão nossos amigos e parentes. É uma festa de família.
Jesus mostra o caminho fácil para chegar ao Céu: as bem-aventuranças. Poucas coisas são necessárias para conquistar todo Céu. Ser feliz é muito fácil. Além do caminho, temos uma certeza de Jesus: Somos filhos de Deus, pois seremos semelhantes Ele quando vier.
A finalidade dessa festa nós a colhemos da oração da missa: “Concedei-nos, por intercessores tão numerosos, a plenitude da vossa misericórdia” (Coleta). Podemos pedir a oração aos outros: “Reze por mim”. Podemos pedir também aos santos, pois estamos todos no Corpo de Cristo. Pedimos que rezem por nós. Eles nos aproximam de Deus. Assim rezamos a Nossa Senhora.

 E concluímos a celebração com a oração: “Desta mesa de peregrinos, passemos ao banquete de vosso Reino (Pós-Comunhão). É nosso futuro. Quem não vive na terra com a cabeça no Céu, pode ter dificuldades de entender essa preciosidade e andar na terra. 

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